sábado, 19 de dezembro de 2009

Atom Heart Mother, do Pink Floid, saiu no mesmo ano de Let it Bleed, do Rolling Stones, e do Let it Be, último dos Beatles

Atom Heart Mother é um álbum de rock progressivo gravado em 1970 pela banda britânica Pink Floyd. Foi gravado nos Abbey Road Studios, Londres. O álbum chegou a Nº 1 de vendas noReino Unido e a Nº 55 nos EUA, onde chegou a disco de ouro em Março de 1994. Foi editado em CD com nova mistura em 1994 no Reino Unido e em 1995 nos EUA.

A capa do disco é uma das mais enigmáticas da história da música. O bovino mais famoso do rock mundial aparece tanto no vinil, quanto no CD. A rês Lullubelle III, uma cruza das raças holandesa e normanda (ao contrário de suas colegas da contracapa, puramente holandesas), foi fotografada em uma propriedade rural do interior da Inglaterra. A gravadora pagou ao dono da propriedade cerca de mil libras pelos “direitos de imagem” do animal. A propriedade virou ponto turístico, e Lullubelle, uma celebridade do showbusiness mundial.

As duas faixas mais longas são uma progressão de anteriores peças instrumentais dos Pink Floyd tais como "A Saucerful of Secrets"; A primeira é dividida em seis partes e é tocada com uma orquestra completa e a segunda é um instrumental em três partes com efeitos sonoros e diálogos entre cada parte.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Em segundos


(a Cristiano Jerônimo)

Os minutos se inteiram
Vagarosamente...,
a ansiedade me envolve os sentidos e
Incansavelmente acompanho
cada fração de segundos como se fosse máquina.

Como se fosse máquina
relembro
Cada tom de voz,
Cada olhar insaciável,
Cada dito e escrito,
A tua filosofia humana.

E eu que penso na utopia,
ao virar-me
para seguir o caminho de casa,
Posso ser engolido pelo mar...


Por Hayanna Ramalho – Custódia-PE

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Imagens


Tua dança
Do ventre
Imaginária
Me provoca
Sérios arrepios.

Teus seios
Tal flechas
Miram
Meus olhos
Fixos
De cristal.

Teu galopar
Da utopia
É o martelo
Alagoano
Que a baiana
Nos mandou
De Maceió.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

eM PaZ


DEIXE
QUE ME DEIXEM
PAZ.

DEIXE
QUE ME DEIXEM
EM PAZ.

DEIXEM
QUE ME DEIXE
EM PAZ.

DEIXEM
QUE ME DEIXE
PAZ.

sábado, 7 de novembro de 2009

Expressão


Cada qual

Com seu

Cada qual;

A cada dia

Basta seu mal.

A ninguém

Convém

Estar ao lado,

Se não for

Tão partido;

Se não for

Tão colado.

Minhas letras

São poucas

Para exprimir

Tal recado.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Feira da existência









A leitura como propulsora de escolhas

Temos que nos “ligar” nos interruptores que acionamos ao longo da nossa vida. É comum, muita gente apertar todos os botões da tomada para depois sair apagando o que não precisa. É comum também, no prédio, corrermos do elevador social para o de serviços, só para ver qual deles chega primeiro. Não podemos desperdiçar a energia e o raciocínio, que nos levaria a manter-nos calmos e com a certeza de para onde, e como, desejamos ir. Um, elevador de cada vez.

A vida é assim feita de escolhas. O mundo, do ponto de vista ocidental, é como um supermercado. A vida, o carro de compras. As escolhas, os corredores e as prateleiras. As decisões, os produtos. Cada um compõe a sua feira da existência. Suas causas e suas consequências. Lembrando de que nem tudo passa no caixa. O dilema que vai à raiz da questão ocidental é que – ao contrário de todos os produtos e serviços, dos contratos, bancos e créditos sob o Código do Consumidor – a vida não aceita troca, nem vem com manual geral ou personalizado. Tampouco há garantia de nada, a não ser do que você construa. Até por que está comprovado (científica, espiritual e psicologicamente) que cada um de nós somos únicos, desde o DNA físico.

