sábado, 16 de março de 2019

Quando eu brincava



Lembro que andava
Por estradas e veredas
À noite a luz acesa
De dia o sol brilhava.

Era menino no mato
Era menino do mato
Era um menino de fato
Vivia no meio do grotão.

Trabalhar na enxada,
Por brincadeira,
Parecia bom demais.
Mas não se cria mais calo
Nas mãos do homem
Que toca a cada dia
um novo sino e um badalo.

Minha mãe era professora
Meu pai era puro trabalho
Meus irmãos, boas pessoas
E eu só chegava adiantado.

Meus avós eram camponeses
Tetravós pós-colonizadores
Fundadores de cidade
Onde havia só caatinga.

A vida confia a terra a quem vem
Os verdadeiros donos estão no além
Todo bioma na Páscoa tem o seu fim
Mas talvez não seja sempre assim...





(Cristiano Jerônimo – 16032019)

sexta-feira, 15 de março de 2019

Colheita da ação/reação


Ação para os lados que voltam
Reação para caminhos que vão
Causa prévia daquilo que brota
Plantio livre, a semente é o grão.

Voltam as águas podres, poluídas
Corais de borracha e plástico
Natureza em quedas bem caídas
Dos nossos poluentes descasos.

A terceira lei de Newton
Traduz a grande justiça do Cosmo:
“Para toda ação sobre um objeto,
existirá uma reação de mesmo valor
e direção, mas com intensidade
no sentido oposto”.

Os objetos jogados no homem
Não pertenciam a ele...
Os donos jogaram
E assim deram suas pedras.
De quem é a pedra?
De quem é o asfalto?
(Que conduzem à incerta,
Fortaleza encravada em nós).



(Cristiano Jerônimo)

Parar o tempo na embolada



Afronta ao Príncipe

Pois eu digo a Alceu Valença
Ele quer parar o tempo
Mas o tempo ele só para
Se parar o big bang...

Tem que medir o vento
E o tempo da embolada
O tempo só tem parada
Se eu ver você parar...

Alceu quer parar o tempo
Com o tempo da embolada
Corre o sol sua jornada
O relógio sem parada
E um besouro mangangá.

(Quem a terra há de parar?)

Tempo de uma ampulheta
Um relógio de algibeira
Nunca vi tanta doideira
Pra poder o tempo travar...

Segura o cosmo firmemente
Pega o sol e dá uma parada
Só não mostro como estagna
Porque, no mundo, nada para.



(Cristiano Jerônimo)

Vamos conversar

Pela primeira vez, Vamos conversar Nossos diálogos Sem monólogos Ouvir a alma da voz Se precisar explicar Que fiquei sem saber...