sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Últimas conversas e shows com Alceu Valença marcaram o final da trajetória de Lula Côrtes, dias antes do Mago das Artes se encantar

Alceu Valença e Lula Côrtes remontam a psicodelia nordestina e Lula Côrtes é homenageado pela platéia no SESC Belenzinho em São Paulo, ao lado de Alceu Valença, poucos dias antes de partir para encontrar com as iguanas e a vida do sertão. 




quinta-feira, 28 de outubro de 2021

No sertão e no mar



Nas areias da caatinga sem pasto

Todos os bichos pastavam

E não encontravam nada

Para viver do farelo e do sal

Ração pesada para animal.

 

Gado é como sustentar famílias

Já o bode se vira; sobe a serra

E come folhas e pastos secos

Quando está em apuros berra

Também come frutas frescas.

 

Os calangos, tejus e tatus-peba

Trazem consigo a ancestralidade

Dos homens que cuidavam dela

Ao que eu me refiro é à terra

Muito fogo e motosserra na mata.

 

Eles são brutos, arrogantes, vis

E uma massa equivocada segue

Com pobres de ultra direita

Avalizando os desmandos de lá

Essa pobreza é quase uma seita.

 

Nas areias das praias desertas

Todos os peixes nadavam

E não estranhavam nada

Viviam das algas e do sal

Ração natural para animal.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 28102021)



Se tu achas

que o processo

é calculado e puro,

eu te digo,

com expetise,

que quiabo

não fica duro,

nem gado

pasta no escuro

e na mesma mesa

onde não conversavam

nem dialogavam

não planejavam

carregavam a culpa

pois igreja falou

que não pode

ser valorizada

porque acredita

e não crê em nada

vou separar uma almofada

entregar para um indigente

e achar que sou um pouco mais gente

só porque cumpri com a minha obrigação.

 

 

 

 (Cristiano Jerônimo – 28102021 – Barranco – Taubaté/SP)

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Viver hoje em dia



Flutuar em Copacabana

caminhar em boa viagem

comer do melaço da cana

fartura, época de moagem.

 

Via revistas com edifícios

carros e cacos, caos diferente

a chuva não gera conflito

a falta mostrava o que é gente.

 

Do Farol a Barra, do Cristo,

nosso mestre redentor

faz o homem parar com isso

essa mania de pouco amor.

 

Como o jacaré do pantanal

churrasco de queimadas

de animais vivos e sãos

vítima da falta de coração.

 

Ainda dizem que é destino

só se for condenação

ouço falar desde menino

nunca abra o alçapão.

 

Metal líquido e enxofre

mercúrio, ácido e cores

o eclodir dos amores

fim de todas as dores

e a vitória do coração.

 

 


(Cristiano Jerônimo – 25102021)

De que lado está...


Sentir a brisa do vale

na serra, nos lugares

águias voando no céu

água rolando no véu

de fumaça que cai

das gotículas de amor.

 

O símbolo profundo

das águas correntes

das cascatas de iara

toda miração tem a luz

força que nos conduz

forma de driblar o medo

diante do outro amigo

mais do que isso irmão.

 

Na guerra quente urbana

no faroeste sem futuro

por detrás daquele muro

tem uma cabana

com uma cigana

se não me engano

sabia um pouco de tudo;

sem morrer antes do tempo

sem se assanhar antes do vento

principalmente, sem se desvairar.

 

Não é tormenta nem tormento

é o buraco que suga para dentro

é o passado milenar que não lembramos

o que tecemos e o que desfiamos

o que crescemos e o que amamos

a hora de olhar para o mais fraco e dizer:

- estou do seu lado, o que vamos fazer?

 

 

  

(Cristiano Jerônimo – 25102021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...