segunda-feira, 16 de junho de 2025

Corações sempre alados


As almas que me resgataram

E tantas outras que eu resgatei

Fazem parte da minha essência

São dos propósitos que plantei

Nesta vida, especial e indelével

O rosto da pessoa que é ilegível,

Incógnita para Lévinas decifrar

Esse humanismo da era espacial

E essa ética na mística do dinheiro.

 

Contemplo as estrelas cadentes

Do céu dos meus olhos fechados

Constelações e sóis dentro de mim

Eu vejo quando escuto calado

E escuto quando calo para ver

O essencial está na irrealidade

A matéria é um trampolim alado

A alma é a partida e a chegada

Eu fico me olhando, aqui ao lado

Somos corações com pernas aladas.


 

(Cristiano Jerônimo – 16.06.2025)

domingo, 15 de junho de 2025

Soneto do futuro do pretérito


Porque sou poeta e amo a excentricidade

De umas coisas que a outros não convém

Ando muito a incorrer na hostilidade

Dos mil cretinos que essa cidade tem.

 

Já as mulheres, que pena, e é verdade

Algumas delas detestam-me também

É que dou carinho, mas na realidade

Não enfeito o pandeiro de ninguém.

 

Decerto que não sou nenhum portento

Mas sei que tenho um pouco de talento

E louvo a Deus que altivo assim me fez.

 

Vós, se me odiais por minhas mil venetas,

Deixai-me em paz com minhas costeletas

Meu bigodinho e o meu sorriso tão cortês.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 1994)

Fragmentos de um mundo - Asas


Condor deslizando na crista dos Andes

Oceano pacífico nos povos do atlântico

O misticismo dos mistérios dos egípcios

A marca dos povos orientais quânticos.

 

Sioux resistentes até mesmo na extinção

América Central, Haiti, um carma fatal

Um voo raso no espaço daquela direção

O amor dos deuses e nosso amor carnal.

 

A menina foi para o sul procurar vida

O menino é ternamente seco e dócil

Estropiado, no sertão, com uma ferida

Sabe que a árida vida lá não é tão fácil.

 

O fantasma só existiu quando ele viu

Perdeu os Incas, os Maias e Astecas

Foi no que viu e matou o que não era

Nas tabernas medievais, suas canecas.

 

No meio copo, pensa no meio vazio

Sem saber que o outro está lá, cheio

Nunca desperdiça o cio da nossa vida

Transformando em belo o que é feio.

 

Como rochas, as pedras param rápido

O vento mais veloz flutua um pássaro

A planar do alto do pico de uma serra

Impávido como um gavião e seus atos.

 

(Cristiano Jerônimo)

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Lula Côrtes e Cristiano Jerônimo pintando a poesia Cristiano Jerônimo é poeta, compositor e jornalista   No aniversário de cinco anos do Flo...