Hoje eu também queria fazer
Um poema
dos que não faço
Um
textinho bem pequenino
Curto, mas
demasiado ácido.
É mentira que
está tudo certo
Tranquilo
sem armas capitais
Sem
nenhuma faixa ou muros
Para surgir
e matar o capataz.
Na aridez
de quando minha alma seca
Na
insensatez de viver entre os lados
Do que
está parado e que colou errado
São nulos os
atos por eles praticados.
Angola,
tua luta tão legítima faz 50 anos
São 50
anos também de Moçambique
Na mesma
faixa que segue Guiné-Bissau
Tupiniquim
não ouviu o Zumbi falar
Os índios
nunca atravessaram o mar
Morreram
aqui mesmo no Atlântico
Ou pelos
Andes, nos povos do Pacífico.
Ouviu
falar na casa de ouro, Peru?
Então não
sabes o que é saquear um povo...
Uma
civilização... Toda uma cultura...
E ainda há
quem me diga que é frescura.
Fodam-se.
Desde que essa porra é gente
O homem
vive para roubar e escravizar
Nem que as
populações tivessem condições
Ele jura
que não é mais um escravo a pensar
Ele monta
um mais novo e dourado canhão
Diz em rede
nacional para cuidar do coração.
