sábado, 15 de novembro de 2025

Guerrilheiro camponês

 


As pisadas firmes

das alpercatas do meu pai,

nas terras herdadas dos seus ancestrais

no meu sertão que sofre muito e vive em paz.

 

Nas estradas infinitas eternizadas pelas memórias.

Pelas histórias de cada olhar pitoresco e a menina bonita

Que beijava a minha boca com seu suave gosto de favo de mel.

 

Nas veredas, pisadas de cavalos, de carros-de-boi socando a terra

Nas estradas onde a mata se recompôs, ele não viu o tempo passar a era

Também não contemplou a geografia infinita do universo eternamente quântico.

 

Viciado em dinheiro que até dá pânico, está sem os olhos abertos

Não sabe ao certo o que é errado ou o que é mais correto.

Amplidões com o medo absurdo do que já passou.

 

Eu colhi algodão; o besouro barbeiro acabou.

Eu fiz plantio de cana e a seca secou

Eu quis entrar num grande pranto

Mas meu olho não entrou

No turvo poço de lágrimas

Como as águas salobras

Que aos meus olhos

Reservaram-se

Para nós.

 

Combato com o trovão

Foice e martelo na mão

Porque sou camponês

Guerreiro de coração.

 

(Cristiano Jerônimo – 22012020)

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Juro que houve café


Nas batidas deste espaço,

Na hora da área de serviço.

Hora do computador. Preguiça.

E muita garra pra tocar a vida...

Nos relógios. Nas empresas.

Todos na hora do serviço...

E você me perguntando.

- O que é que eu tenho a ver

        com isso?

Nos romances. Nos amores.

Na possibilidade de sermos.

Maior do que nós mesmos,

Com todas as nossas dores...

Uma água, incensos e cigarros.

Nem sei se tudo isso é tão caro;

Lugares e tempos insuficientes

Para decisões tão diferentes...

Nem quis as cervejas no balde;

Pedi outra água, outro incenso.

Tentei a vida como ela é,

Mas a única certeza,

Eu juro, é que houve café...

  

(Cristiano Jerônimo – 10.11.2025)

 

Farinha da existência

É da necessidade que prosperam as pessoas; Se não buscam saídas, nem clima nem nada, Criaturas ficam atrás porque ficam paradas Outr...