sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Abaixo do nível do mar*


Há três fábricas juntas

Unidas na beira de um rio.

São as três oriundas

Do riscar de um fósforo,

Num pavio que o homem

Não imagina onde dá...

E acredita na vida

Acreditando em matar...

Três meninas juntas

Unidas na beira do cais

Jamais foram vistas

Lendo revistas,

Brincar carnavais...

Três casas afastadas

Tinham mais três estradas

Além de outras longe do lar,

Que era pequeno e longe das fábricas,

Próximas ao fim do medo

De se jogar no abismo que lhes era

Imposto...

...seu rosto, até hoje, não pude lembrar...

Vivo na cidade que afunda, que afunda

Ao mar.

É muito incerto habitar uma cidade

Que tem na noite o arrepio

Do escuro de um beco sombrio

Onde aquela menina orgasma trocados;

Tendo os olhos serrados;

Fitados num norte sem cor.

Ouvira falar de amor

Numa esquina da vida

Que desde a partida não custou a acabar...

Escrito em 1993 e publicado em 1999 no 2º Congresso Brasileiro de Escritores (UBE), 17 anos atrás.

Mauricéia,Veneza, Ribeira e Cidade...


Mauricéia

Ficarás sob o concreto

Dos lugares aterrados

Juntamente com a história

De uma batalha tão cruel

Entre lanças e armas de fogo.

Veneza,

Serás encoberta de águas

Nesse destino de lama

Na cama em que ti eu me deito

Teu leito perdeu a corrente

e tuas águas estão confusas no mar.

Ribeira,

Por debaixo de tudo

Há ti de verdade.

Nascestes tão simples

Virastes cidade

Para abrigar sua gente.

Cidade,

Quem são teus meninos?

Quem são teus amantes?

Quais são teus destinos?

Quem habitou você antes?

Respondes,

Estás contente, cidade???

Escrito em 1993 e publicado em 1999 no 2º Congresso Brasileiro de Escritores (UBE)

recife de rua


vagueia um menino qualquer

qualquer rua...

matura qualquer menino

vidrado na lua...

sobre a cidade

de água indecisa,

sob a verdade

crua e concisa

repousam as asas

da contradição:

do que é da terra de Deus

e o que é de um mundo de cão.

um rebanho de bichos do mato

...meninos...

...cidade...mata...

...MENINOS...


Escrito em 1993 e publicado em 1999 no 2º Congresso Brasileiro de Escritores (UBE)

No Brasil

  A palavra que nos deram foi silenciosa O vento soprou na saia do pensamento A lua da noite e do dia surgiu e encantou A engrenagem...