quarta-feira, 24 de julho de 2024

Sangrando rock’n’roll no ar



Para Marcopolo Guimarães

Um rocker man e os seus

Verbos seres humanos

Com guitarras de vozes

Pensamentos velozes

Sem haver desenganos.

 

Sobriamente psicodélicos

Inspiradamente estéreos

Iê iê iê do tempo mutante

Impresso nos alto falantes

O pássaro fêmea que voou

Depois pousou e decolou

E arremeteu no firmamento.

 

As suas coordenadas blues

Flutuam nos mares áudios

Nos acordes dos agrestes

No rock’n’roll das capitais

50 mil anos luz de som (som)

Meio século fora do relógio

Meio século à frente do seu tempo

Voa nas alegrias e tormentos

Pois essa é a arte de planar.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 24072024)

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Não se engane, gente boa



Não creia na bondade

Dos seres interesseiros;

Podem ser os primeiros

A demonstrar falsidade.

 

Nem acredite em ilusões

Que importa se não ligam

Na mente que se desliga

Na mesma vã proporção.

 

O protótipo em Nápoles

Mais sucesso da Holanda

No frigir dos ovos, flamba

E dos guetos vem o samba.

 

Gasolina queimada no céu

Camadas de divina proteção

Recompensas a quem fez mel

Ciência da rainha e do zangão.

 

Cada canto de cada atmosfera

Será um fungo, uma planta

Um ser humano que deve ir

Saber, ao certo, como andar.

 

O que sentes é uma só realidade

O futuro nos leva à ansiedade

O passado então nos leva à cidade

Os pastos ficam para outro gado.

 

Não se iluda com um sorriso

Ele pode não ser tão preciso

O que está por trás do bem

Não o faz só porque não tem.

 

Não se iluda com o silêncio

Ele pode falar mais palavras

Prefira mais o papel estêncil

Ao laminado de figuras caras.

 

É como preencher formulário

Omitindo o que é o essencial

Como nos fazer tão de otários

Mas cair de uma nave espacial.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 1307.2024)

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Melhor lugar

 

Eu sei onde é o seu lugar

Cirurgicamente é preciso

Lembro pela língua que falavas

Para se chegar ao perto do longe.


Mesmo que não nos alcance

Mesmo que não nos abarque

Quando não formos ao parque

Alegria das nossas crianças 

Alta e baixa, a nossa tenra voz.


Como assentar o seu entalhe

Um processo quente e veloz

Suga dos mares a água doce

Saborosa a que você trouxe.


Redemoinho que ficou atrás

Pedras que retiveram o amor

A dor muda que foi e passou

Colibris rodeando as flores

Do jardim azul dos amores.


Os vagalumes se acenderam

Abelhas fizeram o seu mel

As letras dispostas no papel

A certeza de que tudo está

Onde se conseguiu chegar

E que ali é seu melhor lugar.

 

(Cristiano Jerônimo – 11.07.2024)

domingo, 7 de julho de 2024

Quando molhar!



De bobeira

Na esteira

De escada

Rolante!

 

Foi subindo

Foi descendo

Acelerando

O coração!

 

O elevador

Que parou

Sem motivos

Sem razão!

 

Olhos abertos

Controlada

Mente

Pelos olhos

Da serpente

Pelo doce

Do canavial!

 

A cobra fumou

A caipora tragou

E ficou só;

Andando sozinha!


Nas BRs 101

E 232

As serras

Ficaram para depois,

Quando molhar!

 

 

(Cristiano Jerônimo – 07.07.2024)

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Nem imaginava



As narrativas nos Anais

Os discursos do Sertão

O amor dos carnavais

O sangue do coração.

 

Retóricas nos portais

Caminho que se anda

O fundo lhe pede a paz

Dá as mãos na ciranda.

 

Vinte e 3 horas da noite

De volta à madrugada

Procurando um bacurau

Na véspera do Bacalhau.

 

Noites, dias, somas e danos

Alto da glória e desenganos

Não existe um sem o outro

São dois polos com eletrodos.

 

Quem já se enganou, não viu

Que é tudo como flui e segue

Como tudo que também para

A verdade está na nossa cara.

 

(Cristiano Jerônimo – 04.07.2024)

terça-feira, 2 de julho de 2024

Nada acaba; se transforma


Dedicado a Charles de Vocht

Sem fim,
Nada acaba;
Acabou-se
799 vezes
Anos e meses.

Os dias de doce
Não acabaram.

Apenas sumiram
Ficaram no darma
Tudo do carma
A Missão
Não se acaba;
Se propaga
Como tudo
No infinito.

Na vida
Nada ocupa
O mesmo
Lugar.
No Universo.
Como um eco,
O rio corre
Na vida.

Que segue
E não morre.


Encarnações

Sucessivas

Provam

Que a vida

Tem muitas

Estradas

Para rodar.

Nada é difícil

Nós que não

Conseguimos

Alcançar

O lugar.

Sentimento

Vida adentro

Sentimento

Somente

Não dá.

Frutos bons

Árvores boas

Temos que saber

Colher e plantar

Temos o nosso lugar. 

 

(Cristiano Jerônimo – 01.07.2024)

terça-feira, 25 de junho de 2024

São 36 anos de poesia (o que é isso?)



