segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Tão somente...



Silêncio!

A voz que fala é a que cala

A voz que cala é a que falta

Tão somente...

 

Papel estêncil

As intenções intentadas

As florestas mal curadas

As conexões inusitadas.

 

Puxa o gatilho da vida

Um alvo não traz conforto

O silêncio é ensurdecedor

O que vem depois do topo.

 

Uma vida e mais um sopro

Uma inexplicável alegria

Que explica coisas da vida

Visões do que aconteceria.

 

Somos barcos, não carros

No mar os ventos nos fazem mudar

No asfalto a água não vai penetrar

Rios subterrâneos, canais de esgotos.

 

Alagamento onde foi feito para alagar

Desabamento onde deixaram desmoronar

Barragens de rejeitos rios afora até o mar

Petróleo que mata a costa sem se rastrear.

 

Fala!

A voz que fala não cala

A voz que cala não mata

Tão somente...


(Cristiano Jerônimo – 27122021)

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Piégas de pérolas astrais



TOMO I

[Nunca voou no esquecimento

Eu nunca, mesmo, te esqueci

Sempre houveram bons momentos

Faz tanto tempo que, até um ano atrás eu não mais te via

O que ficou na memória foi a nitidez de tudo que eu vivia].

 

[Falo por mim, que nem sei,

Não me atrevo a falar de novo

O que foi dito pelo não dito

Fiel, eu confesso que acredito

Em tudo o que é assim pacífico].

 

[Eu amo poder ajudar-nos juntos

Por horas, dias e até segundos

Se for preciso chorar, choramos

Enxugamos o rosto e avante vamos

Nunca ser o que não se quis antes

A tendência da vida é melhorar].


TOMO II

 

Prova a existência de dois mundos

Ambos presentes em nossas vidas

Com a hora de chegada e de partida

Frequência em frações de segundos

Semelhantes atraindo semelhantes

O que pensam para hoje e amanhã

Bastando um dia para retocar a maquilagem

Porque o amanhã reserva acordar de novo.

 

A busca das abelhas e colibris pelo néctar

Os animais sabem onde há sinais de água

Os animais sobrevivem sem nenhuma mágoa

Os arvoredos caem mudos ao som da serra

Motores de destruir vidas do outro lado

Num planeta que já vive contaminado

Pela podre mão de sujeitos sovinas e maus

Chega uma amiga e diz que tudo isso é normal...

 

Lóki escuta e decide mostrar a sua realidade

Reúne toda a sua frieza, calculismo e ódio

Deixa todos brancos de compostos de sódio

Com as ventanias sombrias das pedras de sal

Chega e pinta uma bandeira bem grande de cal

Burla a regra da trégua da restauração da paz

Ataca seus inimigos de forma covarde por trás;

Torna-se o homem menos confiável da terra.

 

Nas bandas de Custódia, os bodes berram

Em israel , as portas da Palestina fecham

Aqui ao meu lado, teu sussurro me acorda

Saio do sonho, entro em você e não durmo

Longe das expectativas do nosso consumo

Longe também de alguma coisa faltar...

 

E ele encerra o firmamento como um fio

Fala de vampiros, com medo e arrepios

Fala, na verdade, de amor puro sangue

De atratores de alma boas, brancas e azuis

Um divino cordeiro que se sirva na mesa

Lá fora vem o sopro do novo dia de colheita

Bater feijão seco com uma madeira de porrete

E um dos dias, melancólico, tão serrano e azul

No pé de uma montanha que guarda a mim

No alto de uma montanha na qual cresci.

 

Curandeiros e descendentes de índios

Circulavam e faziam suas poções mágicas

Baseados nos seus estudos empíricos

Os que encantavam iam para as galáxias

E deixavam aqui uma cultura oral exímia

Ensinavam a apurar, decantar e a curar

Sempre ao lado, duas plantas de força

Os portais da consciência esclarecida

O tabagismo dos índios em suas rodas

Irmãos da dita e bendita américa do sul

Implantaram a fumaça na tribo da paz

Se você quiser, não me importo, não ligo.

 

Nos terreiros, o espírito carrega

Nas igrejas, o espírito se alegra

Nos templos, procuramos Deus

Nas ruas, nas flores, nos pássaros

Tudo está, quase, em seu perfeito lugar

Exceto o que homem que decidiu se acabar.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 21122022)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Era como se fosse carnaval. Sei lá...


 Queria escrever sobre arco-íris

Todos os unicórnios voadores

Cavalos marinhos cantadores

Os mais puros anjos pastoris.

 

Queria falar também em magia

Em vários tons de um preto só

De 0,0% a 100%, todos iguais

Só não desatam o mesmo nó.

