As pisadas firmes
das alpercatas do meu pai,
nas terras herdadas dos seus
ancestrais
no seu sertão que sofre muito e vive
em paz.
Nas estradas infinitas eternizadas
pelas memórias.
Pelas histórias de cada olhar
pitoresco e a menina bonita
Que beijava a minha boca com seu
suave gosto de favo de mel.
Nas veredas pisadas de cavalos,
de carros-de-boi que socaram a terra
Nas estradas onde a mata se
recompôs, ele não viu o tempo passar
Também não contemplou a
geografia infinita do universo quântico
Viciado em dinheiro que até dá
pânico, está sem os olhos abertos
Não sabe mais ao certo o que é
errado ou o que mesmo é certo.
Só amplidões com o medo absurdo
do que vem amanhã...
Eu colhi algodão, o besouro do
barbeiro acabou.
Eu fiz plantio de cana e a seca
secou
Eu quis entrar num grande pranto
Mas meu olho não entrou.
Fizeram um poço de lágrimas
Como as águas salobras
Que aos meus olhos
Reservaram-se.
Combato aqui com trovão
Foice e martelo na mão!
Porque sou camponês
Guerreiro de coração.
(Cristiano Jerônimo – 22012020)