segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Um curandeiro

 


D

entro, a imagem de arvoredos e varas vivas verticais. Do outro lado, as varas mortas ao redor do meu curral. Entre marmeleiros, juremas e voos de arribação. Na tigela, a autêntica coalhada com massa de milho e fubá. Bem me lembro da umbuzada, das raspas do queijo de manteiga derretido no tacho e a farinha de goma da serra, da casa de farinha de lá. As cascas e as raízes e folhas das plantas de cura são postas num mesmo caldeirão e misturados à água e ao açúcar. Aroeira, marmeleiro, quixaba, alcaçuz, hortelã da folha miúda e da grande, malva, casca de romã seca, muçambê, casca de limão e folha de eucalipto. Essa combinação é feita em fervura, com o acréscimo de 1kg de açúcar + meio quilo até o líquido engrossar, para três litros de água. Sempre mexendo. Depois de ferver bastante, desligar a panela e deixa-la tapada por duas horas com os vegetais dentro, para apurar as substâncias medicinais. A consistência é idêntica a do mel. No Nordeste é conhecido como lambedor ou garrafada (não confundir com a versão alcoólica). Voltando ao lambedor do sumo de todas as ervas que cozinhamos, então pegamos uma peneira grande e vamos coando na panela para encher de mel de lambedor, garrafas pet ou de vidro, preferencialmente. Lembrando que se espreme o material cozido para retirar o sumo do xarope. Depois de esfriar, está ideal para o consumo. Duas colheres ao dia. Está ótimo! Boa saúde!

 

 (Cristiano Jerônimo)

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