sábado, 8 de maio de 2021

De abril pra maio


Não mandaram flores nem rosas

Apontaram com a mira o canhão

De um lado, a cidade que chora

Não sabe o que fazer do coração.

 

Do outro, uma fruta bem amora

Doce, suave, ácida tão palatável

Procura o racional, o hoje, agora

Só acha muita coisa inteligível...

 

Não houve os doces ou amargos

Embora houvesse pensado assim

Entre dois ou mesmo três tragos

Espaço e pensamento são afins.


Houve o que nunca aconteceu

Há o que existe desde ontem

Quando o dia claro anoiteceu

Não se enxergou mais a ponte.


Quando amanhecer e o clarão

Clarear na vida a partir do alto

Assumir, de vez, a autonomia

E não ligar para seres ingratos.


 

(Cristiano Jerônimo – MAI2021)

 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Aclives



De tanto andar e andar

eu parei pra pensar

na velocidade

da estrada.


Nos meus caminhos

subir e ver ladeiras

veredas subindo

para a parte

em que,

invariavelmente,

desço tranquilo

para tornar a voar.


De tanto voar e voar

eu parei para comer

O que a terra me dá

Todo um dia no ar.


Nos meus pensamentos,

planar e observar a serra

Subir mais alto que a terra

Cortar com as asas o ar...


De tanto amar e amar

vejo que fui tão sincero

Entregar-me à boneca

Mulher que sobe no ar.


(Cristiano Jerônimo - 06052021)

NO ALTAR MAIOR


Esse poema é para a dor

que o destino nos brindou

A história é sobre o que passou

Com o que pediu e o que entregou.


Esse poema é para outra saudade

quem passou por outras cidades

entre as muitas que rodei, poucas

Aquele emanar de tantos beijos.


O poema é para o amor enternecido

Nos tocamos cada vez bem menos

Por um elo há muito não perdido;

Nossos espíritos terão seus tempos.


É exatamente pela maternidade

que encaro de frente esta carta

Não acredito em vidas ingratas

Porque a verdade não tem data.


Transmutar-se foi o melhor

A tarefa foi cumprida com luz

Agora outra missão já te conduz

Aos alpes serenos do Altar Maior.



(Cristiano Jerônimo - 05052021)

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Do que me leva a Deus



No túnel verde da mata

com as trilhas, picadas

umas abertas, outras fechadas

todas convidando a entrar.


Com toda a honra, adentro

com seres elementais atípicos

nas plantas e animais, fauna

harmonia de uma flora calma.


Após muitas léguas, serpentes

Fugindo de nós como a gente

Imunes, estamos em harmonia

Com o lar e o verde que se cria.


Andando pelo meio do riacho

contra a serena correnteza fria

segui por lugares tão íngremes

Donde vinha a água que eu bebia.


Das águas dos fundos das grotas

do coração dos meus olhos castanhos

pingam cristais que chamam de lágrimas

mas é só chuvisco; tempestade que se acalma.


Molhando a água com pingos salgados

suando nas subidas dos caminhos abertos

seguindo pelo melhor destino, o correto

vemos a nova geração seus belos gestos.


Daquele começo de era da pimenta do globo,

até hoje, na terra deixou de ser bom semear o mal

numa época de incertezas e inseguranças púerperas

o jagube da mata vai mostrar por Deus, a fuga do caos!


Salve Deus!



(Cristiano Jerônimo - 05052021)




terça-feira, 4 de maio de 2021

[O que faço por aqui]



A mãe-da-lua cantava

Chamava, chamava...

Nas noites de lua cheia.

 

Minha avó alertava

Sobre quem cantava.

Era uma caipora,

Mulher pequena.

 

Caiporas do mato

Os rolos de fumo

Para ela puder ajudar

A preservar e guiar.

 

Comadre Florzinha

Salamandra de fogo

O homem da porteira,

Respeito e tenho passe.

 

Rabos de cavalos entrançados

Um gnomo, um duende alado

Observa se pediram licença à mata

Antes de meter para cima o machado.

 

Faz parte do meu enlace

Com a vida que pedi

Seguirá até o meu desencarne

O que faço por aqui.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 04052021)

Fazer melhorar



A recompensa da vida é livre

Outorgada pelo Juiz das Eras

Mesmo que toquem sua ferida

Se coloque uma roda de declive.

 

A moeda do tempo é a paz

O tesouro tão escondido jaz

Perdido nos idos do espaço

A noite aplaca aquele cansaço.

 

O impropério é a falta do ser

O medo para fazer, ou reagir

O tempo pede muito mais,

Nestas alturas do campeonato.

 

Caminho de passarinho é ar

Coragem de homem é pensar

Não dá tempo nem como voltar

Não há nada que possa mais vir.

 

Diante da natureza da ideia

Pensamentos são traiçoeiros

Apostar treme na porta certa 

De pazes com o seu travesseiro.

 

Saber que todo dia é o primeiro

A jornada não dá mapa a seguir

Sem o certificado de garantir

Nem o manual de instruções.

 

Os corações são tão imprevisíveis

Na mente, ela aciona mecanismos

Que mexem com o nosso egoísmo

Para depois vir-nos fazer melhorar.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 04052021)

domingo, 2 de maio de 2021

Navegar é preciso II (02MAI21)


O que é que querem mais

se tudo o que fazemos é pouco

é errado ou equivocado, louco.


A chamas do mal

ganharam o espaço

que nós concedemos.


Eles estão sempre

procurando insatisfação,

frustação e medo.


Uma dor lá no peito

de quem não aprendeu

a jogar a âncora no mar.


Os navegantes alertam,

tempestades distantes

Nós mesmos atraímos.


Eles acabaram a floresta

e a lei que se faz insensata

é a mesma que lhes maltrata.


A cada dia, amém, melhoram

os seres bonitos da regeneração

sem egoísmo, orgulho e ingratidão.


Retirar a âncora na hora de zarpar

Não viver de medo de cruzar o mar

Apenas ver o mundo por uma luneta.


(Cristiano Jerônimo - 02052021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...