quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Porque sou camponês



As pisadas firmes
das alpercatas do meu pai,
nas terras herdadas dos seus ancestrais
no seu sertão que sofre muito e vive em paz.

Nas estradas infinitas eternizadas pelas memórias.
Pelas histórias de cada olhar pitoresco e a menina bonita
Que beijava a minha boca com seu suave gosto de favo de mel.

Nas veredas pisadas de cavalos, de carros-de-boi que socaram a terra
Nas estradas onde a mata se recompôs, ele não viu o tempo passar
Também não contemplou a geografia infinita do universo quântico
Viciado em dinheiro que até dá pânico, está sem os olhos abertos
Não sabe mais ao certo o que é errado ou o que mesmo é certo.
Só amplidões com o medo absurdo do que vem amanhã...

Eu colhi algodão, o besouro do barbeiro acabou.
Eu fiz plantio de cana e a seca secou
Eu quis entrar num grande pranto
Mas meu olho não entrou.
Fizeram um poço de lágrimas
Como as águas salobras
Que aos meus olhos
Reservaram-se.

Combato aqui com trovão
Foice e martelo na mão!
Porque sou camponês
Guerreiro de coração.


(Cristiano Jerônimo – 22012020)

À procura do firmamento

Disseram-lhes Que eram sérios Com juramentos Plateia em silêncio Fizeram-se de justos.   O mundo está mesmo em silêncio Mas ...