Não tenha tanta pressa de chegar quanto de viver
O lugar é aquele mesmo, o que temos que encarar
A vida é mesmo aquela toda que é difícil de entender
Que é preciso ter, sem ter nem para quê, nem como;
Quem sente na pele a vida e os seus maus assombros
Uma criança cresceu ouvindo a mesma história chata
Que a maior parte da humanidade era falsa, superficial
A canção e a poesia vêm amortecendo o impacto dos dias
Dos desmandos ameaçadores que invadem nossos jardins
O fuzil entrou para o currículo escolar do país desajustado
Os incautos e os maliciosos estarão juntos à voz do poder
Ao discurso alterado, distorcido e equivocado na Nação
Que rebola fazendo quase de tudo nesta vida por um pão
Enquanto perde para a guarda da milícia do seio da polícia
Soldados expulsos, mas com alto poder de fogo e fatal ação
Jamais este mundo será o mesmo ou voltará ao “normal”
Os tanques de gasolina no aeroporto iniciam todo o caos
Motocicletas infinitas com suas veias de gasolina azul voam
Sem mexer nas catacumbas nem nos outros vilipêndios
O limbo jurídico, o limbo da memória, o limbo afetivo
Onde as mãos do estado não chegam nem alcançam.
SALVAÇÃO
Negar a oportunidade de saber a uma pobre criança
Seria condenar a humanidade ao estado inicial do Mito
Quem entra e quem sai da escuridão da Caverna de Platão?
Resgatando os mais vulneráveis para nossa compensação
Assistindo aos mais necessitados, aqueles que são desiguais
De maneira desigual tratamos os desiguais como iguais
Ainda sobra tempo para brincar todos os nossos carnavais
Praia a praia, bloco a bloco, ladeiras até quebrar as cadeiras
Mesmo que eu desça a Ribeira às duas da madrugada e só
Não seria nada se não fosse tudo o que acalma grandes
amores.
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