A organização do tempo e os registros históricos e filosóficos dos povos é algo muito recente. Coisa de apenas três mil anos compilados (1.000 AC e 2.009 DC), diante de povos com cinco, dez mil anos de organização, tais os incas, maias, astecas, negros africanos e índios brasileiros, além dos brancos e pardos europeus e asiáticos. A leitura da amostragem das experiências humanas e o processamento das ideias e escolhas, através (ainda e por muito) dos livros são essenciais para a construção de cada indivíduo. Vão depender, contudo, do que conseguirmos apreender de conhecimentos.

Privar alguém dos livros, ou mesmo escolher "o que tem que ler" ou "deve ser lido" pelas pessoas, soa – de imediato – como o mesmo que não avisar aos condôminos que, além dos dois elevadores, em caso de enguiço, existe uma escada de serviço. As bibliotecas nos esperam de páginas abertas.

domingo, 1 de novembro de 2009

Mata do Prata


Todos intelectuais
De pernas cruzadas.
Entre um trago e outro,
Falavam em poesia,
Verso e prosa;
Filosofia;
Direito, sociologia...

Além da metafísica,
Dois prédios já invadem
Concretamente a Mata do Prata.
Na medida imediata do impossível,
Seqüelas se transformam em cura.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Onírico



(Cristiano Jerônimo)

Tom: D
Introdução: D D6 D9 D (solo inicial)

D G
Eu sempre acordo muito cedo na vida
D G
Quase nunca me permito que alguma coisa boa
F Am
Passe à toa ou passe desapercebida.
D G D
Para mim o mundo brilha em preto e branco.
G D
Colorido é ilusão?
G
Qual é a cor que você sonha?
D
É policrômica?
F
Eu já fechei esta lacuna
Am
Com um pouco de razão e sentimento.
D G
(Eu vivo intensamente os meus momentos).
D G
Sei que olha para o lado humano
D G
E me permito a viver intensamente.
D G
Acredito em colher destas sementes
D G
Os frutos justos que a lei retorna
F
Desde o big bang até hoje
Am
Aproximadamente 18 milhões de anos-luz.
D G
Além do bem não me interessa
F
Se já fui no universo

Uma molécula desprezível
Am
Ou uma fração de luz.
G
Uma molécula desprezível
Am
Ou uma fração de luz. (solo final).

domingo, 12 de julho de 2009

O caminho das serras no inverno

A sequência de serras que circunda o limite do município de Custódia com os de Carnaíba, Afogados da Ingazeira e Iguaracy é um espetáculo para quem tem oportunidade de subir até seus brejos de altitude e chapadas com caldeirões de pedras repletos d’água, gelada o dia inteiro por ser coberta com pastas verdes.

Para beber a água usamos a palha (capemba) em forma de concha do coco catulé (também conhecido como coco-da-quaresma). A criação de cabras, como chamamos, anda pelas trilhas das serras e quando o fruto maduro do catulé cai, os bodes põem na boca e começam a remoer um caroço pequeno, mas com casca igual a de coco normal. Eles comem a carnosidade externa, amarelada e doce. Os caprinos trazem os caroços duros, na boca, até os arredores da fazenda, onde quebramos com pedras e encontramos uma amêndoa deliciosa do tamanho de um caroço de azeitona grande.

Tudo isso é sertão para mim. Estou escrevendo sobre a cadeia de montanhas e o campo porque tenho dois filhos – Victor Valeriano, 10 anos, e José Pedro Valeriano, 5, e eles pouco conhecem das entranhas daquele bioma chamado de caatinga. Entre os altos, estão as serras da Mata Grande, Minador, Leitão, Mimoso, Zabumba, Urubu, Brejinho, Travessão do Caroá, entre outras. Estava pensando como faço para levar meus filhos até lá. Cheguei a pensar em reabrir o caminho onde, um dia, vi estrada e carros subirem até o topo. Isso foi por volta de 1994, no governo de Belchior Nunes, que construiu um posto de saúde ao lado da Escola Municipal Francisco Domingues de Rezende (meu tataravô materno por parte de Vó Marina). Embora meu tio Djaniro Jerônimo de Rezende (Dejo de Odilon) fosse vereador já no quinto ou sexto mandato consecutivo pela Arena, PDS, PFL e, em oposição, Belchior fosse Arraesista de carteirinha, mesmo assim o prefeito socialista mandou abrir o caminho do Mimoso de baixo (sede da fazenda) até o topo da serra de mesmo nome.

