terça-feira, 26 de dezembro de 2017

JOGA FORA


Ela não ria; chorava.
Sempre se deprecia
Com fragilidade
E medo...
Contou pra todo mundo
Seu segredo;
Viu a falsa vida
Lhe pulsar na veia
Como o próprio canto
Que mais lembra uma sereia
Que se afoga num mar
De loucuras, devaneios,
Com a vida sem freios.
A doença peristáltica do ser.
A vontade de não querer
E loucamente desejar...
E de tanto querer,
E querer tanto ter,
Sem ao menos dialogar.

Este não é um poema de amor.




(Cristiano Jerônimo)

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Vídeo game sete flechas pra rodar pião e empinar as pipas no ar...

Por aqui, na minha casa, atrás das próprias grades, cadeados e correntes... Sem sequer poder pular o muro por causa de uma cerca elétrica imponente e intimidadora. Duas câmeras trazem de fora, para a telona, tudo o que se passa na rua, para dentro do celular. E gravo coisas muitas vezes importantes, como ocorrências policiais, nas quais as imagens são fundamentais na investigação judiciária na elucidação de crimes. De qualquer forma, nada evita o medo e a sensação de insegurança, que além de preocupante, tem-se que a violência já bateu na porta de pelo menos uma pessoa que cada um de nós conhece. Para mim, de acordo com uma observação dos fenômenos sociais, o aumento anual, década a década, só fez subir. A população também cresceu e a desigualdade social permaneceu com a falta de uma política econômica de transferência de renda e geração de oportunidades. Sugiro que entre no google e pesquise as estatísticas na área de ocorrências. Essa “bela” fissura social começou a se aprofundar na segunda metade da década de 1980. 


Eu me lembro muito bem quando eu e meus amigos andávamos de bicicleta pelo bairro da Cidade Universitária. Entrávamos e saíamos dos estacionamentos dos prédios, raro era ver uma guarita, uma sombrinha, apenas. E lembro mais, porque fui um dos atingidos, quando em 1986 houve um boom de colocação de grades nos conjuntos, edifícios, prédios. E era, e é, o mesmo tipo de grade. Agora não podíamos mais entrar nos prédios, usar suas rampas. E neste mesmo ano bombaram os primeiros vídeo games. Confesso que olhei com desdém para o Atari, o MSX, e disse: - “Meu lugar é na na rua brincando”. Na rua e na escola. Mesmo exposto aos muitos riscos que se apresentam numa idade ainda pueril, do alto do falso poder dos nossos 15 anos, quando adolescente pode tudo e quero ser adulto. E não foi lá nem cá que o aperto espremeu. Foi aqui, dentro de mim. Persistindo por uma eternidade, a oportunidade de tentar ser sempre uma pessoa melhor. Muitos anos depois.


Cristiano Jerônimo, 19.12.2017.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Quando o mundo se acaba


Minha cara de hierofante
Escreve em meu alto falante;
Vivam também a indisciplina;
Salve meninos que são meninas.

É pela margem que se anda
No barraco é que se canta
Samba, samba, bamba...
No batuque da umbanda.

Salve o Mariri e a Chacrona,
Salve o rito mito Rastafari,
A infinitude da maconha
Tal dois cálices de vinho
Que eu não tomei.

Tu me dás todo teu carinho
E nós trabalhamos chacras,
Deciframos os pergaminhos
Até onde o mundo se acaba.




(Cristiano Jerônimo – 16.12.2017)

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O Morro Sagrado


Recife é azul quando vem Nossa Senhora,
A procissão toda coberta com seu manto azul.
A coisa mais linda do mundo; Ceça Nossa Senhora,
Limpa minha alma todinha, daqui do norte até o sul.

Nossa Senhora do Carmo com a Santa Conceição
Reverenciam a festa na subida, tanta é a devoção.
Nossa Senhora da Conceição, vou te ver no alto;
Vou te pedir uma coisa: que essa vida dê um salto.

São os livramentos com milagres e tantas graças;
A fé cega não têm olhos nem mesmo coração
A vida pedindo para pedir a última alternativa;
Pedindo pela luz que protegem em dias inseguros.

E o poder da egrégora do mar da querida Iemanjá;
Comandando a presença do azul do céu e do mar...
São as hóstias das oferendas, encruzilhadas pra andar.




(Cristiano Jerônimo – 08.12.2017)

sábado, 2 de dezembro de 2017

Novas entradas; velhas saídas


Cada porta de fora
Toda porta de dentro
Não te servem agora
A chave é o pensamento.

