sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Arquipélagos de hesitações

 


Se afasta quando aproxima-se mais

Se protege de tudo e perde a paz

Imagina o que o outro está pensando

É mesmo muito poder na mente capaz.

 

Capaz de criar as imagens mais belas

As emoções mais gostosas e singelas

Não achar que o barco vai naufragar

Se afundar, ser pirata em todo mar.

 

Um arquipélago de ilhas separadas

elas se formam no fundo do oceano

a cada uma foi dado água suficiente

para guardá-la por mais longos anos.

 

Uma alma boa que encontra outra

Com natureza pecaminosa e divina

Nem por isso, passados por cima

O futuro é uma bola quente nervosa.

 

Quero ficar igual ao Ney Matogrosso

Sem preconceitos e ainda mais esbelto

Aprendi a comer carne e a roer osso

Nunca fui dado a ser um ser experto.

 

De intrigas interionas do sertão de lá

Da paz no sincretismo quilombola

De quem quer sempre acertar o gol

Mas não valoriza muito bem a bola.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 01102021)

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Mira da visão da intensão


Agora é noite, silêncio e madrugada

Já estou com o meu papel estêncil

para grafar tantas histórias pictóricas

da minha geladeira e seu compressor.

 

Negou Martinho Lutero devido ao pastor

Nunca ouviu falar de Calvino libertador

Como, no país, ninguém quer sabe ama

Poucos vivem bem; o resto é dissabor.

 

Meu coração todinho repleto de amor

Procurando mira da visão da intenção,

A paixão que pode me levar ao além,

é justo, amar aquilo tudo que é se tem.

 

Sabemos que estrelas são luzes mortas

que se foram, apagadas pelo fim da luz

A vida segue abrindo e fechando portas,

Nossa paixão é o amor que nos conduz.

 

Aqui na terra, muita bobagem é normal

Um buraco negro energético e espiritual

Pastores sentem as ovelhas sensíveis

O coração repleto, derivado pelo mal.

 

Em seguida... Segue a vida construída.

Disse não era protestante; mas evangélica

O que é, ela não sabe. Acredita e vota nela

Na igreja escravizadora, famintos ao capital.

 

  

(Cristiano Jerônimo – 18/09/2021 – Recife)

 


terça-feira, 28 de setembro de 2021

Real explicação


Se a vida não escolhe

Você vá lá e molhe

Regue a planta, ar!

Renasça em replantar

Milhões de hectares

De queimadas

Criminosas

Vivem a nos desafiar

Numa afronta social

Sem direito à vida

Sem o acesso à saúde

“Universal” dos desvalidos.

 

Se a vida não nos engana

Tudo teria sido completo

Mas, como um queijo suíço,

É impossível tapar buracos

Prudente sempre evitá-los

O valor de saber conviver

Com o lado vazio do copo

A outra metade está cheia

Depende do nosso foco...

 

  

(Cristiano Jerônimo Valeriano – 28092021 – Taubaté – SP)

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Poeta para quê?


O poeta não escreve por mera obrigação

Nem tampouco para esconder a solidão

Nos gestos serenos ou abruptos da vida

O poeta escreve para cicatrizar feridas.

 

As chagas alheias, mazelas de si mesmo

Cidade bonita, cidade sangrenta, suja...

Berço de uma maternidade para o caos,

Seja nas palafitas ou no feio da coruja.

 

Já tive até medo, mas era apenas uma planta

Entre a textura de uma flor e o fio da navalha

O poeta desencanta, encanta-se para a janta

A dignidade calça apertadas com suas talhas.

 

O poeta é um animal que nunca dorme

Como as cigarras, cantam noite e dia

Não há quem no mundo que acorde

Antes mesmo dele descortinar o dia.

 

A poesia é a expressão lírica e popular

De brinquedos e sentimentos nobres

No mínimo aclamadores de uma ideia

De poder redimir a vida do povo pobre.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 27082021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...