 

As tais das oportunidades vãs

Que a maioria busca acessar

São nada mais que campanhas

A novidade é de quem lucrar.

 

Queria escrever sobre arco-íris

Batuques de ritmado maracatu

Multicoloridos no carnaval

No bloco da saudade; marchas.

 

Os mais puros anjos pastoris

Voaram nos unicórnios alados

Boi Bumbá fez suas evoluções

Caboclinhos, seus antepassados.

 

Queria escrever sobre cavalos

Todos os unicórnios voadores

Odeio o fundo mar, as sereias

Mais loucos anjos predadores.

 

Para me proteger das agruras

Valorizo o amor que eu tenho

Derramando muita candura

A dois com dois empenhos...

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 20122021)

O teu cheiro de fulô


Eu a vejo muito jovem

Com muito amor no coração

Seu existir de bondade

O seu ser de verdade

Amor do tamanho do mar

Faz-me soprar uma canção.

 

E a vejo menina e mulher

Seus cabelos pretos são meus

Eles fazem cócegas em mim

E é tão bom sorrir assim

O sabor novo do gosto vivo

Um tímido e belo olhar altivo.

 

Sinais do que estás sentindo

Das experiências, o positivo

Um momento de muita paz

De viver sempre sentindo

O peito cuja brasa abranda

Mesma trilha a gente anda

Exalando teu cheiro de fulô.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo  - 20122021)

Qualquer coisa


 Para saber

que alguém

sente falta de você.

 

É preciso ver para crer

e acreditar na confiança

da pureza das crianças.

 

É preciso passear

entre os girassóis

para sentir a luz.

 

Precisa fazer a feira

encontrar a paz

montanhas atraentes.

 

Assim...

 

Ter planetas

e asteroides

iluminando

o céu amigo

constelações

orientações

dos orientais

saberes

dos povos

da américa

que já existia

antes de qualquer

coisa

Que não fosse américa.

 

 

(Cristiano Jerônimo)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Parece festa, mas não é


Um carrossel de pôneis

Montanha russa de unicórnios

Arco-íris, por do sol cor lilás

A certeza de que podemos muito mais.

 

Uma ciranda na beira do mar

Uma balada ouvida pelo ar

Espumas de ondas a quebrar

Lugares que a serra entra no mar.

 

Há cidades ribeirinhas, palafitas

O calo aperta, mas o povo não grita

Até a reconstrução do eu na identidade

“Fazer com” incluir-se na sociedade.

 

Observo os tamanhos das cidades

A partir da ótica do nosso cotidiano

A mente pode ser maior e tão liberta

Quando matamos os fantasmas que criamos.

 

É o momento no qual nos libertamos

E passamos a ver a nítida realidade

Sem acreditar em insinuações funestas

Sem acreditar que tudo isso é uma festa.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 16122021)

Retrato do retrato

 


Educação formal ou informativa

a razão total, liberal e subjetiva

as normas cultas então vigentes

os hospitais com seus pacientes.

 

Antes de estar doente, profilático

não vai esperar um sorumbático

cliente sadio ou morto sem lucro

ir direto para o fundo do sepulcro.

 

No parque de diversões americano

na colonização do nosso cotidiano

na aresta mal aparada da relação

aperto de cinema bem no coração.

 

Qual o filme que estamos vivendo?

em qual galáxia estamos girando?

interessa-me o que estou fazendo

o que faço e o que ando plantando.

 

Principalmente, se ficas tão calado,

é um sinal de que algo anda errado

e que se muito falas, dá estranheza

não importa o bom teor ou a beleza.

 

Nobreza de pessoas está no amor

a riqueza delas é o não sentir dor

com todo direito que se é garantido

boas intenções não têm um partido.

 

 (Cristiano Jerônimo – 16122021)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Meu avô desconhecia...


Coruja aberta nas asas da borboleta

Ferida fechada em área difícil acesso

Telegramas fonados e o intrigante 142

Vagarosamente correm os processos.

 

Artérias de asfalto não trazem sangue

Do que o homem é capaz é duvidoso

Motosserras na floresta e muito fogo

Uns cuidam para que não se enganem.

 

Ver o futuro para o outro é uma opção

Ou não é, e simplesmente é, esta vida

De detalhes tão nobres feitos de cobre

Miséria pouca e na cabeça a bobagem.

 

Que retroalimenta os dias dos jovens

Os guiam, teleguiam sua localização

Roubando a infância tenebrosamente

Diminuindo contato, o amor no coração.

 

Coisas que meu avô jamais aceitaria;

Sequer se daria ao trabalho de saber

Que nós vivemos numa gaiolocracia

Dependentes da esmola do governo

Coisas que o meu avô não conhecia.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 15122021)

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Jardins botânicos


Eu prefiro um jardim de parque

Ou um banco de praça simples

Algo assim, que me faça índio

Num lugar mais puro e lindo

Para a gente ficar e namorar.

