Tenho
saudades da bolandeira e do bejú
Do som dos
chocalhos vindos do terreiro
De subir a
serra, passar pelo umbuzeiro
Colher as
jabuticabas indo à farinhada
Comendo coco-catolé
sob o coqueiro
Tomando
água de caldeirão com a capemba
Tirar a
quenga do coco e o coco da quenga
Atirar e
dançar em roda de bacamarteiros
Tirar inchú
pela caatinga e caçar os meios
Numa farta
chuva, a preguiça não assola
Meu Avô plantava
no inverno para o verão
Como tudo
que fez por toda aquela região
Tenho
saudades dos almoços das famílias
No Mimoso
da saudade carinhosa saudação
Eram os
meus Pai Odilon e Mamãe Marina
Eram
tantos os nossos tios e as tias-avós
Resgatando
tudo o que nos aproximou
No tempo sem
mistério, tudo o que foi antes
Meninote
lá na roça, eu também cortei palma
Para dar
ao gado, que com trabalho sustentava.
Quando eu
nasci, nasci meio morto
Depois
dezesseis vezes eu renasci
E em vinte
quatro dias sobrevivi
Nasci
voando como um anjo torto
Foi
cortejando o bem que sobrevivi
Saudades
do queijo de manteiga
Derretido
no tacho na hora do feitio
Da minha
eterna Madrinha Etelvina
Os pratos
de coalhada fresca de vovó
Puxa-puxa
e rapadura para alfenim
São momentos
que nunca terão fim
Assim como
Matias e sua cama nova
Aonde Pedro
de Lula queria deitar,
Noites que
ninguém conseguia dormir:
– Maína!, oh Maína!
Pêdo tá
bulino cum eu!
– Maína!
Pêdro quer
dormir na minha cama!
– Maína!
Pêdo qué
dá in nêu!
O Nosso
Deus consagre toda essa família iluminada, a qual eu faço parte através dos
laços familiares espirituais dos Jerônimo de Rezende.
(Cristiano Jerônimo – 16112022)
(Cristiano Rezende do Amaral)