quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Casas de farinhada com mel de engenho



Tenho saudades da bolandeira e do bejú

Do som dos chocalhos vindos do terreiro

De subir a serra, passar pelo umbuzeiro

Colher as jabuticabas indo à farinhada

Comendo coco-catolé sob o coqueiro

Tomando água de caldeirão com a capemba

Tirar a quenga do coco e o coco da quenga

Atirar e dançar em roda de bacamarteiros

Tirar inchú pela caatinga e caçar os meios

Numa farta chuva, a preguiça não assola

Meu Avô plantava no inverno para o verão

Como tudo que fez por toda aquela região

Tenho saudades dos almoços das famílias

No Mimoso da saudade carinhosa saudação

Eram os meus Pai Odilon e Mamãe Marina

Eram tantos os nossos tios e as tias-avós

Resgatando tudo o que nos aproximou

No tempo sem mistério, tudo o que foi antes

Meninote lá na roça, eu também cortei palma

Para dar ao gado, que com trabalho sustentava.

 

Quando eu nasci, nasci meio morto

Depois dezesseis vezes eu renasci

E em vinte quatro dias sobrevivi

Nasci voando como um anjo torto

Foi cortejando o bem que sobrevivi

Saudades do queijo de manteiga

Derretido no tacho na hora do feitio

Da minha eterna Madrinha Etelvina

Os pratos de coalhada fresca de vovó

Puxa-puxa e rapadura para alfenim

São momentos que nunca terão fim

Assim como Matias e sua cama nova

Aonde Pedro de Lula queria deitar,

Noites que ninguém conseguia dormir:

 

 

  Maína!, oh Maína!

Pêdo tá bulino cum eu!

  Maína!

Pêdro quer dormir na minha cama!

  Maína!

Pêdo qué dá in nêu!

 

 

O Nosso Deus consagre toda essa família iluminada, a qual eu faço parte através dos laços familiares espirituais dos Jerônimo de Rezende.

 

(Cristiano Jerônimo – 16112022)

(Cristiano Rezende do Amaral)

Seres que são gente


De terra em terra

Nada se encerra

De serra em serra

Sempre termina

Sempre começa

Façais promessas

Nas tuas festas

Sempre profanas

Que antecedem

as festas santas.

 

De gota em gota

Pisando os mares

Ares dos lugares

Flota de caravelas

Acesas as 7 velas

Quando tu sonhares

Jogue tudo pelos mares

Os pesos mortos

Os lemes tortos

Outros pensares.

 

Após as tormentas

As naus continuam

Com suas velas

De pano redondo

Acelerando o mar

E chamando vento

A água atravessada

Até um continente

Tão esperançoso,

Seres que são gente.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 23112022)

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Na mata



Não me deixe

Sair sozinho

Quando eu

Tiver medo

De me perder.

 

Me avisa

Todas as vezes

Que eu desafinar

Ao violão

O meu compasso.

 

Não me deixe

ficar sozinho

quando a solidão

se puser ao sol

Numa cena bucólica.

 

Nos edifícios e automóveis

Nas ribeiras e nos altos

Ora sobe-se, ora desce-se

Esta é a linha da vida

A reta é só apatia profunda,

 

Se for lá me chame

Para a água bendita

Que tu me ames

Na profusão

Da energia

Existente na mata

Na pureza mais bonita.

 

 (Cristiano Jerônimo – 221122)

 

  

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...