sexta-feira, 23 de julho de 2021

Espaçonave de asfalto



Tereza já bem sabia

Bateu na minha porta

E falou o que queria

Mais viva que morta.

 

Seu ser falou também

O que quis e conclamou

Tentou olhar mais além

E quis decolar no trem.

 

Correu as ruas e os olhos

Do amor que foi de trem

Nos ofícios dos seus ossos

Vida fria o calor que vem.

 

Falou que da vida vinha

O calor da existência nua

Nossos corpos exotérmicos

Igual ao calor e frio da lua.

 

Foram barcos e neurônios

Subiu o rio em piracemas

A água da mata decantada

O coro corrido das seriemas.

 

Tereza é quem sabe melhor

Dar notícias de algum amor

Ela vive pensando em casar

Conhece os homens de cor.

 

Devaneios à parte, acordou

Gato não gostava de tão alto

Foi na avenida e subiu na lua

Numa espaçonave de asfalto.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 23072021)

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