quinta-feira, 24 de julho de 2025

Vezes sete



Lembro das suas botas postas pretas

Canos longos, sobretudo pela friagem

A manhã de neblina sobre o teu corpo

Uma cama macia e morna no teu rosto

Um dia a mais no sopro leve desta vida

O prazer de uma sombra bem quista.

 

Muito intenso por não ser pouco

Muito pouco por ser tão intenso

E vou, pois não calo, falo e penso

Picoto os papéis azuis de estêncil

Num mimeógrafo de cunhar o tempo

E numa moeda com apenas uma face.

 

Nunca meça a dor pela régua do sorriso

Serás feita para leitos e ar condicionados

E nada tem o sabor de coisas que acabam

Nos carimbos rupestres, o tempo se arrasta

Quatorze libras de pressão no alto do peito

Quatorze asas de libertação e de coragem

A valentia de perdoar setenta vezes sete...

 

 

(Cristiano Jerônimo – 24.07.2025)

2 comentários:

  1. Lindo. Terno. Doce e verdadeiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que super legal a sua percepção. Esse retorno do(a) leitor(a), independente da direção da perceção (se bom ou ruim), é tão valioso para quem escreve, que diria que a crítica mais voraz pode soar como um baita elogio. Gracias! Salve as letras.

      Excluir

Juro que houve café

Nas batidas deste espaço, Na hora da área de serviço. Hora do computador. Preguiça. E muita garra pra tocar a vida... Nos relógios. ...