sexta-feira, 30 de maio de 2025

Antídoto de solidão

 


não sei...

gostaria...

 

se fui

ou voltei...

 

só posso

falar de mim...

 

não sei...

 

parece

incógnita

sem prece

sem fé...

 

a ciência

não explica

magnetismo

entre seres...

 

nas coisas...

nas pessoas...

a mentira

a inveja

envenenam

o presente

o futuro...

e as eras...

 

 

(Cristiano Jerônimo – 30.05.2025)

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Buracos negros e vestidos pretos



*Cristiano Jerônimo

 

Nunca estaremos preparados para aventuras ou investimentos cujos riscos se façam presentes e dominantes. Muito porque somos ensinados historicamente a calcular esses riscos. Ainda por cima, quando somos animais ariscos, indefesos e equivocadamente livres. Não suportamos falta nem excesso, muito menos o equilíbrio. Então inventaram o papel, a escravidão e o automóvel. Após a roda, essas são facilidades vendidas pelas dificuldades que criamos. Nada que nos leve para longe de nós mesmos, quando a gente é o motivo de toda a inquietação que gela e esquenta o peito. As nossas dicotomias e contradições. O medo que o valente sente e não revela. O cliente de um mundo que só acontece e só existe na outra ponta do invisível. Aquilo que sonhamos e não é nosso. Tudo o que queremos e não sabemos por que desejamos. De um polo a outro, do positivo ao negativo, o ser humano procura estabilidade num mundo relativo e num universo em expansão, que – além de não parar – suga a matéria em ralos de buracos negros absurdos. Foi perguntado à mulher de preto: o que é um dia diante da eternidade do tempo?

 

(29.05.2025)

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Terceira pessoa



Protetor, antes de ir para o sol

Protetor, no Cristo Redentor

Uma vida inteira sob o Protetor

Para tanto belo e tanta tralha

Numa parte do Rio falta amor

Noutra sobra e uma gata malha

Praia, pólvora e os seus biquínis

A Asa Delta da Godiva do Irajá

Morros brancos da mazela latina

O veneno que se manda para cá

A América Central para traficar

Negociar sonhos e mudar perfis

Nem todos os céus são tão anis

Com o reverso pra sair do furacão

Ser a terceira pessoa de si mesmo

Um tipo novo de amor no coração

A vitória diária do vinho e do pão

Impede que a estrada seja a esmo

E que não haja caminhos a avançar

Para construir vida fora das bolhas

E não sermos sempre os mesmos.

 

 

(Cristiano Jerônimo Valeriano – 26.05.2025)

Cristiano e Lula Côrtes: poesia plástica

Lula Côrtes e Cristiano Jerônimo pintando a poesia Cristiano Jerônimo é poeta, compositor e jornalista   No aniversário de cinco anos do Flo...