 

Eu existia na sua adolescência

Com a mesma idade e o país;

Oriundos de cidades distantes

Encontramo-nos frente a frente

Para pensar o futuro e o presente.

 

Não me enchem os olhos avenidas

Eu curto muito mais um bosquinho

Passei parte da vida pelo laguinho

Com baobás e plantas tão bonitas.

 

Dos ipês de Taubaté, teu GPS

As tuas coordenadas entre si

Tudo o que eu sonho para ti

E tantas coisas que mereces,

Esfria a cabeça e faz uma prece.

 

No outro dia, todo dia amanhece

Vamos dormir coladinhos no céu

Assim, é que as coisas acontecem

De onde sempre tem o nosso mel

Sendo tão saciáveis que ascendem.

 

  

(Cristiano Jerônimo – 14122021)

sábado, 11 de dezembro de 2021

De scores e de retorno



Hoje, escuto fake no more

Uma sambista de funk nua

Uma menina deitada na rua

Jogadores olhando scores

As harpas para atrair a lua

Os homens sem os bigodes.

 

Bigode é símbolo de bosta

Eu vi tudo mudar no tempo

Vi a ascensão e vi a queda

A rapidez infinita do vento

Revelação da verdade crua

No desconforto do desalento.

 

Ele fez por onde merecer

Tudo aquilo que aconteceu

Ele até tentou arremeter

Mas o avião parou de voar

O coração sem dar a vida

A imaginação adormecida

E muitos corpos pra contar.

 

Na roça, no mato, vagalumes

Trabalho árduo para cultivar

E colher tudo o que plantou

Os frutos que a terra não dá

De volta; da Lei do Retorno

Do que falsamente era gozo

E nem dava para acreditar

Que um belo dia ensolarado

As máscaras todas iriam cair.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 11122021)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Narrativas do cotidiano (III)


Homem sóbrio e boa gente

Francisco usava sua mente

Atrás da chave da liberdade,

Preso às rédeas da cidade.

 

Nasceu pobre e quis estudar

Achava que não ia realizar

Aquele sonho que era direito;

Na sala de aula, preconceito.

 

Foi mais chocante no começo

Já que “Narciso acha (tão) feio

O que não é espelho”, pensou:

Quero similitude e ter um meio.

 

Buscou muito as universidades

Não queria ser tal o pai agricultor

Iniciou num emprego de cobrador

Circulava sentado pelas cidades.

 

Passava o troco como um robô

Seria trocado pelo elo eletrônico

Cartões pagariam e receberiam

O problema se tornaria crônico.

 

Foi promovido a ser supervisor

O tempo todo era pressionado

A fazer determinadas coisas

Que atingiam seu próprio lado.

 

Cobrava tudo dos encarregados

Traços de “ter pertencido” àquilo

Os tempos estavam mudados,

Nem sempre dormia tranquilo.

 

De supervisor geral de cobrador

Passou a ser um desempregado

Viu que o poder muda e traz dor

E esse caminho não é facilitado.

 

Aos 70 se aposentou e quebrou

O salário mínimo é muito menor

O cobrador saudava o dinheiro

Que arrecadava para o maior.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 08122021 – Taubaté – SP)

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Belo enredo


Onde nascem as águas

que cobrem a terra

necessárias às plantas

às espécies do planeta.

 

Da mata, brotam gotas

mais velozes que o vento

mais precisas que o tempo

da vida, de pessoas coisas.

 

Onde morrem as águas

que saem das cachoeiras

nas aldeias das cidades

que despejam os dejetos.

 

Nossos anjos protetores

têm trabalhado até demais

expressando seus amores

nos levam ao banco da paz.

 

O suco da mata é pura cura

A saracura está no arvoredo

Sem medo, fobia ou loucura

Segue em paz um belo enredo.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo Valeriano – 07122021)

Sem olhar detrás



A melhor aprendizagem foi com os LP’s

mudava de escola, de idade, crescia

comprava discos novos no dia a dia

e de forma evolutiva me apresentava

ao lirismo dos poemas musicais

dos ritmos que a vida me trazia

dos instrumentos e da musicalidade

a poesia mais pura do fundo da alma

longe da grande cidade formigueiro

no meio da fumaça invisível do caos

entre os bons que serão os primeiros

e do sofrimento dos que são maus

a pedra jogada que fica e volta logo

com o afago que contempla o fogo

As rodas que moem através do vento

O giro solar que corre a favor do tempo

As estrelas mágicas que vivem a voar

Os vagalumes usando energia lunar

Para extrair da noite o próprio brilho

Se levantar em frente sem olhar detrás.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 07122021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...