quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Voos amazônicos

 


São Paulo é conservadora

Assim também é o interior

Olinda e a sua misericórdia

Passear feliz pelo Salvador.

 

Rio de Janeiro desconfiado

Recife, olhe bem pros lados

Fortaleza a mando do crime

Imagem que Natal imprime.

 

Rodar e não chegar ao Amapá

Rondônia de voos amazônicos

Rodovias nunca terminadas

Brasil sem escoamento e só;

Com a população estagnada.

 

Brasília dispensa comentários

São Luís é capital do Maranhão

Altalima, eu criei nessa canção

Baiano, baiano, não sou otário.

 

Porto Alegre tem pessoas acesas

Tão brancas que se confundem;

A neve que não caiu no Nordeste

No Brasil, estações se infundem.

 

Ovulam, põem, eclodem e voam

Para se alimentar da pouca vida

Não aproveitam o dia que têm,

São os mosquitos da natureza;

Alimentamos e então eles vêm.

 

Acho que não dá para não ser

Somos aquilo que escolhemos

Talvez o que não decidimos

Determinados a voar mais alto

A pensar maior para todos nós

Um fortalecimento contínuo

Podendo usar melhor a nossa voz.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – Taubaté – 23092021)

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

FAZENDA INTERGALÁTICA



O rei podia se angustiar em delírios

O plebeu adoentado era “preguiçoso”

Os escravos em seus longos martírios

O homem branco, o dono presunçoso.

 

Acertaram a testa de Gertrudes ontem

Um ser mais forte e brutal que covardia

Um gênero que reivindica ser homem

Quando muitos na família fazem a tirania.

 

A rainha podia ser louca, mas não o povo

Os filhos da mãe do Brasil não conhecem

O poder de parar tudo e começar de novo

O gravata do Planalto militarizaria o bem.

 

A princesa tinha que enamorar escondida

A moça não podia optar pelo seu destino

As regras da corte e a cor das mordidas

Retratava o preconceito desde menino.

 

Na Fazenda Intergaláctica, o bem vibra

Todos cuidam do coletivo comunitário

São seres sem a balança que equilibra

Mas as elites fazem o bem ao contrário.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 22092021 – Taubaté/SP)


segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Dizer porquê



Linhas alinhavavam teus tecidos

E tua mágica revelava teus dias

Eram os corações tão repartidos

Mas belos momentos de alegria.

 

Cordas de caruá, cera da carnaúba

Cabeça dançante em seus maracás

Samba de coco bate o pé, batuque

Não importa onde estarás amanhã.

 

Carro de boi debaixo do juazeiro

Com os ricos engenhos de artes

A temperatura da terra em alta

Pela mente escaldada

Dos políticos tapurus

Sistema em decomposição.

 

Não nasci para ouvir essa conversa

Prefiro um bode ruminando no ouvido

Eu que era só uma pequena atração

Encaixei passo-a-passo minhas peças

Com as pedras, uma pequena represa

Com água e justiça dentro do coração.

 

Seria aquilo tudo uma mera ilusão

Ou seria mesmo a vida pedindo paz?

As pessoas sendo passadas para trás

Com uma ternura pura vista jamais.


A inocência de quem precisa de pão

é maior do que a capacidade de reagir

O medo invólucro tem que explodir

Não é uma questão de Deus operar...

Depende de nós mesmos a reação

O educar para sabermos quem somos

e, assim, aquilo que nos representa.


Observadas do ponto de vista societal

Conclui-se quanto o pequeno burguês

Investe para se tornar um dominante

Na verdade, ele se sente representado

Enquanto é tão iludido e explorado

Tem coragem de ficar do lado errado

É lento, injusto, acintoso o momento

Daqui há dois anos, acaba o tormento

O cíclico retorna para o mesmo lugar.

 

(Cristiano Jerônimo – 20-21/092021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...