sexta-feira, 23 de julho de 2021

Espaçonave de asfalto



Tereza já bem sabia

Bateu na minha porta

E falou o que queria

Mais viva que morta.

 

Seu ser falou também

O que quis e conclamou

Tentou olhar mais além

E quis decolar no trem.

 

Correu as ruas e os olhos

Do amor que foi de trem

Nos ofícios dos seus ossos

Vida fria o calor que vem.

 

Falou que da vida vinha

O calor da existência nua

Nossos corpos exotérmicos

Igual ao calor e frio da lua.

 

Foram barcos e neurônios

Subiu o rio em piracemas

A água da mata decantada

O coro corrido das seriemas.

 

Tereza é quem sabe melhor

Dar notícias de algum amor

Ela vive pensando em casar

Conhece os homens de cor.

 

Devaneios à parte, acordou

Gato não gostava de tão alto

Foi na avenida e subiu na lua

Numa espaçonave de asfalto.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 23072021)

terça-feira, 20 de julho de 2021

Azougue

 


Vamos viver os brinquedos

ouvir o batuque dos batuqueiros de lá 

A ciranda encantada envenenada de mil megatons...

Cada canto é um canteiro, com culturas a plantar e colher sabedoria

Fui a um lugar em outro canto, sem telúricas dúvidas, e vi que devo estar sempre no mesmo lugar que eu.

E viva o sol! E viva a lua!

Viva João! e Viva Maria!

E viva o sol! e Viva a lua!
duas crianças no meio da rua.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Maracas de Rabicó



10! De uma conversa esquisita

E de a La Ursa eu já cansei

Ainda procuro o ouro do tempo

Levado no vento do que não sei.

 

Mais! Fingiu-se de morto e se foi

Inocente, a olhar tudo atentamente

Sabendo exatamente o que há em volta

Que faz da vida sempre insuficiente.

 

Deu uma de João sem Braços, adeus

Não me ajudou na noite escura, fariseu,

Na qual eu ingressei no destino das armas

E saí para ficar fora do ar compulsório.

 

E foi um misto de ternura, saudade, emoção

Ressaca, coriza e exaustão. Confundindo-as

Com amor, relaxamento, paz e muito tesão

As épocas se buscam pela nossa predisposição.

 

Conversas para boi dormir,

Maracas de Rabicó

e na cruz um lendário

curandeiro Centenário

que ali morreu tão só.

 

[Maracas de Rabicó

e na cruz um lendário

curandeiro Centenário

que ali morreu tão só].                            (Estribilho)

 

 

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 19072021 – Taubaté –SP)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...