quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

via correios esteio




Por eu ser também
supostamente
não é argumento.
uma vez que cada um
é o que simplesmente é
e o que pode construir
e reformar por dentro
toda a atenção...
...ao que é lá de fora.

é diferente
só reconhecer o orgulho
de outrem,
quando mais
de orgulho
é o que se tem.
o egoísmo fatídico
da sobrevivência
da mística do dinheiro.

Eu preciso, eu necessito,
eu exijo
eu desejo momentos de santa paz
que me afastam de energias do cais
quando, na maré alta, o orgulho nos sufoca,
pula o Carnaval feito a pirueta de uma pipoca
e, toda vez que chove, a merda viva transborda.
Na palma da mão do chiquérrimo cartão postal dos 
correios.
que esteio? chega a ser ridículo e feio.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Missus sum



Omnis potentia procedit ad regem, infami patibulo suffixum saevae dynastia,
In quo vivimus
Ut nos de sal lacum missus sum.

As motocicletas são nossos cavalos

Foto: Cristiano. Praia de Guadapule, A Ver o Mar


Pela segunda vez na minha vida, me sinto encurralado. A primeira foi aos 16,17 anos. A crise do “o que vou fazer? Para onde é melhor? Por onde é que sai?...”. Na adolescência, chamamos de crises existenciais. Hoje, mais velhos, denominamos aperreios. Porque há quem pense que isso é coisa de criança ou alienado, coisa que o valha. Mas para quem não perde a esperança, a fé de subir num monte de serras e chapadas, de motocicleta e gasolina, transpondo obstáculos comparáveis às agruras da vida. 32 anos. Transpondo-os.

Asfalto de motocicleta. Estrada de barro. Vereda íngreme ao lado de um penhasco generoso A 370 quilômetros do Recife, 150km/h de velocidade média. O vento rasgando meu corpo e me refazendo no frescor das correntes de ar frio. Liberdade de motocicleta é tão emocionante quanto a vida. Você cai. Se levanta e segue. Voltar, muitas vezes, é um caminho sem volta. 42 anos. Motor de 300 centímetros cúbicos, 250cc, 215cc a perfeição, CRF total. Subo poste e desço poste. Não deixo que ninguém encoste sem a devida boa intenção. Eu sou do mato e as motocicletas são nossos cavalos. 44 Cavalos de força!

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Aguerridas e bélicas



Venha entrar
Na nossa música.
Venha provar
Toda a nossa poesia,
Viver um novo dia.

Vamos dar as mãos
Como crianças
Rodar e dançar ciranda
Aterrando energias no chão
Fazendo circular nossa paixão.

Vem e entra bem devagarzinho
Sem fazer muito barulho
para não me assustar.
Sou a fera mais aguerrida e bélica;
Sou também bela pintura de aquarela;
Às vezes até uma joia feita verdadeira
Em tantas outras a exaltação do falso.
____________________________________________________

Vamos correr juntos na Jaqueira,
Caminhar no calçadão de Boa Viagem,
Explorar o Recife Antigo, e deixar...
Deixar para se dedicar na outra semana
A Olinda. Ela merece a nossa reverência.
Berço de cultura, de luta e efervescência.

Arco-Íris



Eu não posso vencer a ninguém
A não ser a mim mesmo.
E seguir o meu caminho
Sem caminhar a esmo
Até chegar novo princípio.
Sei que é sempre assim
Se o arco-íris é o início
É também infinito e fim!


(Cristiano Jerônimo)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Abolitio criminis



(Texto com palavras e termos em latim)

O supremo!
Literatus!
Superior
Juízo inicial
Abe ovo
Juízo final.

Abolitio criminis
In cannabis
A Deo rex, a rege lex
Amicus curiae
Bella matribus detestata
Bis in idem

O supremo!
Impetarus
Como Mau
“Urge dracon!”

Auribus teneo lupum
Barba tenus sapientes
Brutum fulmen
O imperador não está acima da gramática
Caesar non supra grammaticos

Carpe Noctem
Carpe Diem
Cartigat ridendo mores
Corvus oculum corvi non eruit
Cui bono?

Ex nihilo nihil fit
Felix culpa
Homo sum humani a me nihil alienum puto
Ignotum per ignotius
Vox nihili
Ser.



Nada de comportamento hostil
E nada de querer fugir do Brasil
Quando não é nossa vida que cai,
É toda a lama que de nós se esvai.




(Cristiano Jerônimo – 28012019)


Não era o fim do mundo...

Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco


(Temporal da manhã da segunda-feira, 28.01)

Trovões, relâmpagos e muita água tomam conta agora da cidade do Recife e toda a sua região metropolitana. Precipitação quase incrível, a não ser pelos clarões da manhã fria e escura, com a água lavando tudo e renovando as energias das águas paradas que ela mesma ensina.

Os córregos da cidade aterrada, castigada pela falta de opção para as águas da chuva e do mar possam adentrar nos seus manguezais e elevar o nível das águas do continente. Saindo pelos ralos, de baixo pra cima. Manguezais que nem existem mais. No máximo, 15%. A Mata Atlântica, 4%. A Mata de Dois Irmãos, da Reserva de Dois Irmãos, está sendo ocupada desordenadamente pela falta de sérias políticas habitacionais no Brasil, que foquem nos bolsões de maiores vulnerabilidades sociais.

Eu fico imaginando o que estão fazendo nessa chuva aqueles que estão morando na rua, nos morros também. Nas barreiras. Das partes baixas da cidade que já vive abaixo do nível do mar. Já os transtornos dos automóveis, são diários e quase todos sobrevivem. Como pintos molhados, voam. E os estrondos são cada vez maiores. Cheguei a ver anjos e trombetas num trovão ensurdecedor. Quando vi o maior relâmpago, decidi: “Estou pronto. Pode me levar!”. O temporal passou e eu não morri.

Vamos conversar

Pela primeira vez, Vamos conversar Nossos diálogos Sem monólogos Ouvir a alma da voz Se precisar explicar Que fiquei sem saber...