sexta-feira, 22 de março de 2024

Que a vida faça jus



O mestre canta para cantar

Sua honra e sua história

Seus deslizes e suas glórias

Rio corre é rio o mar............

 

Feito no tempo de criança

Meninos correndo, lampejos

Se tu tolhes os teus desejos,

É porque perdes a esperança.

 

A linha acima do olhar

O café esfriando na mesa

Uma vida inteira em esboço

Com mais sutileza e pouco tento

No brilhar da água da cacimba

No desenho do raio no céu

Do relâmpago e do trovão

Na aridez desta seca

Nas terras do nosso sertão.

 

Feito o tempo de adulto

Como a vida é sendo só

Quando a alma dá um nó

E já não há mais indultos.

 

A roda gira para cirandar

O tralhar das caixas

Canta som na beira do mar

As pedras se encaixam.

 

Chuva! Lavando a alma

Uma planta brotando

Duas flores no cabelo

Com um olhar brejeiro

Metropolitano, um blues

Citadino, cidadão de tudo

Saber até escutar o mudo

Para que a vida faça jus.

 

 (Cristiano Jerônimo – 22/03/2024)

quinta-feira, 21 de março de 2024

O sentido da cidade



O meu cavalo está sem cela

Mas sei cavalgar em pelo

E pelo que eu saiba

Montamos para cair

Andamos para levantarmo-nos

Touro brabo na cancela

Laço certo de vaqueiro

Domina o bicho bruto

Por mais que seja astuto

Tem limite para se parar

Voando nos carros de boi

Com os bodes no chiqueiro

Mel de engenho na moagem

A romaria prepara a viagem

Vamos todos juntos à Solidão

Rezar no íntimo do coração:

Trabalho, família, comunidade

Educação, saúde e solidariedade

Transformar o sentido da cidade.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 21022024)

quarta-feira, 20 de março de 2024

Sintética



Plastificável

Injustificável

Embalagens

Bombas no mar.

 

Arrecifes sintéticos

Esgotos estéticos

Petróleo bruto

No meio do mar.

 

Freática coberta

Lençóis aquáticos

A água de cima

Que corre embaixo.

 

Vidro e papelão

Sucatas das cidades

Os acumuladores

Com suas ansiedades.

 

Inestorquível, limpo

Água pura e a água suja

Dois lados da moeda

O tempo com suas rugas.

 

(Cristiano Jerônimo – 20.03.2024)

Yellowstone



Montana, Montana

A cidade é cigana

Teus búfalos, o gado

Ninguém se engana

Ninguém nada vê

Não há alma viva

Que compre briga

Com o latifúndio

Agrário e coronário

Cigano do campo

Martelo agalopado

Poeta com o pecado

Com o prazer voluntário

De ser quem nós somos.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 20032024)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...