domingo, 7 de dezembro de 2025

O canhão da guerra do consumo


Hoje eu também queria fazer

Um poema dos que não faço

Um textinho bem pequenino

Curto, mas demasiado ácido.

É mentira que está tudo certo

Tranquilo sem armas capitais

Sem nenhuma faixa ou muros

Para surgir e matar o capataz.

Na aridez de quando minha alma seca

Na insensatez de viver entre os lados

Do que está parado e que colou errado

São nulos os atos por eles praticados.

Angola, tua luta tão legítima faz 50 anos

São 50 anos também de Moçambique

Na mesma faixa que segue Guiné-Bissau

Tupiniquim não ouviu o Zumbi falar

Os índios nunca atravessaram o mar

Morreram aqui mesmo no Atlântico

Ou pelos Andes, nos povos do Pacífico.

Ouviu falar na casa de ouro, Peru?

Então não sabes o que é saquear um povo...

Uma civilização... Toda uma cultura...

E ainda há quem me diga que é frescura.

Fodam-se. Desde que essa porra é gente

O homem vive para roubar e escravizar

Nem que as populações tivessem condições

Ele jura que não é mais um escravo a pensar

Ele monta um mais novo e dourado canhão

Diz em rede nacional para cuidar do coração.

 

                                                                         (Cristiano Jerônimo – 07.12.2025)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

NÃO PARE NA PISTA


Plagiando o pai e filho,


Digo “O hoje é apenas

Um furo no futuro;

Por onde o passado

Começa a jorrar...’

 

E eu aqui isolado

Onde nada é perdoado

Vejo o fim chamando o princípio

Para poderem se encontrar...

 

Muitas mulheres eu amei

E com algumas me casei

‘Mas agora sou eu mesmo

Que eu vou ter que encontrar...’

 

‘O hoje é apenas um furo no futuro
Por onde o passado começa a jorrar
E eu aqui isolado onde nada é perdoado
Vi o fim chamando o princípio 

pra poderem se encontrar...’

 

‘E assim torto e de verdade,

com amor e com maldade,

um abraço e até outra vez...’

 

NÃO PARE NA PISTA




quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Irmão nas armas


Diante do sucesso

Você se boicota;

Mais dois versos

E tudo já bastaria.

 

Entre o onírico

A ligeireza do som

Foram dias fatídicos

Inimigos nobres irmãos.

 

Será meio mais sincero

Poder abrir o coração

Sem ter o tom da terapia.

 

Esse senso de justiça

Que me afoba e muda

Nada que dispense

A segurança de uma jura.

 

“Brother’s in arms”...

 

(Cristiano Jerônimo – 03.12.2025)

Eu jogo logo é bomba!



O que é que pode ser feito

daqui por diante, agora?

Se o passado evaporou

e o futuro não demora.

 

São nossos passos dos dias

Nos quais a juventude se esvai

Os anos e as décadas dizem,

Pode tudo novamente, então vai.

 

Nunca perdi ou venci guerras

Guerra não é coisa que se ganhe

Genocídio, coisa que não se faz

E os burgueses lisos na parede.

 

Ah, Sociedade Ovo de Província

Saco de quem está pra obedecer

Não é assim comigo, jogo bomba!

E então espero a paz reflorescer...

 


(Cristiano Jerônimo – Valeriano – 04.01.2025 – Recife-PE)

terça-feira, 25 de novembro de 2025

As almas frias



A contradição desta transformação

De olhar as coisas da raiz do coração

Os casario ruim que explodia até o fim

Na vista da lama, alagamento é salgado

Nos dois olhos que falam tudo pra mim

A devoção dos amores quando vale amar

Reprodução, mídias cristalinas e cristãos

No meio do último quadrante da era atual

Na vez de resgatar essa nossa porção índio

E os lados femininos da aldeia amazônica

Equilibrem o senso de justiça de mãe e pai

Não pode olhar com os olhos de ninguém

E sentir, da mesma forma é algo individual

Com dialética, tese, contra, entendimento

E o nome da pesquisa vai mudar de novo

E esses meninos do terceiro ano do Médio

Uma geração inteira morta pela Pandemia

Seguindo vidas, praças e calçadas de igreja

O status quo tem uma reserva de almas frias.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 24112025)

sábado, 15 de novembro de 2025

Guerrilheiro camponês

 


As pisadas firmes

das alpercatas do meu pai,

nas terras herdadas dos seus ancestrais

no meu sertão que sofre muito e vive em paz.

 

Nas estradas infinitas eternizadas pelas memórias.

Pelas histórias de cada olhar pitoresco e a menina bonita

Que beijava a minha boca com seu suave gosto de favo de mel.

 

Nas veredas, pisadas de cavalos, de carros-de-boi socando a terra

Nas estradas onde a mata se recompôs, ele não viu o tempo passar a era

Também não contemplou a geografia infinita do universo eternamente quântico.

 

Viciado em dinheiro que até dá pânico, está sem os olhos abertos

Não sabe ao certo o que é errado ou o que é mais correto.

Amplidões com o medo absurdo do que já passou.

 

Eu colhi algodão; o besouro barbeiro acabou.

Eu fiz plantio de cana e a seca secou

Eu quis entrar num grande pranto

Mas meu olho não entrou

No turvo poço de lágrimas

Como as águas salobras

Que aos meus olhos

Reservaram-se

Para nós.

 

Combato com o trovão

Foice e martelo na mão

Porque sou camponês

Guerreiro de coração.

