sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Quase nada a mais



Tem um mais no meu caminho

um acreditar que me segura

a terra não é só mais um ninho

nem há distância nas alturas

tudo vive a planar no nada

do acaso eclodiu uma esfera

de tamanho meio médio,

entre uma bola de tênis

e uma de ping pong,

do círculo que explodiu

suas ondas insistentes

se expandindo em feixes

de matéria luminosa

num universo escuro

do tamanho do tudo,

somado a quase nada,

tanta gente presunçosa.

 


(cristiano jerônimo – 20082021)

 

Tinteiro de pena



Esse tesouro chamado desejo

Mora distante e é arriscado

Insistente quando vai entrar

E displicente quando vai sair.

 

Quem não belisca

Não petisca

Salte alto na pista

E voe muito mais.

 

Se puderes sair

Dobrar todas as esquinas

E voltar

Na reformatação da ida

No beijo daquela menina

E no sangue dos meninos

Da Favela da Roda de Fogo,

Entenderás o que falam.

 

Esse clarão chamado vida

Tem na luz a ininterrupção

Das nossas cores cobertas

Um certo dia vai fervendo

Os fungos decompondo

O dia a dia do cotidiano

De um sujeito normal

Seus grilos e agregados.

 

Me representa bem a tinta

A cor da edição dos impressos

Da molecada que a gente

Viu longe, na periferia

Um pedaço de um jornal.

 

Para avançarmos

Em gerações

Bem maiores

Sigamos o sino

Dos dias melhores.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 19082021)

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Num digo nada...



E agora, bola de cristal?

Cristalizou seu pensamento

Com o cérebro voa o vento

Carregado e com sinal.

 

GPS da Caixa de Pandora

Apareceu em Sacramento

Têm em todas as cidades

Uma rota sem demora.

 

E agora, Índia Mãe da Lua?

Tivera todo o pensamento

Deixei-a inteira no convento

Cuidei dela no meio da rua.

 

O corte transversal do medo

O salto é uma aposta melhor

Se você domina um segredo,

Os seus sonhos não viram pó.

 

Alguma coisa não cheira a rock,

O resto tudo, tudo é blues’n’roll

Se faça entender quando puder

E no caminho do destino eu vou.

 

Faço sem causar estardalhaço

Faço também alardeando ao vento

Passei a respeitar os meus momentos

Rindo do meu próprio holograma

vejo que é fartura e o que é escassez.

 

Místico com a raiz da jurema-preta

Espiritual como as reencarnações

Meu amigo irmão, não se esqueça,

De ouvirmos atentos aos corações.

 

Falem sempre menos. Atuem e façam!

No peito, na coragem e na raça

Descubra a resposta do que indaga

E curta os seus momentos na praça.

 

Não era só uma vertigem de menino

Era o toque do batuque de um sino

Igreja de duas torres, e outra de uma,

Onde ficavam os frades no carnaval.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 19082021)

 

 

 

Na verdade, pra frente!

 



De costas

para o abismo,

eu sigo

em frente

e não caio,

não voo

sem raios.

Se é

para ter

mais emoção,

então vamos lá

voar faz bem

entre a terra

e sobre o mar

um plano suave

um pouso profundo

como um galope

na beira do mar.

 

 

(cristiano jerônimo – 19082021)

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Meu animal


O eterno bobo da corte

Aquele se faz e faz rir

Do nada, do tudo,

De dentro da alma

Que me habita

Confusa de nada

Graças a Deus

Isso é sinal

De percepção

E bom senso

Esse magno

Animal

De estimação

Nos perigos

De verdade

Conta comigo

Mesmo

Muito mais vivo

Para ajudar

Sem vaidade,

Até porque preciso,

De verdade. 

 
 
 
(Cristiano Jerônimo – 18082021)
 

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Raízes sem Américo ou Cabral


Ninguém via a necessidade

De decompor o reciclável

O sujo de toda uma cidade

Rica, pujante e miserável.

 

Eu confio meu coração ao pajé

Até mesmo para ir ao fundo do ar

Podia desenhar o amanhecer.

 

Mesmo em pleno fim do dia

Podia ter sem como não ser

Até quando tudo subia e caía.

 

Não confiei em representante

Desconfie muito, até distante

Das bandeiras desbotadas.

 

Veio o tempo do hierofante

Quando o véu não escondia

Nada da mistificação de antes.

 

Da ilusão que viveram e guardaram

Dentro da caixa da realidade quista

Uma importante e pobre conquista.

 


(Cristiano Jerônimo – 17 de agosto de 2021)

Cidade imaginária


Desceu a rua em desfile

Achou que não era com ela

Depois do aclive havia declive

Subia e descia como passarela.

 

Acreditava em subir nas árvores

Acreditava em deitar no chão

Pensava saber mais do que sabia,

Não estava certa e ainda sem razão.

 

Em versos livres libertários

Recitou poemas e a plebe levantou

Arbitrou jogos planetários

Levou consigo o que sempre carregou.

 

O reconhecimento da necessidade

De transpor barreiras relativas

Ela andou por toda a cidade

E achou aquele tecido de chita.

 

Voou numa asa delta imaginária

Da Caixa D’água do Alto da Sé

Até a Cruz do Patrão no Recife

Estuário da cidade imaginária.

 

Sob quatro camadas de aterros

A cidade morreu e a gente vive nela

Nada vale mais que um sossego

Café, e pão francês com mortadela

Depois, uma goma de mascar com ela.

 


(Cristiano Jerônimo – 17082021)

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Vida pétrea e natural



É um raio de luz em profusão com os fungos que a tudo degenera, ratificando o princípio de que, na terra, “nada se cria; mas tudo se transforma”. Se retroalimentando como faz a floresta de Londres ou mesmo as matas das brenhas do vasto Brasil, assim somos nós, criaturas que foram tolhidas na carne do caule do tronco da sua essência e existência.

Portugal roubou as terras matando, dizimando os donos em latrocínios terríveis. E se foram os nossos esquecidos e relegados povos indígenas, além de um tanto de remanescentes da população negra, escravizada em todo o Brasil e trazida à força da África em subumanos porões de navios fétidos, os ditos negreiros. Ali se formava uma fotografia emblemática, de uma vez por todas, do que viveria pela frente a nossa jovem Pátria do Monte Pascoal.


(Cristiano Jerônimo)

O óleo da costa



A vida com óleo e com graxa de trem

os supercomputadores sem coração

vítimas dos menos gente ou de alguém!

cada um, nessa vida, só dá o que tem.

 

Temos medos de serpentes burras

somos fóbicos adrenalizados pela angústia

de usar todo dia uma túnica

ou sentar na praia na beira do mar.

 

Cada um vive a sua própria ilusão

em algum momento da vida a luta

quando nos deixamos mais fracos

ficamos como nunca imaginamos.

 

Das batalhas que foram perdidas

da guerra que eu não inventei

quando perdemos os corações.

 

Tínhamos medo de serpentes

éramos fóbicos pela angústia

e todo dia uma túnica

na beira do mar...

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 16982021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...