sábado, 7 de agosto de 2021

O cachorrinho entre o gato e o rato



Foram detidos

Esqueceram o preço

De vender gato

Como mignon

Os eleitores

Compraram

Embriagaram-se

E, agora,

Quem é a bola da vez?

É o rato que come

O que não lhe pertence

Depois some, inocente,

Seu ofício é ‘catitar’

Mas os gatos de hoje

Não estão é com nada

Parecem temer estes vermes

Que infringem as nossas leis;

O cachorro é que espanta os três

Pelo gato, ele não morre de amores;

Com o rato, ele mostra quem tem vez;

Espanta a todos somente com um latido

Morde a perna de dona Maria das Dores

E sai para caçar outros gatos e roedores

Pisando em baratas e lembrando dos donos

Voltando pra casa para tomar banho e sono

Como é tão belo o cachorrinho que ela cria.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 07082021 – Taubaté/PE)

Nos dez pés do martelo alagoano


Toda vez eu vejo o pensamento

Não calculo tempo nem espaço

Me focalizo em tudo o que faço

Descubro a paz no firmamento

Sou no mundo só um filamento

Quero ser o que eu sempre quis

Mas tem o limite que sempre diz

Que eu só me transporto pela fé

Que nem a ninfa pura de Narazé

Para explicar o que sempre quis.

 

Navegando num mar enfurecido

Faço todos entonarem a canção

O brilho sai depois da escuridão

Tal a luz de um dia amanhecido

Daqueles sem ar de adormecido

Como aqueles de balas de festim         

Sem grilos pra você ou para mim

O corpo vive da mente do poder

E cria aquilo tudo que vamos ser

Crescendo como um belo jardim.

 

Eu galopo num martelo alagoano

E cavalgo por entre as estrelas

As constelações eu posso vê-las

Sobrevoo o Catimbau, sua beleza

Vejo em São Paulo luzes acesas                  

Percebo como é grande a diferença

Independe do credo ou outra crença

O governo toda vez aplica a pomba

Não dão nem um fôlego à sombra

Nasceram mesmo para excrecências.

 

 

(Cristiano Jerônimo Valeriano – 07.08.2021 – Vale do Paraíba/SP)


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Dr. Ostento

 

Não ostento o bem daquilo que faço

Nem faço tudo o que eu possa evitar

Ou quase nada...

 

Rios nos quais eu possa nadar no ar

A doçura provocante do teu melaço

Ou quase lá...

 

Devo de me aproveitar da vida, então

Entender nossos amigos e irmãos

Quase um perdão...

 

Deixar as portas abertas e firmes

Ultrapassar todos os vastos declives

E depois ainda andar na contramão.

Oh! Não...!

 

Pensei em blues, em emoção e choro

Quando te embebes do próprio soro

Eu me sinto o rio, eu me sinto o mar

Dos relacionamentos, sou o namoro.


Realmente, sou bicho solto há muito

Sempre foi disso que sobrevivi labores

E vivo a força da obra prima

E a solidão dos antigos amores.

 

Mas a vida é hard core, não é punk

Como as dantescas rodas de samba

A maestria dos boêmios de bamba

Cujas netas agora dançam funk.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 05082021)

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Seguindo na estrada


Explosivo de festim

Essa rosa no jardim

É preciso ter paciência

Antes dela eclodir.

 

Colibris na aldeia

No mar uma sereia

Numa sereia no mar

Calor que incendeia.

 

Ogivas de amor

Ao redor do mundo

Anulam o mal

Do ser moribundo.

 

Pensei em ser campo

Que foi morar na cidade

Foi contra a própria vontade

Foi tudo mais forte que eu.

 

Fugindo pequeno do tiroteio

Atônito com o mundo feio

Só ouvia os adultos falarem

Eu estava ali bem no meio.

 

Parecia entender de tudo

É claro que não sabia nada

Preparou os seus estudos

Foi seguindo pela estrada.

 

(Cristiano Jerônimo – 03082021)

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Um curandeiro

 


D

entro, a imagem de arvoredos e varas vivas verticais. Do outro lado, as varas mortas ao redor do meu curral. Entre marmeleiros, juremas e voos de arribação. Na tigela, a autêntica coalhada com massa de milho e fubá. Bem me lembro da umbuzada, das raspas do queijo de manteiga derretido no tacho e a farinha de goma da serra, da casa de farinha de lá. As cascas e as raízes e folhas das plantas de cura são postas num mesmo caldeirão e misturados à água e ao açúcar. Aroeira, marmeleiro, quixaba, alcaçuz, hortelã da folha miúda e da grande, malva, casca de romã seca, muçambê, casca de limão e folha de eucalipto. Essa combinação é feita em fervura, com o acréscimo de 1kg de açúcar + meio quilo até o líquido engrossar, para três litros de água. Sempre mexendo. Depois de ferver bastante, desligar a panela e deixa-la tapada por duas horas com os vegetais dentro, para apurar as substâncias medicinais. A consistência é idêntica a do mel. No Nordeste é conhecido como lambedor ou garrafada (não confundir com a versão alcoólica). Voltando ao lambedor do sumo de todas as ervas que cozinhamos, então pegamos uma peneira grande e vamos coando na panela para encher de mel de lambedor, garrafas pet ou de vidro, preferencialmente. Lembrando que se espreme o material cozido para retirar o sumo do xarope. Depois de esfriar, está ideal para o consumo. Duas colheres ao dia. Está ótimo! Boa saúde!

 

 (Cristiano Jerônimo)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...