sábado, 26 de janeiro de 2019

China Exú



Pupilas de vinil brilham ensanguentadas na Av. Atlântica
E o corpo de uma Chinesa Videomaker
Jaz espatifado em frente ao Othon Palace
Todos os DJ's, todos os jornais locais
Todos os plantões policiais noticiam que...
Pupilas de vinil brilham ensanguentadas na...
São 2:45 da manhã, mas tudo começou às 23:45
Naquele edifício abandonado, de frente para Av. Atlântica
Entre a Prado Jr. e a Princesa Isabel

Onde funciona o...
Gueto Hong Kong, Boate Gueto Hong Kong
Uma Chinesa Videomaker supervisiona sua boate pornô
A única com garçonetes da dinastia Ming em topless
Eu digo, Ming em topless
Ela atravessa a multidão e dança de frente pruma imensa vitrine
Lotada de casais trepando, iluminados por slides da "Escrava Isaura"
Tudo em ordem...
Meia-noite. A Chinesa para de supervisionar
Sua boate pornô
Resolve dedicar-se ao seu passatempo mais feroz.
Ela quer capturar pessoas pela noite de Copacabana
Ela quer chupar o sexo dessas pessoas
Ela quer massacrar os olhos delas com incessantes imagens
De telejornais
Ela entra na sua limusine prateada forrada com pentelhos de pin ups
E pega a Av. Atlântica em alta velocidade.

0:15.

Ela chega na esquina de Siqueira Campos com Atlântica
E joga um cabeção sonífero na cara de um rapaz
Que cai estatelado
Coloca o rapaz dentro de sua limusine prateada
Pega um retorno na Siqueira Campos
E parte em alta velocidade na direção do Leme

0:30.

Ela passa em frente ao Meridian

0:35.

Ela chega nos subterrâneos de uma garagem na Gustavo Sampaio

0:40.

Ela coloca o rapaz no centro de um telão de 360°
Com os olhos esbugalhados por grampos especiais

0:45.

Ela liga o telão e os olhos do rapaz
Começam a ser massacrados
Por incessantes imagens de telejornais

0:50.

Ela começa a chupar o rapazEla chupa o rapaz massacrado
Por telejornais, ela chupa
Ela chupa, ela chupa!!!

1:15.

E agora, entre uma chupada e outra
A Chinesa diz algumas coisas para o rapaz
"Aí, rapaz. Eu dediquei toda a minha vida ao mundo
Das imagens artificiais
Das telinhas, dos telões
gamei nos comerciais mais lisérgicos
Aos mais belos bombardeios aéreos
Por isso eu te digo, rapaz
Que pra cada beijo e facada
Existe uma coisa pesquisada
E o mais vagabundo ferro de passar
Tem a ver com uma pesquisa militar
Quantas vezes o mundo é catalogado
Registrado eletronicamente
Todos os dias?
Por isso eu te digo, rapaz
Que diante das imagens é preciso ter...
e relaxar a razão de todas as coisas!"
Sexuais imagens de telejornais
Internacionais imagens de telejornais
Policiais imagens de telejornais
Espaciais imagens de telejornais

1:45.

Sexo chupado, olhos massacrados
O rapaz é deixado, abandonado pela Vídeo-exú
Numa encruzilhada do Leme
E a Vídeo-exu resolve dar uma voltinha até o Othon Palace
Atravessando as multidões que saem
Das sessões de meia-noite de Copacabana
Duas horas da manhã!
Ela atravessa as multidões cinematográficas
Do Cinema 1
Do Ricamar
Do Jóia, do Bruni, do Condor
Do Art-Palácio
Do Copacabana
Do Roxy!!
E o que ela vê na madrugada da Xavier?
Ela vê na madrugada da Xavier da Silveira
Na vitrine de uma loja de artigos esportivos Adidas
Um telão passando ininterruptos saques
De Martina Navratilova e Gabrielle Sabatini
Hipnotizada por um "saque-Sabatini", ela nem percebe a aproximação
Das famosas menininhas "Neo-Madonnas" com seu novo visual
Cabelo Curto, louro platinado
Vestido de couro azulado
Discretos crucifixos
Lasers camuflados
Quando a Mandarim Pornô se toca
Já tá cercada pela Neo-Madonnas que perguntam ironicamente:
Surprise, Shangai?

2:35.

As Neo-Madonnas levam pro alto do Othon Palace
A Chinesa Videomaker

2:44.

