Sonhei com as cidades tecidas de nobre algodão
Aviamentos dos cérebros deste novo tempo e era
Agulhas das minhas sérias vertigens do coração
O ser de errar que é humano em cada um de nós
Tudo aquilo que não cala e engole a nossa voz.
Vi tantas pessoas indo embora antes do tempo
E diziam: - cabra da peste, assim tu vai dançar;
Toca aquela música para lembrar-se da amada
E toca outra para mim, que vou cair na estrada
Vou ver o vento soprando num calor de rachar.
Companheiros de rapadura e farinha nas picadas
Sempre andando bem longe de todas as estradas
Pelas veias e oásis da caatinga desertificada
Carregando consigo “coragem, dinheiro e bala”
A voz que muito fala é a voz que sempre se cala.
Carregando consigo, enfim, o seu previsível fim
Tantas guerras para todos perderem ao final
Tanta valentia, valendo a cada dia só o seu mal
O velho hábito dos duelos agora se dissipa bem
Os conflitos se resolvem na causa e efeito, além.
As novas gerações trazem paz e luz em sorrisos
Prontas para agir como o mundo pede e merece
Desencantadas e tão azuis, brancas e douradas
Enxergam até as verdades que estão camufladas
Veem o mundo mais nitidamente, como ele é...
Recebemos agora uma luz mais intensa do sol
Nosso Astro Rei mais próximo de todos nós
Aquele enxergar que não enxergávamos antes
O tom mais comedido e suave que sai da voz
Tudo luz e cor, beleza maior que os brilhantes.
(Desde a roupa bonita, até a beleza do infinito...).
(Cristiano Jerônimo – 15012020)