sábado, 15 de maio de 2021

Nos reinados do mundo (estêncil no castelo)


Seriam emoções frias, calculadas,

combinadas de uma matemática?

Ou mesmo os ataques dos gregos

a Troia, a verdade sem véus azuis.


Há coisas na vida para não se ver

outras que nunca vamos esconder

O escâner do Universo já é antigo

No entanto, nunca deixou de ler.


Será a vida um jogo belo de xadrez,

Ou uma raia com cavalos de turfe?

Você pode até parecer descortês,

Mas vai buscar a verdade alhures.


A vítima era tão vítima que culpou.

O jogo podia ser visto de ângulos

e um deles não lhe era favorável

mas doía como uma pelica em ti.


Passou a examinar o que é fato

Nas paredes do castelo, silêncio

Apenas sons que vêm do mato

E um papel dobrado de estêncil.


Da Macedônia, da Mesopotâmia

Grécia, Índia, Egito sem distância

Não havia a nitidez da verdade;

sentimentos moviam as cidades

à espera da calmaria da bonança. 



(Cristiano Jerônimo - 14.05.2021 - 22h51)

sexta-feira, 14 de maio de 2021

A dor de tratar a dor



 CRISTIANO JERÔNIMO*

Diferente do que muitos pensam, fazer uma boa terapia é pagar para se sentir desconfortável e refletir sobre o que precisa ser ressignificado nas atitudes e sentimentos da nossa vida, na medida em que o psicoterapeuta identifica questões e provoca reações mais profundas na nossa reflexibilidade. O mais que sobra é só ouvido, fala, conversa. Há um psicanalista e psiquiatra renomado em Pernambuco, Evaldo Melo de Oliveira, que foi carinhosamente “batizado” pelos seus grupos de pacientes com o nome de “Mestre dos Magos” (aquele do desenho animado "A caverna do dragão").

O “apelido secreto” pegou. Risos à parte, a motivação para este nome de “Mestre dos Magos” aconteceu por causa das grandes deixas e reflexões que o médico usava no processo psicoterapêutico e psicanalítico, a cada sessão. Eu fui paciente dele. Chegava feliz e saía cabisbaixo, pensativo. Tive alta em 10 anos. Eu sentia que tinha dias que eu não deixava ele me acessar e estes eram os piores, porque inconscientemente eu havia omitido tanta coisa mais importante do que havia sido dito e trabalhado. Avalia-se que, quem entra feliz na sessão de uma boa terapia e sai calado, pensativo, reflexivo, tende a tirar muito mais proveito, mesmo que as respostas só venham depois de uma elaboração posterior. Acredito que a terapia não possa ser uma solução apenas que coça a borda das coisas, mas um remédio amargo e ardido para as nossas feridas. Por serem invisíveis, essas questões precisam de provocação para que nós mesmos obtenhamos nossas próprias respostas, um por um. É quando amadurece o processo de autoconhecimento, terapêutico.


Por natureza, o psicólogo não há de dar resposta alguma a ninguém,


mas devolver as perguntas de maneira técnica, objetivamente resolutiva, para que o facilitado desperte para soluções e respostas, saindo do círculo vicioso da sistematização do óbvio, do mais do mesmo que acontece com pessoas que passam décadas na psicoterapia e só resolvem uma profundidade rasa dos seus problemas. Mexer em si, por si só, já é um processo doloroso. Se não dói, não incomoda, não faz acessar nossos conteúdos internos, mais incômodos, como vamos nos fortalecermos para vencê-los ou livrarmo-nos deles? O dia de sair rindo, de verdade, da terapia aproxima-se da data da alta definitiva. Podemos também fazer análise para sempre e resolvermos, ou não, as nossas questões arraigadas no cerne dos nossos medos, raivas, limitações, seja o que for que assola a mente, a emoção para que seja possível entender o labirinto e livrar-se dele, se quiser.