Vivi minha infância andando nestas subidas e descidas de grotas e montanhas ora verdes ora secas. Saí de 7h da manhã para o Leitão da Carapuça, voltando para casa às 9h da noite. Lá, encontrei cavernas com pedras de calcita multicoloridas que, geladas, podiam ser extraídas da base, no sopé de um paredão de pedra.

Acima do que chamamos de pedra do giz, tem as pinturas rupestres que meus avós e tios-avó citavam como existentes, mas não sabiam do que se tratava. Tio Tonhinho Rodrigues Rezende disse, certa vez, que eram estrangeiros. Perguntei a ele sobre o caminho. Confirmei com meu avô Odilon Jerônimo, que alertou: “Mas já faz 40 anos que não ando por lá. É melhor vocês não irem” –. Fomos e descobrimos. Soube, anos mais tarde, que tratava-se do Sítio Arqueológico da Serra da Carapuça, com pinturas datadas de cerca de 2.300 anos, de acordo com pesquisadores da UFPE.

Os momentos paradisíacos de água no sertão reacendem o tempo inteiro na minha memória. Agora mesmo a região está assim. Encharcada, verde, florida de canafístulas amarelas e flores de todas as cores. Borboletas vestidas de tonalidades fantásticas de desenhos perfeitos de simetria. A natureza em sua forma de vida mais abundante. Quitimbú (berço de Custódia) está frio. O açude de Brotas, em Afogados da Ingazeira, está sangrando, ainda neste mês de julho, desde a Semana Santa. Uma Traíra (de uns 30cm) assada na brasa está por R$ 3,00 (duas por R$ 5,00) na beira do sangradouro da parede da represa, nas corredeiras de água entre pedras. Quero levar meus filhos, meus irmãos, meus pais. Quem quiser ir, vamos embora! Uma infinidade de outros açudes, barragens, barreiros, poços estão cheios. Nos esperando. E o sertão não virou mar. Será?
Fotos: Cristiano Jerônimo/junho 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Antologia do Concurso Nacional de Poesia Vozes de Aço, da PoetArt Editora, Volta Redonda (RJ)

Todos os anos o pessoal da Editora PoetArt, Volta Redonda (RJ), imprime uma coletânea com os melhores poemas selecionados no concurso Vozes de Aço, que tem abrangência nacional. Nesta edição de 2009, fui honrado como homenageado no projeto e, com o poema Necessárias, faço a ponte Nordeste-Sudeste de Poesia, á que a maioria esmagadora dos poetas é do Sul-Sudeste.

domingo, 5 de julho de 2009

AGENDA DE LANÇAMENTOS DE CEM POETAS SEM LIVROS

Agende também o lançamento do livro no seu bairro, clube, escola, faculdade, município etc. Vamos interagir com o público.

Sucesso!!!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Publicitário amigo: “e agora eu sou médico!”


No momento em que “caía” o diploma de Jornalismo, via um favor do Supremo Tribunal Federal (8x1 votos), pensava em qual o tema eu escreveria para o Blog de Custódia, no Sertão do Moxotó de Pernambuco, a 342 km do Recife. Sem lembrar destes absurdos da lei – porque Lei que é Lei não é revogada, mas aperfeiçoada, discutida e debatida com todos os segmentos da sociedade – pensei em escrever aos mais jovens sobre uma carreira de sucesso, objetivo ao qual devemos perseguir a vida inteira. Ligo o som do carro na JC/CBN Recife, uma rádio que só toca notícias 24 horas por dia, no Recife. Ouço os comunicadores, que afirmam não serem formados em Jornalismo, comentarem a notícia do “fim do diploma” e emitir as mais variadas opiniões. Eu já ia dizer aos mais jovens de Custódia, sobretudo aos rapazes, que não ficassem apenas no curso de graduação; que fossem mais além nas especializações e começassem a estagiar na suas áreas o mais cedo possível. O período ideal de estágio contínuo para jornalismo, por exemplo, é de dois anos. O curso tem uma duração de oito semestres, quatro anos.

