terça-feira, 28 de outubro de 2025

Locomotivas



Não é coisa de cabeça

e parece que será.

Mesmo assim,

eu te espero

e os metais

vão embalar

os corações.

 

Tua calça baixa

“black to black”

o teu lápis preto

de escrever

tuas histórias

tão bravas

tão tenras

de cinemas.

 

Eu lembro de ti black

eu lembro a rebeldia

eu lembro mesmo dela

eu lembro dela black

eu lembro dela blues

pela cidade e companhia.

 

Cápsulas de tempos

anfetamínicos

na flor da idade

papoulas da índia

da terra do fogo

no meio da cidade

entre trens urbanos.

 

Anima-nos

as locomotivas

as rotas dos trilhos

no meio da mata

e um cata-vento

que ajuda a regar

a prover nossa vida

e que não nos deixa calar.

 

Dentro de nós

existem coisas

que permitimos

que entrem,

até mesmo

sem querer

que merecemos

pagar para ver

se acabar.

 

(cristiano jerônimo – 27102025)

Dez mil dias

Poema a quatro mãos, com Eva Pirro

Vou me lembrando agora
Dos dias que eu já vivi
Mais de dez mil anos indo embora
Por isso, é natural que eu viva assim.


Sonhei demais e nem percebi
Que esse tempo passa
E a gente nem nota
Mas não, eu não quero
Viver me iludindo.


Enfrento meu medo
Pra vida ir seguindo

E tudo que tenho a fazer
É não deixar de viver.


Quando abrir o caminho, eu vou

Se não abrir, eu abro

Entro onde não caibo

E sou o que sou.

 

Mutatis mutantis

(aqui entra a parte de Eva).

EM CONSTRUÇÃO...

Laços de fita



Foi quando terminastes só

Que iniciastes outro rumo

Tantos graves acordes de dó

Com muros feitos sem prumo.

 

A tua letra ainda soa em mim

E a expressão que me afugenta

Leva-me pra longe, para Aurora

Aquela rua ainda era a tua casa

Quando eu vivia o dia de Angola.

 

Não vou dizer que meus 50 e pouco

Passaram velozes e sem desenganos

A madrugada é assim, gente voltando

O tempo dizendo que não vai demorar.

 

A juventude e a jovialidade estão em mim

Só assim não pareço ficar velho e esqueço

De tudo aquilo que para mim não convém

Nem teus laços de fita deixaram de ter fim

Nem os trilhos pararam de levar os trens.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 28.10.2025)

Locomotivas

Não é coisa de cabeça e parece que será. Mesmo assim, eu te espero e os metais vão embalar os corações.   Tua calça baixa ...