sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Os arrecifes de corais


O carro tá que tá

Os automóveis tão que tão

As avenidas recebem borracha

Engana-se muito quem acha

Que ferro e concreto têm coração.

 

Eu mesmo vou que vou

O outro lado do princípio

Jamais será um precipício

Corre que o tempo já andou

Não preciso fazer sacrifícios.

 

Sacrifícios são a expressão

De um desamor próprio

E peculiar ao complexo

E vasto universo do ego

Transparentemente vivo

E funcionalmente cego

Até aonde a gente sabe.

 

Em toda a cabeça, a mente

Coração ou emoção somente

E a hombridade no olhar

Não nos torna enfadonhos

E tensos, invisíveis no ar.

 

Porque há mais coisas

Para se fazer e conversar

Com todos, com os amigos

Contigo, olhando pro mar

Nesta brisa serena a ventar

Desde ameno até a ventania

Aqui bem no fundo do mar.


O carro tá que tá

Os automóveis tão que tão

As avenidas recebem borracha

Engana-se muito quem acha

Que ferro e concreto têm coração.

 

(Cristiano Jerônimo – 03092021)

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

A la pena nuestra


Nos tempos do azul

 

São trinta lapas de doidos

São trinta loucos sentados

Milhões de desejos partidos

E um coração esquartejado.

 

São trinta copos de nada

Na dose que é só ilusão

Na virada que um dia dá

Dias de chuva e solidão.

 

São trinta dias imaginando

Quinze dias escrevendo

E outros 15 trabalhando

Pra tentar ficar sabendo.

 

São trinta vezes o nada

no período de um mês

Vivem cursos de estrada

Não lembram a insensatez.

 

São trinta copos de pinga

Com mais trinta de chope

Embriaguez vindo a galope

Ressaca que nunca termina.

 

*“São trinta copos de chope,

são trinta homens sentados

Trezentos desejos presos

trinta mil sonhos frustrados”.

 

 

*Estrofe do poeta Carlos Pena Filho | Poema Híbrido. | O poeta do azul | Soneto do desmantelo azul, blue!

 

 

(Cristiano Jerônimo – 02092021)

Aquele imenso amor


Não tenha tanta pressa de chegar quanto de viver

O lugar é aquele mesmo, o que temos que encarar

A vida é mesmo aquela toda que é difícil de entender

Que é preciso ter, sem ter nem para quê, nem como;

Quem sente na pele a vida e os seus maus assombros

Uma criança cresceu ouvindo a mesma história chata

Que a maior parte da humanidade era falsa, superficial

A canção e a poesia vêm amortecendo o impacto dos dias

Dos desmandos ameaçadores que invadem nossos jardins

O fuzil entrou para o currículo escolar do país desajustado

Os incautos e os maliciosos estarão juntos à voz do poder

Ao discurso alterado, distorcido e equivocado na Nação

Que rebola fazendo quase de tudo nesta vida por um pão

Enquanto perde para a guarda da milícia do seio da polícia

Soldados expulsos, mas com alto poder de fogo e fatal ação

Jamais este mundo será o mesmo ou voltará ao “normal”

Os tanques de gasolina no aeroporto iniciam todo o caos

Motocicletas infinitas com suas veias de gasolina azul voam

Sem mexer nas catacumbas nem nos outros vilipêndios

O limbo jurídico, o limbo da memória, o limbo afetivo

Onde as mãos do estado não chegam nem alcançam.


SALVAÇÃO

Negar a oportunidade de saber a uma pobre criança

Seria condenar a humanidade ao estado inicial do Mito

Quem entra e quem sai da escuridão da Caverna de Platão?

Resgatando os mais vulneráveis para nossa compensação

Assistindo aos mais necessitados, aqueles que são desiguais

De maneira desigual tratamos os desiguais como iguais

Ainda sobra tempo para brincar todos os nossos carnavais

Praia a praia, bloco a bloco, ladeiras até quebrar as cadeiras

Mesmo que eu desça a Ribeira às duas da madrugada e só

Não seria nada se não fosse tudo o que acalma grandes

amores.

 

 

                                                                                         (Cristiano Jerônimo – 01.09.2021)

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Para a coragem, a estrada!

 


Mais que palavras ao vento

É inimaginável ver e crer

Naqueles olhos de morcego

Escondendo uma antiga fera

Que não se movia nem amava

Um saco inútil de lama

Cujos impropérios já eram

No mundo, não há ninguém

Na vida que não seja a sós

Quando nos falta vontade e voz

Coragem de sermos nós mesmos

Em busca das coisas mais do além

Dos vampiros que não mordem

Pois nem dentes eles têm

Um chupa-cabras tímido e assustado

Com medo...

De entrar para a lista de extinção.

A máquina bebe muito sangue!

Chega aqui uma onça infame

Das caatingas de jurema envenenada

Que os frouxos se afastam logo

E liberam para a coragem, a estrada

Porque vida é vida e mais nada!

 

(Cristiano Jerônimo – 01092021 | Taubaté - SP)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...