Larga mão de uma coisa
Pr’outra coisa se abarcar.
Velho cetim de estampas
Já não vai mais te abraçar.

Novas entradas
Velhas saídas...
Depois da saída,
Novas entradas.

Cheiro, pele fundamentais.
Para saídas convincentes,
Entradas de gala triunfais
E saber que está presente
Na eternidade e nada mais.

Os cristais são tão felizes
Homens não são pedras;
Muita gente se comporta
Como se fosse só o ouro.

Novas entradas
Velhas saídas...
Depois da saída,
Novas entradas.

Mirou mais no tesouro de lá
Do que se empenhou por cá.
Descobriu um atalho errado,
Caiu no precipício, caiu no mar.

Lembrou de Ícaro até Teseu;
Viu a vida passar rapidamente.
E não sobrou nem Minotauro,
Nem Dédalo nem asas de sonho.

Novas entradas
Velhas saídas...
Depois da saída,
Novas entradas.



(Cristiano Jerônimo – 02.12.2017)

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Aguerridas e bélicas



Venha entrar
Na minha música.
Venha provar
Da minha poesia,
Para ver o novo dia.

Vamos dar as mãos
Como crianças
Rodar e dançar ciranda
Aterrando energia pelo chão.
Fazendo circular nossa paixão.

Vem entrar bem devagarzinho,
Sem muito barulho pra não assustar.
Sou a fera mais aguerrida e bélica;
Sou também bela pintura de aquarela;
Às vezes até uma joia feita de pedra...

Vamos correr juntos na Jaqueira,
Caminhar no calçadão de Boa Viagem,
Explorar o Recife Antigo, e deixar...
Deixar para se dedicar na outra semana
A Olinda. Ela merece a nossa reverência.
Berço da cultura, luta e efervescência.



(Cristiano Jerônimo – 24.11.2017)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

O meio é produto do homem e a essência muda a existência

O meio é produto do homem e a essência muda a existência

Cristiano Jerônimo*

O ser humano não teria sobrevivido a milhões de situações caóticas e devastadoras que assolaram e ainda acometem a terra de forma funesta, se não soubesse que não poderia mesmo ser um produto do meio. Foi preciso reagir a inúmeros predadores, acidentes geográficos, intempéries e uma gama de situações caracterizadoras de risco de morte iminente. Com uma expectativa de vida na média de menos de 20 anos, naquela época, perceberam que juntos era melhor do que separados. O instinto de sobrevivência humana é um dos maiores do reino animal e quando se vê acuado, busca forças onde não tem, ou para fugir ou para enfrentar. Andando em bandos, os hominídeos começaram a se agrupar e a história todos conhecemos: passamos a viver cada vez mais em sociedade, tendentes a homogeneizar o pensamento, mas cada criatura sendo uma peça da engrenagem que gira o papel do dinheiro do capitalismo, expresso na Constituição Federal de 1988: “O Brasil é um país capitalista”. Agora está consolidada a ditadura da escravidão do consumo e das aparências. Do poder ter e não puder. Assim, o homem conseguiu e consegue comprovar que, ao invés de ser produto do meio, na verdade é ele quem o transforma o ambiente para se adaptar às suas circunstâncias e necessidades.

Isso talvez explique a resignação e, ao mesmo tempo a indignação, do homem do campo do Nordeste, que sofre a seca que castiga, mas não está parado nem em depressão. E explique, ainda, que as crianças há 30 anos vendam pipocas baratas nos sinais do calabouço citadino. E dê sentido ao instinto de sobrevivência aguçada, assim para se “prevenir” com grandes barragens, as hidroelétricas e até corridas espaciais inimagináveis. Entendendo também que o tal humano modifica seu meio, por exemplo, devastando a Amazônia, pintando e bordando com o planeta.

O filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre afirma que “é fato que nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, construído a partir de suas
relações sociais” e completa: “O homem é historicamente determinado pelas condições, responsável por todos os seus atos por ser livre para escolher”. Contudo, sob a ótica existencialista de que “a existência precede a essência”, podemos perceber um pequeno equívoco, porque, depois de existir, e formar uma essência, os fatos mostram que o ser humano é capaz de construir uma ponte Rio-Niterói, no mar, para facilitar o tráfego dos veículos; destruir milhares de árvores para fazer dormentes, que – Segundo o Aurélio –, “é uma peça, em geral de madeira, em que se assentam e fixam os trilhos das estradas de ferro para por os trilhos para o trem passar”. Já concordei por muito tempo e agora, de forma pessoal, discordo de Sartre, porque por mais que “a existência preceda a essência”, esta mesma essência poderá modificar a existência, íntima e geograficamente falando.

