Ainda mais está no posto
Bebendo gasolina com gosto
Etanol para se embriagar
Na sarjeta suja do esgoto
A criatura rasga-mortalha
Indefesa e sem muralha
Feita para subserviência
Apenas não tem sonhos
Nada a ela faz sentido
Até que seja o primeiro,
Segundo ou terceiro
Tudo isso pouco importa
Criatura sem uma porta
Num sistema sem janelas
Uma nau sem timoneiro
Um pastor para enganá-lo
E sem querer despertá-lo
Para a capacidade da vida
Instinto de sobrevivência
E encarnação compulsória
Para outro degrau daqui
Fala-se em outro patamar
Que está no ato de amar
De colocar o amor à frente
Numa deixar o amor atrás
Não deixá-lo para trás
Conseguir sementes
Para viver o semear
E receber a colheita
E chamar o maltrapilho
para, juntos, comemorarmos
Dei-lhe pão e tem trabalho
Foi vestir e calçar decente
Entender-se como gente
Não se subordinar assim
A todos, o que merecemos
Com muito amor e respeito
Um alívio constante no peito
Faz a alma ficar leve e flutuar.
(Cristiano Jerônimo – 17032023)