O que os donos de rádio e televisão do Sudeste, que estão pro trás desta ação, não sabem é que ninguém pode dar talento e paixão para fazer o que não for do seu feitio. Ora, ninguém faz um Ronaldo Fenômeno, um Adriano Imperador, um Zico ou um Pelé por indicação, a não ser Deus através da própria pessoa, com seu conhecimento e seu relacionamento. Sim, porque hoje eu sei o quanto é mais importante se relacionar do que saber ou conhecer na área profissional. Jornalista também é assim: não se faz da noite para o dia, além do mercado jornalístico pernambucano ser pouco tolerante com falhas, devido ao seu alto grau de qualidade e sua referência nacional, que é de destaque no Nordeste. Eu aproveito para abrir também os olhos dos mais velhos.

O fato é que, num país que precisa incluir e regulamentar uma série de profissões, as autoridades judiciárias máximas do Brasil desregulamentaram a profissão de jornalismo, sem nenhuma lei substitutiva para a que foi extinta. Faz medo, daqui a pouco, com todo respeito e reconhecimento aos profissionais que vou citar, protético virar dentista; curandeiro ser médico; despachante fazes as vezes de advogado; um negócio assim. Que faz, faz. Mas a qualidade é indiscutível, entre um profissional que cursou oito períodos de jornalismo, passou por uma banca ao final do bacharelado, estagiou e tem que passar no rígido crivo do mercado jornalístico, e o que se autodenominar jornalista a partir de agora. Hoje pela manhã um amigo gaiato disse a mim que agora, com a novidade, era jornalista. De imediato, um publicitário amigo sobressaiu-se: “e eu sou médico!”.

Gente, paciência, dizer que qualquer um pode ser jornalista porque todo mundo tem direito à liberdade de expressão. Todo mundo tem direito de propagar a idéia que quiser, mas não significa poder ser professor. Qualquer um tem o direito de cuidar da saúde, mas não de exercer a medicina. Cuidar da própria opinião é uma coisa. Cuidar da opinião do coletivo social é uma tarefa muito árdua, séria, isenta, científica, tênue, delicada. Confundir a liberdade de expressão com a permissividade do mercado jornalístico em contratar qualquer um que queira dizer qualquer coisa que quiser é um absurdo equívoco. Nos jornais e revistas já existem colunas, artigos, cartas e um trabalho de isenção e profissionalismo que reporta bem próximo do que o povo quer. Têm espaços abertos para quem não é jornalista.

Ontem, assisti a três bancas examinadoras de projetos experimentais impressos de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Fiquei com pena dos avaliados (futuros jornalistas) antes de começar, por conta dos julgadores. Não porque eram carrascos. Muito pelo contrário. Eram três dóceis pessoas, porém exigentes profissionais de jornalismo impresso: Paula Losada, editora de Primeira Página (capa) do Diario de Pernambuco e assessora de Imprensa da Unicap; Diana Moura Barbosa, atual editora assistente do Caderno C (Jornal do Commercio), foi assessora de Imprensa de Ariano Suassuna; e Álvaro Filho, ex-editor de Esportes da Folha de Pernambuco e professor de redação da Unicap, com mestrado em Londres. A gente vê que no oitavo período, muitas vezes, o profissional ainda não está lapidado. Mas a gente vê quem tem jeito para a coisa, até porque a lapidação é eterna, diária. Um jornalista é fundamentalmente a união do processo teórico-prático laboratorial da universidade acrescida do período de estágio e evolução profissional. A nossa classe precisa criar o nosso Conselho Nacional de Jornalismo e levar a discussão para a sociedade. Os ministros que me perdoem, mas a sociedade precisa de uma Imprensa livre e atuante, com profissionalismo e formação acadêmica.