* Cristiano Jerônimo é poeta e jornalista


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Mente e corpo


Não acho que a vida
Cobre tanto da gente,
Que não seja tudo igual
Na chegada e na partida.

Sabe-se lá se o preconceito
Afasta a possibilidade
Da ternura com o outro,
Seja quem for, donde vier.

Só porque onde estivermos,
Estaremos sempre conosco.
Basta olhar a qualquer lado,
Nós estaremos sempre vivos.

Não existe nada sem a mente,
Até a matéria ficar tão sozinha.
Ondas vibratórias e imortais
Conduzem nosso espírito ao além;
Melhoram a qualidade do pensamento.

Só porque onde estivermos,
Estaremos sempre conosco,
Basta olhar a qualquer lado
Dos milagres aos castigos.
Dos lobos e cordeiros...



(Cristiano Jerônimo – 16.11.2017)

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Política é...


Não são estúpidos nem babacas;
Mas sempre ferem o povo com faca.
Não há delação premiada pra mim;
A desastrosa gestão das cidades
O caixa dois do cofre e temeridades.
Todos bem quistos e tratados a plumas
Nos seus currais e do que deu pra comprar de voto.
Quaisquer cem votos valem uma grana.
O preço do prefeito, do vereador,
Deputado ambicioso e senador.
O povo se engana e não sabe
Que o lascado é o próprio eleitor.
A Lei de Licitações
É quem dá legitidade
Aos “compromisso$”
Firmados muito antes
Da campanha...

Política é...
Receber dinheiro na campanha
E garantir a Licitação pra quem financiou.
Ou alguém financia eleição por ideologia?
                                                                


(Cristiano Jerônimo – 15.11.2017)

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Congresso filho da puta


Eu levei pancada, pancada;
Da mídia, desta televisão.
Da conversa dos amigos,
De correr todos os perigos
Cujas marcas ficaram então.

Os pobres a desejar coisas
De ricos e de propagandas.
Vão girando numa roda
Parecida com o circular
De uma roda de ciranda.

Eu levei porrada, “porrada
Dos caras que não fazem nada”.
Mas como vamos organizar a luta?
Como é que vamos prender os ratos
Do Congresso, todos filhos de uma puta?

A arma está em nossas mãos
E não precisamos de canhão
Nem de qualquer outra força
Fazer cumprir a legislação...
(E atualizar as leis).

Porque tomei porrada, porrada;
Não quer dizer que eu não saiba nada,
O tempo professor trouxe a maturidade
De saber descer e subir na mesma cidade.

Nas angústias, correr para as árvores;
Se entrosar com a água, a terra e o ar.
Ter um cheiro gostoso de mato e verde;
Uma fonte saborosa pra matar a minha sede.




                                                                                                          (Cristiano Jerônimo – 09.11.2017) 

Menino Homem




Para o meu amigo irmão Eduardo Plauto, com o carinho de brother.

Amigo leal e prestativo
Não se encontra todo dia
Menino, coração positivo
O Duda Bem busca a paz;
Alguém que é humano
E pega até o que tem
Para um gesto humano.

Duda é definitivo, guerreiro...
E, como todo bom comandante,
Se percebe de um jeito confiante
Nas agruras e alegrias do roteiro.
É bom ter um amigo que ajuda
Diferente daquele que atrapalha;
Vamos vencer nossas batalhas,
Sem nunca aderir a qualquer guerra
Porque somos, verdadeiramente, da paz.


(Cristiano Jerônimo – 09.11.17 – 8h54)

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

destino ilusório


Quando o tempo
mandar sua fatura
e o veloz vento
refrescar sua ternura;
quando a estrada
realmente tiver fim,
você verá, não é assim.

vimos você na janela
fumando um cigarro
e a cada um dos tragos
seu pensamento revelava
tanta vida numa só vida
com cicatrizes de feridas,
você riu da marca e foi-se.


(Cristiano Jerônimo – 06.11.2017)

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Mares de solidão


O mar revolto
já começa a inundar
como cidades dentro
de hidroelétricas
e com plataformas
sobre e sob o mar.

A cheia louca,
a tromba d’água.
são mais festejados
do que duas mil secas
juntas.

Já entre os transeuntes,
o que mais abunda
é a solidão.
Mesmo nas rodas
sociais
onde circulam
e o glamour define.

Mas, quanto mais o navio
se aproxima do porto,
mais as aduaneiras se afastam
e mostram que as miragens
do deserto são diferentes das do mar.




