Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco |
(Temporal da manhã da segunda-feira, 28.01)
Trovões, relâmpagos e muita água tomam
conta agora da cidade do Recife e toda a sua região metropolitana. Precipitação
quase incrível, a não ser pelos clarões da manhã fria e escura, com a água
lavando tudo e renovando as energias das águas paradas que ela mesma ensina.
Os córregos da cidade aterrada, castigada
pela falta de opção para as águas da chuva e do mar possam adentrar nos seus
manguezais e elevar o nível das águas do continente. Saindo pelos ralos, de
baixo pra cima. Manguezais que nem existem mais. No máximo, 15%. A Mata
Atlântica, 4%. A Mata de Dois Irmãos, da Reserva de Dois Irmãos, está sendo
ocupada desordenadamente pela falta de sérias políticas habitacionais no
Brasil, que foquem nos bolsões de maiores vulnerabilidades sociais.
Eu fico imaginando o que estão fazendo nessa
chuva aqueles que estão morando na rua, nos morros também. Nas barreiras. Das
partes baixas da cidade que já vive abaixo do nível do mar. Já os transtornos
dos automóveis, são diários e quase todos sobrevivem. Como pintos molhados,
voam. E os estrondos são cada vez maiores. Cheguei a ver anjos e trombetas num
trovão ensurdecedor. Quando vi o maior relâmpago, decidi: “Estou pronto. Pode
me levar!”. O temporal passou e eu não morri.
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