Cristiano Jerônimo
Jornalista e poeta, coordenador do Movimento Litera PE
Secretário de Comunicação Social de Camaragibe
Diretor de Imprensa da UBE-PE

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Nosso encontro


Jair Martins


Tudo estava preparado.
Nas campinas, a relva deixava no manuscrito do verde
a serenidade de um aconchego.
No vento, mensageiro do perfume doce do terno dia,
o futuro do envolvimento das nossas vidas.
E o relógio do tempo obediente as badaladas do destino
já marcara o nosso encontro nas encruzilhadas da vida,
tendo como bússola o coração.
Era chegada a hora ideal das nossas vidas cruzarem-se.
No ponteiro maior que corre os minutos e os segundos,
contava a nossa emoção.
No ponteiro menor, superior e impoluto do inteiro,
estava prescrito o certo da nossa paixão.
Qual som de sinos a tinir, nosso encontro aconteceu
soando um despertar de aurora
cintilante amor que renasce
como antídoto ao abrolhos cortizantes
rebentados no coração abandonado.
E neste ajuntamento
que o tempo prescreveu à hora marcada,
nos encontramos.
Agora, corre a carretilha do relógio tempo,
dando todo o tempo, ao tempo do nosso amor.
Antes de haver mundo, nasci para ti.....
EU apenas, tornei a achar-te.

(Dedicado aos queridos Meri Rezende e Cristiano Jerônimo Rezende)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Grandioso lançamento dos Cem poetas Sem livros no IMC, qui0907, às 19h


O recital da antológica coletânea de autores estreantes de Pernambuco promete juntar muita poesia.

No Instituto Maximiano Campos (IMC), na rua do Chacon, 335, é uma rua entre o CPOR e a Praça de Casa Forte:

* Entra no sentido contrário (esquerdo) para quem vai no sentido cidade-subúrbio
* Entra no mesmo sentido (direito) para quem vai no sentido subúrbio-cidade.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

MAXIMIANO CAMPOS, DOMADOR DE SONHOS




Inconformados os artistas constroem suas imagens particulares da realidade. Contam histórias, cidades, homens, guerras, amores. Tarefa árdua de guerreiros, apaixonados. Palavra, tinta, carvão,sangue, luz, não importa o meio. Gabriel, Cervantes, Picasso, Homero, Joyce, Calvino, Lewis Carol, Fellini, imaginosos, deixaram Macondo, Quixotes, Guernicas, Alices.

Maximiano escolheu a palavra. Contou a dor do engenho de fogo morto, o retrato do seu avô na sala abandonada, a prima, o rio, a solidão. Contou o azul, o amarelo, o verde da cana. Contou as histórias sem fim da mata de Pernambuco, berço de vidas, experiências e sonhos particulares. Seu lugar de façanhas.

Contar é façanha de guerreiro, de artista apaixonado. Sua obra conta o que sonhou e viveu. Foi um domador de sonhos.

Fugindo da realidade cruel que o incomodava, Maximiano criou um mundo de sonhos, de onde tirava suas poesias, seus romances. Nos sonhos concretizados em suas obras ele domava a tirania, a fome, o desamor, a injustiça, a solidão. E amava, e vingava os injustiçados pelas mãos de um Antônio Braúna ou, num acesso de tristeza e solidão à procura de quem o escutasse, clamava como no conto “O Leitor”:

“Sou um domador de sonhos. Sou o guardião de uma loucura mansa, um profeta sem seguidores. Sou um revoltado contra as ditaduras que cultivam a tortura e que afogam todas as liberdades do mundo. Sou livre porque não temo arriscar a vida. Sou um palhaço que zomba das próprias desventuras. Sou herói de todas as guerras, e há muito que me sinto incapacitado para a paz que não conquistei. Sou um contemporâneo, um contemporâneo de todos vocês, um contemporâneo de um tempo difícil que serve de pasto para servidões, que só serão vencidas com o poder do sonho, lutando gritando alto que a liberdade que temos em nós é maior do que qualquer aparato de força dos tiranos. Sou um rebelado”.

O sonho é uma presença constante na obra de Maximiano que, entre a dimensão concreta e a onírica buscou o sentido da vida, buscou a sua verdade. Dava vida aos sonhos. Havia nele um estado fronteiriço entre a crueza da injustiça social e os seus sonhos quixotescos de domador/libertador que o levaram a produzir a riqueza literária que nos deixou como herança. Escritor autêntico, livre, destacou-se pela coragem com que defendia a liberdade, e sua obra, embora essencialmente nordestina, tem dimensões universais. Foi Sem Lei Nem Rei.

