quinta-feira, 20 de maio de 2021

Só rastros na serra


As pessoas não estão doentes,

mas também não entenderam nada

muito pouco adiante complacentes

Enxergam o lugar; mas não a estrada.


Difícil para os que não vivem decisões

(escutando metas porque não querem)

Nós traçamos nossas vidas para nós;

de nada adiantaria ter a fala sem a voz.


Caminhada sem destino e sem planos

canoa que não para de ser levada só

ao bel prazer de correntes tão vorazes

(na proa do mar, vale mais a nossa voz).


Encontrar na ilusão uma realidade

mata, fere e incendeia, é um crime

contra o peito, o coração já atingido

a emoção sendo controlada a dedo.


Quem com muitas pedras bole,

uma termina caindo na cabeça;

Nunca se viu a onça beber água

Só rastros nas chapadas da serra.


É intangível todo benefício da dúvida

As certezas hão de vir da segurança

do crédito conquistado e adquirido

Amor que ama não entra nesta dança.



(Cristiano Jerônimo - 20052021)

quarta-feira, 19 de maio de 2021

O alto e o baixo



A caipora anda voando

na fumaça do cigarro

Te pede mais um trago

Para você ir entrando.


Quando pedes licença à mata

para entrar nas montanhas

das curvas da vida serrana

No mato, em suas entranhas.


Os curupiras elementais

de uma formação rochosa

que nos leva aos ancestrais

Que viviam em suas locas.


Alto é tão belo quanto baixo

Num olhar desbravador e altivo

As frutas sobram nos cachos

As alturas rupestres, o superlativo.


Captação do mais sutil pensamento

Visão aguçada na reprogramação

dos dessabores da vida e luz de guia

Para apontar o que fazer o coração.


Lá em cima a gente decide o que faz

Se o que está embaixo é tão belo

No alto, a paisagem traz uma boa paz

E o despertar da alegria com o singelo.



(Cristiano Jerônimo - 19052021)

terça-feira, 18 de maio de 2021

Angelical


Para Kika Carvalho


A saudade sem música

é como uma praia sem mar

Uma vela sem fósforos

Só com o brilho no olhar.


A verdade sem música

é tão difícil de se escutar

Como você, na chuva,

A música me faz falar.


A lembrança sem música

é como a memória apagada

Eu lembro sempre cantando

e os versos brotando do nada.


Como as águas distantes

que correm das serras ao mar

Levam sons de correntezas

Para a música saber navegar.


Nosso olhar sem a música

é menos feliz que o musical

Ao show com a melhor túnica

Escutar aquela voz angelical...



(Cristiano Jerônimo - 18052021)

domingo, 16 de maio de 2021

O amor está garantido


Para a mulher companheira, Andréa Pereira


Entre duas mãos paralelas

voa bem alto aquele menino

saindo alado pelas janelas

no alto e no baixo sorrindo.


Com as duas mãos encaixadas

lembramos do corredor,

das plantas e das crias;

das coisas materializadas.


São, na verdade, quatro mãos

Dois pedaços que encaixam

lá no fundo do nosso coração

Mais forte do que a gente acha.


Percalços são para crescimento

União é para voar contraventos

A soma dos momentos de amor

Multiplicação a cada momento.


Viagens no quarto ou no verde

na praia serena, na beira do mar

Noites e dias de amores intensos

celebrando dias que vão chegar.


Seremos fiéis embarcados no chão

O altar sempre alçado, em oração

Vigília como na noite dos furacões

Preparamos as flores e o canhão.


Apontado para o alto bem infinito

ouvindo lá de longe teus gemidos

o pensamento traz o corpo perto

prudente trabalhar o tempo certo.



(Cristiano Jerônimo - 15052021 - 17h52)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...