As Neo-Madonnas vão jogar
Vão jogar
E vai cair e vão jogar
Caiu!
Bateu com a boquinha no 10° andar
Bateu com os peitinhos no 8° andar
China-Exú, Like a Virgin
China-Exú, Holiday
China-Exú, Lucky Star
China-Exú, Material Girl
China-Exú, Papa don't Preach
China-Exú, True Blue
China-Exú, Get in to the Groove
China-Exú
"Now I know you're mine!"

5° andar
3° andar
2° andar
1° andar

China-Exú!

(FF)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Cidades iluminadas & filmes em cartaz



E se você não é, seja.
Levante os ombros
Pra que tudo você veja
Deixe para trás os escombros
Pois a verdade sempre lateja.

Pense e crie. Bole e faça
Gira tua roda pouco voraz
Não fortuna no céu, em verdade
Não essa que acaba com o coração
De quem não quer saber da situação.

A vereda que tem luz
não tem máculas
Há uma força que conduz
E os homens se viciam
num fascínio por máquinas
Desumanas e de miséria
Tarja preta, uísque e caixa 2
E isso eles resolvem depois.

Cada vez terminando mais só
Vire o caminho, desate esse nó
Cuidado com quem tem avareza
sem partes doadas a muitas mesas
E as cidades brilhando sempre mais
Com mais luminosos e filmes em cartaz.




(Cristiano Jerônimo – 25012019)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Gira e mói, que a roda anda



Eles nem se conhecem
ao menos sabem ao certo
que nada foi descoberto
sei que é isso que acontece
quando as pessoas crescem
e não conseguem caminho,
rumo, timo necessário à vida.

Na estrada mais comprida
e no atalho que não vai dar
aposta a sua alma e a vida
incerteza de que vai mudar
da terapia de saber viver
sair do casulo que é eterno
saber lidar com o moderno
com a vida, para se organizar.

Parados no tempo sem dó
queixando-se que andam sós
os vazios são preenchidos
os alados são no céu vistos
os que não voam padecem
e a insegurança vai e cresce
preenchem-se todos os vazios
mas vazios não são preenchíveis
nunca o vazio vai fechar, nem o riso.
o parecer do melhor especialista,
para cada buraco que tapamos
outros dois aparecem no lugar.

                                                        Bicicleta é uma engrenagem fria
que esquenta quando gira e mói
a saudade traiçoeira sempre dói
temos que ser intensos a cada dia da inércia vivem os objetos parados águas empoçadas que criam lodo esverdeado;
diferente da água corrente lá do riacho.

Eles nem se conhecem
sequer sabem ao certo
de que nada fora descoberto
isso é coisa que acontece
quando as pessoas crescem
e não conseguem caminho,
rumo, timo necessário à vida.
ser feliz não é ficar alheio
queijo suíço tem buraco até cheio.
se não plantar, não há colheita
se não se impuser, ninguém respeita.

(estes são tempos de trabalho
de base e organizações sociais
mas parece que estamos parados
e o povo se cansou de lutar...
mal do comandante militar.
Mas a cultura é uma arma
de revolução em massa.
quente!
Que dá medo e ameaça
a todos eles, poderosos,
‘donos’ do nosso pib).
_________________________

Sentar num banco de praça
Sem sentir nenhuma ameaça
Que o melhor vem e atrai o bem
Sem ver a quem e a indulgência
Sem discriminar a seu ninguém.




(Cristiano Jerônimo – 24012019)
CDU | Recife | PE | Brazil

Por trás da pintura



Você pinta o mundo de feliz e de perfeito,
Mas, por trás do pincel, carrega dor no peito.

Todos os arquivos de Dadá e Corisco



Não sou eu
Quem escreve
Estas coisas à toa.

São colaboradores
Mensageiros do tempo
Que, se não cura, apura
E se depura com o vento.

Não tenho mais nada com isso
Maria dizia: - “Faça-se a letra!”,
Dancem como Corisco e Dadá
E nunca não se preocupem em brilhar.

Cantem suas músicas e dancem
(O dono é o autor; você é o ator).

Tudo o que não te pertence 
Nada do que te fascina
Só o rebolado da menina
E outras coisas que não sei.

Não sou eu e nem é você
O personagem em voga
Quando o juiz veste a toga
E alguma coisa acontece.

Pelo menos um encrostou 
Para outro deu tudo certo
Outro bocado deu errado
Mas o aprendiz está aberto.

Só que não sou mesmo eu
Quem escreve estas linhas
Que a justiça não se alinha
                                                          Grana roubada vai, caminha.