Escrevo, escrevo e escrevo. Não sei por que escrevo. Nem sei se são escritos bons ou ruins; realmente eu não faço ideia. Mas, independente da razão/emoção que me levou aos primeiros versos, não imaginava que já escrevia há 36 anos, desde os 14 até hoje (25.06) quando vou completar 50 anos daqui a 13 dias.

Eu não sei se escolhi escrever textos poéticos, mas os sistemáticos espasmos de produção intensa sempre me dizem que é para terminar o verso que comecei. Também tenho uma paranoia de que é involuntário (sem chances de controlar). Outra coisa que acredito é que os poemas caem do céu e voltam para lá, rapidamente, se não forem registrados. Creio que esse mesmo poema que voltou para o céu, retorna na cabeça de um outro poeta.

Parece que não tem mais jeito. Vou escrever até sem querer. Tornei-me dependente destas letras. E não vou a um spa para tratar de poesia. Poesia não tem tratamento e nem é doença. A crença fica para quem lê com senso crítico. Boa leitura sempre! Um abraço fraterno de luz a todos(as)!


(Cristiano Jerônimo - 25.06.2024)

Glórias e desenganos telepáticos



Nos sonhos que não se desiludem

Encontra-se algo mais próximo da realidade

Sendo os outros seres únicos, inatos e conduzidos

Levados a acreditar que não somos, que apenas temos

Temendo tanto o enquadramento dessa vida reta quanto

Esquecemos a vida noturna do assoviar dos poetas na boemia

Além dos pássaros que não ouvimos; das águas perenes, cachoeiras

Dos nossos prazeres mais plenos, da verdadeira abundância de felicidade

A prosopopeia na visão dos gatos na avenida são gotas serenas do Rio Tietê

Jacarés motorizados escondidos nos esgotos do Recife mostram a calda no inverno

Tudo é mesmo algo eterno e petrificado pela fossilização do tempo infinito

No acetato do carbono os sólidos grudam as datas nas garras do tempo

Esperam muitas correntezas de ventos e massas que vêm tão frias

Nos olhos de Maria um mosaico laranja ocre emanava lágrimas

A novidade é a realidade poder ser modificada por nós

Nos sonhos se constroem as visões do pensamento

Misturado com a realidade da cidade fria e nua

Dos campos rurais que não têm mais gente

Os sonhos levaram-vos aos urbanos

Centro de glórias e desenganos

Basta um sonho e uma fé;

Conseguir o que quiser

Dentro do padrão

Ético e social.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 25.06.2024)

sábado, 22 de junho de 2024

A sórdida polêmica da luta de classes e seus efeitos colaterais


Na lida da Fazenda de Zé Pereira,

Dizem que o que interessa é o funcional

As pessoas prezam pelo dito normal

E, se a gente não se mexe, tudo volta

À estaca zero; num retrocesso natural.

 

Eu quero ver as mãos e as suas quiromancias

Esquecer o parcial, acomodar-me a sonhar

Sem ser tão funcional e livre quanto Sartre

Que pintou o carnaval (por isso quis sambar).

 

Numa sambada de maracatu.........................

 

No Baixio de Chico de Iaiá,

Um sítio de harmonia e muita luz

O que parece pouco para alguns

É muito para outros e reluz.

 

E eu me finjo de morto pela rua

De quem tudo enxerga e nada vê

Eu sou tão complicado como você

Quero luz que eu consiga acender.

 

Assim, como nós não temos paixão,

Se houvesse a tua vida sem mim

Levarias no mesmo passo o coração

Maturado pelos anos de uma vida

Acalantado pelas flores do canhão.

 

Na palafita do homem que não tinha posses

Percebi o quanto tenho enorme dificuldade

De lidar com a falsidade corrente na cidade

Quase sempre a maldade gratuita de verdade.

Sem dó nem piedade de brigar pela equidade

Poder ter a qualidade de bobo ou majestade

A guilhotina sem piedade e a sua afabilidade

Fotografada num dia colorido de carnaval.


Numa sambada. Salve o maracatu.........

 

(Cristiano Jerônimo – 21.06.2024)

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Lá de detrás............................


Sou guerrilheiro

Só quero paz...

Respeito quem

Chega primeiro

Respeito quem jaz

Só não me bote

Para dentro

Daquele caixote

A cobra e o bote

Empatia perdida.

 

Compram e vendem

Dinheiro; quem tem

Não diz ao nosso povo

Que o capitalismo

Fracassou com a gente

de novo.........................

Que deu tão errado

Tal a União Soviética.

 

Um siri na lata

Um caranguejo

Foge para a toca

A lama abriga

Palafitas flutuantes

Perto do desperdício

De quem vive disso -

Um está para cima

Outro para baixo...


Civilizados planetas

Aqui mesmo na terra

Para salvar o que resta

Os riachos e florestas

Ensinaram aos índios

Ao redor da fogueira

A saber das coisas

De centenas de anos

Dos povos lá de trás.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 17.06.2024)

Sangrando rock’n’roll no ar

Para Marcopolo Guimarães Um rocker man e os seus Verbos seres humanos Com guitarras de vozes Pensamentos velozes Sem haver desenga...