Eu sou
real o tempo todo. Menos quando penso com palavras.
Eu faço séries
de farsas e a verdade vem no final do episódio.
Com os
roedores do boqueirão, aprendi a correr da pólvora.
Como o
talho da folha do jerimum, tenho um vazio do tamanho da própria abóbora dentro de mim.
E quando
chove, algo mais do que água cai do céu no sertão.
Com as
lagartixas, descobri que o rabo cresce de novo. Diferente dos cães e dos gatos.
A casa de
farinha é a igreja do trabalho em equipe.
O engenho
e a cor, na dor, não se misturam. Um é sempre doce e o negro ainda amarga.
Quilombolas
e indígenas me preencheram muito mais do que as casas-grandes.
Roubar
cera de abelhas é mais legal por elas reporem todos os dias.
A mãe da
lua era para ter sido minha melhor conselheira, mas falaram muito mal dela pra
mim.
Com os “doidos”
do terreiro de casa tive meus maiores momentos de lucidez. Era pura inocência.
Quando
pequeno, eu criava latas alimentadas por terra.
A
paciência que eu tive foi esperar o riacho encher novamente. Até hoje eu aguardo.
(Cristiano
Jerônimo – 26.06.2025)
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