quinta-feira, 22 de abril de 2021

Eu e todos

 


Não tive medo de avião

não segurei pela primeira vez

nenhuma mão.

 

Já não bebo mais conhaque

e nem me iludo com cetins

adolescentes, James Dean.

 

A tigresa de Atenas

é apenas uma possibilidade

mitológica que se perpetua.

 

Distraído pelas ruas

muito depois da lua

e a cara no espelho.

 

Vejo Helena de Tróia,

Vítima de louca paixão,

Humilhar os de Heitor.

 

Um cavalo de soldados

Àqueles que devastam

Tiranos como cordeiros.

 

O povo nem tem desespero

Só esperança no terreiro

Nas vielas sujas da favela.

 

Comunidade é os cambau!

Tábuas suspensas no rio

Moradia de palafitas sujas.

 

Esquecidas por nós mesmos

Que nos dizemos solidários

Caridosos e seres cristãos.

 

Qual a falta que faz a comida

Que nós não demos

a qualquer irmão?

 

 

(22042021 – Cristiano Jerônimo – Taubaté/SP)

Juremas da esperança

 


Macaco velho na cumbuca

Com sua banana mecânica

Pulando em cima da Urca

A brisa marítima oceânica.

 

Vales molhados de nuvens

O olhar encantado do sol

Equalizando o frio da alma

Do nascer do dia ao arrebol.

 

Na minha terra tem juremas

Onde também canta o sabiá

O povo que vem da roça

Tem muito a nos ensinar.

 

Mas,

 

Cavalo que morde a língua

Sujeito que não paga conta

Infecção que não dá íngua,

Teorema que não demostra.

 

Fábulas e mentiras; vida real

Acertos e intrigas, no normal

Ânimo e fadiga naquele canto

Dualismo que a vida nos deu.

 

Não foi antes do consumo

Nos idos da idade antiga

Os povos buscavam rumo

Mas não havia mão amiga.

 

Hoje,

Dominados se libertam

Operários enfim trabalham

Uns acertam, outros erram

E todos vencem essa batalha.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – Taubaté – SP – 22042021)

domingo, 18 de abril de 2021

Sem mito e sem paixão



As paixões são emoções de natureza exógena

O espio e curiosidade de todos os que desejam

Perspectiva e concretização, vidas endógenas

O que quiseres, que todas as boas coisas sejam.

 

Cosmonautas vibram ao saber sem ter o quê

Da enorme diferença entre “amores” e amor

O sapato de cor vinho não passa onde passou

Não serve mais e leva consigo lugares e vistas;

                                               Agora é esquecer.

 

Amores são seres bonitos e amáveis por dentro

Por fora, são animados, filmados para sempre

Costumam arrebatar e juntar muito mais gente

Amores são como ocasiões para bater o centro.

 

O mistério do amor reside calado nu e no peito

Evidente e inseguro na vã ansiedade de se ter

Somos tudo aquilo que nós podemos ser e fazer

Mais vale na vida a consideração e o bem-querer.

 

Só o amor está além dos limites transcendentais

O ponto objetivo traçado para todos os espíritos

Transpõe montes e quebra amarras de tempos

Herança da miscigenação dos nossos ancestrais.

 

O amor mouro, de maneira árabe, até mesmo

Amor cristão, amor muito mais que a ilusão

Amor que vai além, muito além do coração

Cristal de mercúrio que não se deixa a esmo.

 

Coisa boa que não se deixa à toa nesta vida

No andar das carruagens surgiram miragens

Visões repentinas de um amor tão improvável

Que aconteceu e gerou uma vida bem comprida.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 18042021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...