Ao completar sete anos, nesse mês de junho, o Instituto Maximiano Campos inaugura uma nova etapa em sua existência com diversas atividades sendo realizadas, dentre elas, a inauguração de um Memorial sobre o escritor e o lançamento do Prêmio Maximiano Campos Ano V.




Antônio Campos

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Tratado psicosocial ecumenicamente cristão

Quadro de Lula Côrtes, aquarela sobre papel canson, 0,7 metro X 1 metro, criado para a capa do livro Redenção de Poeta, editado e lançado em 2008 por Cristiano Jerônimo.

No silêncio ensurdecedor da nossa consciência,
Descobrimos a voz que vem do lado mais alto.
Querendo nos mostrar o caminho mais correto,
Apesar do homem já vir com algo que angustia.

Se oprime e não há coisas que possam amenizar,
Os nossos conflitos com nós mesmo, com o Criador,
Também com os nossos semelhantes e o meio,
Nos deixam muitas vezes infelizes e alheios.

Deus fez as coisas para serem usadas
E as pessoas para serem amadas.
Mas nós amamos muito mais as coisas
E usamos cada vez mais as pessoas.

Contradições entre o que deveria ser feito
E o que realmente, na prática, a gente faz.
Amar ao próximo é muito importante, mas
Existem mais coisas entre nós e os céus.

Não vamos manter o mundo com curto pavio,
Enquanto os seres humanos vivem perturbados.
A internet é um veículo de comunicação moderno
Que aproxima pessoas distantes e afasta pessoas
Próximas do quarto ou da sala, ao nosso lado.

Há um buraco em nosso peito que é único,
E exclusivo para ser preenchido pela alma,
No qual coisas nem ações podem completar
E pelo qual pagamos o preço da nossa liberdade.

Desde a Mesopotâmia de Ur e dos Caldeus,
Existe uma beleza para cada coisa da vida.
De Abrão e Sara, nasceu uma grande nação,
De Ismael, os nossos mouros mulçumanos.
De Isac, o sangue que não foi derramado em vão.
Até que o Divino se fez humano e aqui chegou.

O povo de Deus reunido em qualquer lugar,
Sem igrejas de conflitos com o nosso Criador.
A igreja é santa e, ao mesmo tempo, pecadora,
Porque nos mistura com o que há de Divino.

Nós não somos pecadores porque pecamos,
Mas pecamos porque somos todos pecadores.
Não adianta ser fiel à nossa própria doutrina
Em detrimento do amor maior ao nosso Deus.

Para quem tem fé, ama e também perdoa,
É preciso uma dinâmica não estática e ágil.
No físico, emocional e mesmo no espiritual.
Um relacionamento com conhecimento.

Jesus não veio para os santos da igreja,
Mas para a própria escória da sociedade.
E a espiritualidade sadia produz frutos,
Como aceitar ao contrário com tolerância.

Jesus, em sua passagem, não criticou ninguém,
A não ser os doutores da lei, grandes religiosos;
Fariseus com alma de víboras, sepulcros caiados.
Enquanto a verdade só é dita para quem a vive.

Na hora, todo o pecado é, por hora, gostoso.
A tentação em nossa vida é mais que normal,
Mas cair nas armadilhas é uma falta espiritual.
Quem não controla as emoções são os bichos.
E a forma de não cair é estar perto de Deus.
Nas fotos da Caras todo mundo ri por fora
E por dentro, muitas vezes, para e chora.

Mas a fidelidade de Deus não depende da nossa;
Quão bom é o que muitos chamam de destino...
A sinceridade com nós mesmos é o mínimo,
Porque a vida nos julga pela nossa mente e ação.

Casamento perfeito é aquele capaz de autocura,
E só somos felizes de verdade com a diferença.
Mas aquele que encobre as suas imperfeições
Nunca irá crescer ante os olhos puros do Universo.

Somente aquele que se vê sujo pode ser lavado,
Somente aquele que acolhe poderá ser perdoado.
Se quiser ser feliz por um dia, pode vingar-se.
Mas, se quiser sorrir para sempre, perdoe.