Evidente: as transformações e adequações devem acontecer com o paciente. Ele, então, é o protagonista mor das suas decisões, das suas práticas e da manutenção do seu bem-estar. Quando se sai muito feliz de um momento de terapia, a mente – por vezes – esconde os verdadeiros gatilhos que nos incomodam e que nos levaram ao próprio processo psicoterapêutico. O cerne da(s) questão(ões), a(s) ferida(s), o que ficou mal resolvido lá atrás, essas entre outras são as demandas que devem ser apresentadas objetivamente ao profissional que assiste. Não fazer como na parábola do braço quebrado. A pessoa quebrou o braço direito, foi ao ortopedista de urgência e mostrou o braço esquerdo. O médico perguntou aonde doía mais naquele braço e a pessoa disse que não havia dor. Foi feito um raio X no membro direito e ela foi liberada, mas com o braço esquerdo quebrado.

 

* Jornalista e escritor. Fez psicanálise por 10 anos.




quinta-feira, 13 de maio de 2021

Metade de tudo



Você com essa cara

de Fanta...

Laranjada

em mim!

 

Seu olhar

me encanta...!

Sempre me deixa

De um jeito assim.

 

As ideias nos lábios

Caladas com a boca

outrora sempre atentas;

as plantas se sustentam.

 

Que me toca

Pela flor lilás

No cabelo;

Uma cócega

Um chamego

Pelos pelos,

Pela pele macia

E poderosa

Metade de tudo.

 

Você, com essa cara

de Soda,

Limonada

em mim!

 

 

(Cristiano Jerônimo – 13052021)

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Libertação barroca


I


Houve um dia

em que  a noite

não ardia

mas o girassol

era vermelho

quando se olhava

noutro espelho

num lago reflexo

e a magia

do teu sorriso

não era Narciso.


II


Nunca se afogar

num mar de lágrimas

pois não chorar

te mantém na estrada

Até não vale à pena

você se incomodar

Não mergulhe tão fundo

Existir é, antes, respirar

Não alimentar hipocrisia

porque, talvez, num belo dia

possa você mesmo se enganar.




(Cristiano Jerônimo - 20082020 - 21h20)

terça-feira, 11 de maio de 2021

Franco crédito!



De peito aberto, não!

De peito aberto mais não.

Não vá se perder em si

A armadura é para estar aí.


Não escape do problema

que não enfrenta a tormenta

reagir é difícil, mas é natural

Coisas que a gente inventa.


De franco crédito é pueril

Estranho sentir-se útil assim

Se no final do que se viu

Não havia mais do que o fim.


Aprisionados aos próprios corações

Não há culpa na maldade das prisões

Todas servem para sair, sem distinção

Até aquelas que a gente mesmo deu a mão.


De criança a criança, que mais fazer?

Se quem entra na dança, vai colher

Ir primeiro ao inferno e depois ao céu

Seguir fiel sem ter nada a temer.


A pilotagem da vida é um grande rali

Há carro que quebra, outros por vir

No final, todos saem dali bem lavados

Prontos para começar de novo e partir.



(Cristiano Jerônimo - 10052021)

domingo, 9 de maio de 2021

Segundo domingo de maio



Hoje, eu queria fazer uma oração

Uma bênção para quem já sei foi

Uma tempestade de misericórdia

E uma nova e boa razão de existir.


Não choreis o que não tem pranto

Celebrai a presença das tuas Mães

Elas não estarão ausentes nunca...

São parte da multiplicação dos pães.


Hoje eu queria dizer que um ano

conseguiu ser um século inteiro

Luto pelo luto que vivo mirando

Vejo que está olhando, velando.


Enquanto eu peço que vá ao alto

Penso que se for tarefa, cumpra

A subida de patamar de espíritos

A estrada para que a gente suba.


As sábias palavras da Revelação

Dos profetas e líderes espirituais

Demonstram que não há morte

assim como, justo, não há sorte.


Merecimento e índole com ações

Ela fez. Caridade sem distinções

Amou o próximo tal a si mesma

Cativou uma gama de corações.


O que dizer? O que sentir agora?

O que vir de frente e de costas

O dia é de luta e resolutividade

Já a vida traz outras realidades.


Simbólico, mas mexeu na veia

Meu primeiro dia das mães

sem mãe na terra, mas no céu

o lugar para onde vão os justos.



(Cristiano Jerônimo - 09052021) 

[7h07]

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...