quinta-feira, 18 de maio de 2017

Os mouros do sertão


Eu sou do solo do pé rachado.
Onde hidratante não dá jeito.
Sou pé trincado do próprio solo;
Do colo da flor que brota no leito.

Nos braços de um inóspito mandacaru.

Meu semblante encarquilhado
Pelo sol todo queimado, o crivo.
E a certeza de que vai chover
Neste bioma iluminado, vivo.

Nos braços de um inóspito mandacaru.

Repito, de onde venho, cachoeiras
São de vento, poeira, pedra e sal.
Ainda temos toda a beleza de sermos
Seres do bem que combatem o mal.

Nos braços de um inóspito mandacaru.

Sou sertanejo culto e rude à injustiça
Sou descendente de camponeses
Sou de uma linhagem de holandeses
Misturado com os mouros do sertão.

Nos braços de um grande Tamboril;

Matando a sede sob um bom umbuzeiro
Comendo rapadura debaixo de um juazeiro
A raspa de queijo de manteiga e a farofa;
O Sertão é lindo, mesmo com a seca que assola.




(Cristiano Jerônimo)

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