Precisamos de ação e não de lugares sagrados.
O jeito como nos conduzimos representa muito mais.
Não seremos mais coniventes com essa sociedade,
Cada um tem a sua forma de mudar este mundo.

Tudo o que é grande nasce muito pequeno.
No entanto, precisamos crescer muito mais.
Temos um buraco que só o divino preenche.
Ambiguidades geram dramas, nada mais...

Conscientes das faltas nas aulas da vida,
Iniciamos nosso processo de transformação.
Desobedientes às regras da nossa vida,
Só poderemos avaliar o descaminho no fim.

E a vida nos dá, divinamente, novo recomeço
Para iniciarmos a nossa nova transmutação.
Mas, cuidado, cada concessão aproxima o abismo.
E o arrependimento é a mudança fiel a salvação.

Cada um de nós influencia nosso próprio ambiente.
Podemos ser agentes dos dois lados da moeda.
Salvadores, multiplicadores da palavra e da ação;
Indutores do próprio processo de modificação.

Mas ainda é preciso uma ética maior que a ética,
Um compromisso com o que nos torna eternos.
Uma verdade invariável além do céu e da terra,
Como a expansão inexorável da matéria viva.

A salvação é uma ficha que não para de cair nunca.
Mesmo num mundo de comunhão e amor mútuo,
A cruel intransigência e a desagregadora mentira
Fazem com que os opressores pisem nos oprimidos.

Vamos continuar juntos nossa longa caminhada,
Pois, com a graça que vem da própria graça,
Com força e com a nossa manga arregaçada,
Vamos todos juntos semear a paz e o bem.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

1977 (a praça)



Sete vezes sete
Pecados e perdões
trinta e um anos
Longe dos sertões.

Olho a praça e acho graça
E o povo vem e passa,
Recordando as imagens
Da minha tenra idade.

Já não moro na cidade
Nem cultivo no campo.
Sou um homem global
Com as raízes da rural
E do jipe do meu pai.

Agora venho e passo
Como a vida fosse praça;
A cidade onde chorei,
Nasci, vivi e emigrei


Não me lembra a desgraça!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Fragmentos de um desejo*


“Ninguém me dá a chave pra a abrir a porta certa;
Mas a porta errada eu encontro sempre aberta”.
Cabe a mim querer ou não entrar...
“Nada era como eu imaginava;
Nem as pessoas que eu tanto amava”.
Só eu pra perdoar...
“Você esperando respostas, olhando pro espaço;
E eu tão ocupado vivendo. Eu não me pergunto. Eu faço!”
Posso muito me decidir...
“Mas é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro:
Evita o aperto de mão de um possível aliado.
Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo,
Sabendo, no fundo do peito, que não era nada daquilo”.
Dividamos então, juntos, nossos ônus e bônus...
“Madeira de dar em doido vai descer até quebrar:
É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”,
Justiça na terra como no céu...
“Quando as estrelas começarem a cair,
Me diz, me diz, pra onde a gente vai fugir?”
Perigo é estar vivo. O pior não é nada!
“Viver é como andar de bicicleta:
Se parar de pedalar você cai...”.
Pra quem sabe olhar para trás,
nenhuma rua é sem saídas.
Calma, você vencerá!!!


* A maioria dos versos são excertos de letras de compositores brasileiros, devidamente aspeados.

terça-feira, 24 de março de 2009

Renato, o mundo é uma comédia!


Renato,
A humanidade,
Realmente,
Ainda tem chances.
E o mundo
Não é esse desastre
Que aí está...
Ainda existe alguém
Com quem conversar;
Alguém que, depois,
Não use o que dissemos
Para nos prejudicar.
Renato,
Se o mundo é uma tragédia
Para os sentimentais,
É uma comédia
Para os intelectuais.
Não esqueça,
Onde estás...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mudanças no mar do infinito


"Nós devemos ser
A mudança
Que queremos ver".
Fazer o que da boca
Sai e profetiza
Porque só se eterniza
O que da alma vai
Navegar no infinito.
Nós devemos ver
A mudança
Que queremos ser.

No Brasil

  A palavra que nos deram foi silenciosa O vento soprou na saia do pensamento A lua da noite e do dia surgiu e encantou A engrenagem...