(Cristiano Jerônimo)

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Bebeth loira


                                             Poema realista fantástico mitológico
A Rainha de Castela
Amante do Centauro
Cavalga em Espanha
Vive com o Minotauro.

Rainhas de Alexandre
Deusas egípcias e hindus;
A iniquidade da múmia
E a emoção de um blues.

A Rainha do Alabama
E até da Cordilheira
Voa alto como um condor.
Descansa como chão é cama.

Nero construiu piscinas,
Grande falácia, Alteza.
Pelos pátios, as meninas
Descobrem sua beleza.

Amante do Centauro
Aliada dos Lápitas,
Da menina de Vilhena
Que foi pra Madagáscar.

E conquistou o Egito,
A Mesopotâmia
Vindo da Macedônia
Na compulsão do domínio.

A Amante de Alexandre
Não tem sexo.
E parece com um cavalo
Em forma de gente;
Tipo o Centauro
De Bebete loira.



(Cristiano Jerônimo – 24.10.2017)

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Limite dos sábios


Bem ao meu lado
Eu não sentia você
Que agora está com o rosto colado
Para assistirmos tevê.

Tomarmos um banho, um café...
nos chamarmos em nossa cama;
Como todo primeiro encontro
e o nervoso da cruel expectativa.

Sinta agora que você está mais viva
Em desmaios juntos numa cama;
Sem nenhum problema ou drama
Na certeza de uma mente ativa...

Mente confiante, Soda Limonada,
Teu limão doce afaga meus lábios
Como quando a casa está fechada
E nós dentro no instinto dos sábios.


(Cristiano Jerônimo - 18.10.2017)

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Cumbuca quente...


Lagartixa gosta de sol
E o sapo mora na lagoa.
Pássaros dormem no arrebol
E os gaviões passeiam numa boa.

Jacaré é sorrateiro tal tubarão,
A seriema corre solta no sertão.
A ave negra Carcará circunda
E come até onde não fecunda.

O tatu faz o buraco e vive muito
As baleias que respiram fundo
E conseguem viver em dois mundos
Uma atmosfera gasosa, outra líquida.

Como a rã é anfíbio, há sapos na lagoa
As mitocôndrias, como dínamo, geram
Nosso torpe comportamento degenera;
E os peixes ficam escondidos na lagoa.

A tartaruga botou só a cabeça de fora;
Virou alvo e viveu por causa da caipora.
Macaco que é velho, ligado e experiente
Não coloca a mão em cumbuca quente...





(Cristiano Jerônimo – 13.10.2017)

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

jovens lob@s




Galáctica peçonha atraente
que me molha os beiços
me aquece a alma
e voa como um gavião.

Incógnita persona bela
que me pinta as aquarelas;
abrandas o vento na barriga
da robustez dos nossos dias.

Acordei-me e acordei-te cedo;
quatro vale do catimbau de altura;
um foguete granulado de metal
pondo fogo em tudo o que é mal...

e as alturas propalaram nova lei,
fundamentado em palavras de amor.
e o mesmo cometa que foi, voltará.
escrituras sagradas afanados livros.

E que o fogo não nos consuma
como aquela velha chance à paz.
pululam os bailes com dançarinas;
existe uma aura de quero um mais.

Isso é o que fascina jovens lob@s...



(Cristiano Jerônimo – 12.10.2017)

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Um casal...


Disse para ele que fugiu pra longe
Da rua onde morava, pois não tinha casa
E que nunca mais ia voltar. Estava decidida.
Já a amiga, zarpou num barco e nem olhou pra trás.
Esperava que a vida fosse a rua à noite toda nua.
(Todos os dias; todas as noites, cabelo, baseado).

Ana branquinha com um sutiã bem azul,
E uma menina ‘perdida’ na comunidade.
São as discrepâncias, numa mesma cidade.
Consola ver Ana vestida de calcinha blue.

Ela disse pra ele que voltaria pra casa;
Recanto dela é o mundo e pouco mais.
Vivia na Argentina. Hoje mora no Brasil.
Poliglota, adora ver essa pátria varonil.

Ele foi passar mais de um ano em Londres;
Ela pegou suas coisas e foi para a Chapada.
Apesar de não estar nem um pouco preparada,
Sabe exatamente aonde está e porque tem ânsia.

Ela sabia que não existia um passado inútil
Ele, que o presente era única realidade;
Futuro é terra de ninguém, do vento, chuva.
Templo dos deuses que habitam nossa cidade.




(Cristiano Jerônimo – 03.10.2017) 

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...