 (Cristiano Jerônimo – 24.01.2019)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Arrogância de direita e de esquerda



Arrogância de direita
Esquerda de arrogância
Prepotência de esquerda
E a direita com sua ânsia.

Fruto podre não alimenta
O homem anda para trás
Segue rindo da sua tormenta
E não sabe o que é a cor lilás.

Fascismo de direita
Fascismo de esquerda
Pragmatismo e dor
Em nome de um ‘amor’.

Frutos e datas vencidas
Deixam muitos sem comida
Neste nosso desperdício
Com o país no precipício.
 _____________   ___________

Penso em todas as formas de voar
E sair um bom tempo deste lugar.
Não é fuga. É querer viver um pouco,
Querer sair da crise deste vil sufoco.

Pegar uma asa, sair de casa,
Pegar a outra asa e subir...
Ao lugar mais alto que chegar
Voalada pelas estradas do céu
E as incertezas deste novo lugar.

(O mesmo óleo queima em toda chaminé)


(Cristiano Jerônimo – 23.01.2019)

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Coragem é a capacidade de assumir nossos erros


E quem sou eu para julgar?



A feminista de moda
era, na verdade, machista
e dizia-se uma feminista.

Mas não rachava um bombom.
o tom é que homem que paga
é bom. Impassível e fora do tom.

O batom é tudo de bom
seja ele preto ou marrom
muda na velocidade do som.

o namorado é dominado
e ela depende do coitado
Que já foi notificado...

A feminista que não vê direitos;
A mulher que não se emancipou
Para não depender de homens.

Não se trata de “ser alguém”...
Mas a outra foi bem mais além
Casou aos trinta e cinco
E não depende de ninguém.

Dirige, trabalha, pensa em voar
Não precisa de homens para viver
Une-se a eles para o seu amar
Filhos, estrutura, segurança,
Tudo aquilo que precisamos dar.

Mas a feminista de moda
Era, na verdade, machista
Ainda dizia-se uma ativista.
E quem sou eu para julgar?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Guias dos rebentos (sem reclamar)



Rebentos,
Amor primordial
Drusas e ventos
Deuses e Deusas
Os afastem do mal

Rebentos,
Nossos guias
de pensamento
Nossas privações
Pelo amor maior
Das nossas vibrações
Implantadas em corações.

Rebentos,
São os netos da vovó que era mamãe
Da honra de um avô como meu pai
Sangue vermelho da seca do sertão
Eles até se pareciam há muito tempo
Como beatos dos filhos que crescem
A devoção eterna aos seus rebentos.

Rebentos,
Pertencem, com certeza, ao amanhã
Que não é nosso, que de nada duvidar
Entrelaçado em fúria espúria e vitoriosa
Há tudo o que nós não podemos mudar
E os laços eternos a se perpetuarem
Em cada olhar de amor ao próximo seu
Saber que, na verdade, nada disso é teu
A sabiá vai voltar com o pombo correio
Porque, se é pra fazer, seja sem reclamar.





(Cristiano Jerônimo°)

Ela dança de chita azul (terra nua)


Maria’s dos Sertões,
Das flores de Alcânfora
Eu babo nos teus beijos
Teus olhares me encantam
Nado todo em fartas ancas.

Enquanto elas dançam
E me encantam, eu vou.
Como as crianças caem
Mas se levantam e vão,
Entrego logo o coração.

Na altitude dos brejos
Nos baixios e aquíferos
Que alimentam a alma
Do nosso ser e espírito
A energia, o sol quente
(do sertão...).

O mar gelado da cara da capital
Forno quente que pressente
Ávida hora exata de te assar
Momento exato de ressuscitar
Como se faz a cada dia, todos.

Nas horas que não tem nenhum
Movimento que nos faça + feliz
Um banho frio, uma reza, incenso
Uma reflexão, sal grosso, cristal...
E saber que a cada dia basta o mal.

Dos sertões! Maria, Maria...
Das lindas cores das orquídeas
Com as terras de brejos e de altitude
O que melhora nossa vida é atitude
Nós todos morremos aos beijos
Coloridos vestidos de chita azul
E a completude dos nossos desejos.

Coloridos olhos pensantes e fechados
Com a chave no bolso e os cadeados...
Uma cópia para cada, e o olho da rua
O fonema mais ouvido por estas bandas
Quando chega na beira do rio se encanta
A vida se ergue em cima de uma terra nua.



(Cristiano Jerônimo – 21.01.2019)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...