segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Asas da gata que dá rasante




Apressara o passo para ter com ela. Cada pisada na rua jogava água nas poças dos contornos do meu coturno. Os pingos iluminados pelas luzes de neon.

Fui aos quatro cantos da região. Não vi mais você. E falaram no Alto da Fortuna, fortuita, não era lá. Na Lagoa do Náutico/Olho D’água num estava, nem em Peixinhos ou Boa Viagem. Ibura. Espinhaço da Gata. Sei lá. Em nada.

Solitário no Parque da Jaqueira, você pulou de cima de uma árvore e me abraçou. Adrenalina a mil. Enquanto eu te procurava, você me achou.

Os trabalhos andam muito instáveis, mas graças a Deus tem a base e a criatividade. Sempre não desanimar para recuperar. Tudo. Até o tempo perdido que se faz agora.

Não tinha uma lógica cartesiana, mas uma cabala para calcular. O pulo da gata saltando sua vida para ascender. Viver, morrer, viver.

“Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem...”. Eu também. Mas nem por isso eu vou culpar alguém. Ninguém tem qualquer responsabilidade sobre nossas escolhas e posicionamentos. Só não deixemos que isso tudo vire tormento. Não, não.

Em cima do muro, na noite no escuro, eu te vejo felina na beira do mar. Te afastas quando me chego e te transformas em sereia a voar. Bate o baque, baque que é o bate. Mesmo que se cale para contemplar o rito espiritual do atabaque.

Ainda não resolveu andar a cidade. É quando ela some e eu fico procurando em todas as ruas. Tem uma necessidade especial de liberdade. Voa! Voa! Voa! Ela voou.

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...