 

(Cristiano Jerônimo – 22012020)

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Juro que houve café


Nas batidas deste espaço,

Na hora da área de serviço.

Hora do computador. Preguiça.

E muita garra pra tocar a vida...

Nos relógios. Nas empresas.

Todos na hora do serviço...

E você me perguntando.

- O que é que eu tenho a ver

        com isso?

Nos romances. Nos amores.

Na possibilidade de sermos.

Maior do que nós mesmos,

Com todas as nossas dores...

Uma água, incensos e cigarros.

Nem sei se tudo isso é tão caro;

Lugares e tempos insuficientes

Para decisões tão diferentes...

Nem quis as cervejas no balde;

Pedi outra água, outro incenso.

Tentei a vida como ela é,

Mas a única certeza,

Eu juro, é que houve café...

  

(Cristiano Jerônimo – 10.11.2025)

 

sábado, 8 de novembro de 2025

Garota triste



Mas ainda deu pra ver a lua laranja subindo ao céu

Deu para ficar agitada na ilusão daquele mero papel

A euforia escondia o tédio da menina fria e as ilusões

Ressacas calculadas de uma moça mimada dormidas.

Tudo o que Cíntia não queria era mexer no coração

Sua pulsão de morte flertava com a sorte que se tinha

Agora sabia que, depois de livro, viraria roteiro e filme

De cinema eloquente, pela autenticidade com a qual ria.

E já não sabia da importância e da cor que nela havia

Ela gozava de alegria ilusória quando o ziplock se abria

Nos copos dos bares onde a noite gritava e se esvaía

Para depois sentar nos sofás das salas de psiquiatria

Onde aprendia que, antes das fugas, algo lhe prendia

O problema não era a droga, mas aquilo o que sentia

Dos seus 25 anos, já havia vivido mais que cinquenta

Os dias se arrastavam e só passavam lá ao fim do dia

Com a dose de qualquer coisa com sua louca rebeldia;

Ela agora anda de mãos dadas e feliz consigo mesma

Transformando toda sua angústia em refinada poesia

Dando passos na medida em que seu mundo aguenta

Vivendo de uma vez, dia a cada dia, ela se reinventa

Ontem mesmo, à noite, eu a vi e até sorrir, ela sorria.

 

 (Cristiano Jerônimo – 07.11.2025)

domingo, 2 de novembro de 2025

Beijá-la em paz

Intérpretre da Imperatriz Maria Lelpoldina, esposa de D. Pedro I, pricipe regente

Eu sempre insisto em beijá-la gelada

No passo calçado e de cor laranjada

Como um banco estivesse corroendo

Poucas pessoas podem ser limonada.

 

Ser refrigerante. Gelar no peito e tal

Preciso mesmo é comemorar o mais

Amenizar o menos, o controle social

Um estado de alerta e uma tal de paz.

 

Canhões varando o dia sem progresso

Madrugadas revividas em complexos

Vítimas da falta ou do excesso do mal

Mortes comemoradas como o sucesso.

 

Eu sempre insistia em sentar na água

Molhar o meu cabelo e depois dormir

A rede batizada com o cheiro do vento

Do mar oceânico a jangada já ia partir.

 

A crença de Thomas More em Utopia

“Dos magistrados, da arte e de ofícios”

Quase nunca sonhamos com os ideais

Cada vez menos nos mobilizamos a “fins”.

 

Não sou chegado aos expertos; só longe

Em pegar o teu sexo que lambe e lambe

Hora em que qualquer sino possa tocar

Se um dia acontecer de beijá-la em paz.

 

 (Cristiano Jerônimo – 02.11.2025 – Recife, PE)

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Locomotivas


REVISADA - 01.11.2025

Não é coisa de cabeça

e parece que será

Mesmo assim,

eu te espero

e os metais

vão embalar

os corações.

 

Tua calça baixa

“black to black”

o teu lápis preto

de escrever

tuas histórias

tão bravas

tão tenras

de cinemas.

 

Eu lembro de ti black

eu lembro a rebeldia

eu lembro mesmo dela

eu lembro dela black

eu lembro dela blues

pela cidade e companhia.

 

Cápsulas de tempos

anfetamínicos

na flor da idade

papoulas da índia

da terra do fogo

no meio da cidade

entre trens urbanos.

 

Animam-nos

as locomotivas

as rotas dos trilhos

no meio da mata

e um cata-vento

que ajuda a regar

a prover nossa vida

Para não decolagem

Pra dentro de nós

Com as outras coisas

que permitimos

que entrem,

até mesmo

sem querer

se merecermos

pagar pra ver

se acabar.

 

(cristiano jerônimo – 27102025)

Dez mil dias

Poema a quatro mãos, com Eva Pirro

Vou me lembrando agora
Dos dias que eu já vivi
Mais de dez mil anos indo embora
Por isso, é natural que eu viva assim.


Sonhei demais e nem percebi
Que esse tempo passa
E a gente nem nota
Mas não, eu não quero
Viver me iludindo.


Enfrento meu medo
Pra vida ir seguindo

E tudo que tenho a fazer
É não deixar de viver.


Quando abrir o caminho, eu vou

Se não abrir, eu abro

Entro onde não caibo

E sou o que sou.

 

Mutatis mutantis

(aqui entra a parte de Eva).

EM CONSTRUÇÃO...

O canhão da guerra do consumo

Hoje eu também queria fazer Um poema dos que não faço Um textinho bem pequenino Curto, mas demasiado ácido. É mentira que está tudo ...