sexta-feira, 2 de julho de 2021

Enigmas do universo



A planta baixa do mundo

está nas mãos de Deus

Se quiser localizá-la,

junte-se aos seus.

 

O mapa do labirinto

também está com Deus

Para trancar o Minotauro

numa cela do infinito.

 

O manual de instruções

É inexistente, Deus não deu

Alguns dizem que têm

Talvez sejam iguais ao seu.

 

Aqui, dentro do meu cérebro,

De onde saem os meus cabelos

Quando fecho os olhos fico cego

Me identifico olhando no espelho.

 

O número de estrelas nas galáxias

Só quem sabe e acessa é Deus

E nós ainda queremos controlar

Os nossos filhos na terra e nos céus.

 

A senha do wi fi do universo

Só quem tem é o dono

Por mais sagazes e espertos

Nós somos como somos.

 

A humanidade desumana

desumaniza os novos desumanizados,

Humanizados investem tempo

Para ouvir um irmão

E cumprir sua missão.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 02072021)

Farinhada


Coloca o beiju na massa,

Que nós vamos subir a serra

São quatro dias de farinhada

Rapando e moendo mandioca

Rochedos laranjas ao redor

Enquanto a goma decanta fina

A farinha queimada e mexida

Com gosto de goma e nata

O coco que minha avó me deu

Colocando a lenha no forno

A bolandeira e a maniçoba

Os homens cantam samba de coco

As mulheres rezam suas ladainhas

Todas as redes para dormirem

Eu que era apenas uma criança

Vi o moinho do vento girar no ar

A farinhada também tinha cantoria

Enquanto todos trabalhavam

Coloquei muita lenha para queimar

Farinha, na chapada de uma serra

Fria, de uma vegetação mais densa

Verde vivo sobre o bioma caatinga

Os brejos de altitude estão em nós

Quando acabaram com a farinhada

Junto com isso uma grande tradição

Sambada de preto e coco do sertão

Desafio de viola travado em versos

Sob os motes mais tensos e adversos

Sempre lembrando do fim de coisas

Prensa de sacos de farinha molhados

Pra não falar do engenho de cana

Onde a cooperação humana

Fazia todo mundo ganhar.

Eu era apenas um menino

Germinado naquele sertão de sol.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 02072021 – Taubaté – SP)

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Repente de batuque

 


É no baque da virada

Capoeira envenenada

Dança pesada, pensada.

Que não para de sambar.

Êh! Sambar.

 

É no ritmo dos afoxés

Dançando com os pés

A pipoca estralando

E todo mundo frevando.

Êh! Frevar.

 

Caboclinho 7 flechas

No ritmo de compromisso

Caboclo apara arestas

Salva a nós do precipício.

Êh! Voar. Evoé!

 

Bumba-meu-boi perdido

Como muitos corações

A nossa imensa paixão

Bem depois do Carnaval.

Êh! Silenciar.

 

Sem quarta-feira de cinzas

Não há nada queimando

Vamos juntos sambando

Com o grupo dos coringas.

Êh! Só fantasiar.

 

Todo ano tem uma festa

Que se chama carnaval

Até chegar ao ano novo

Passado o tempo do Natal.

Êh! Pra festejar.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 01072021)

Rosa dos ventos



O frio de repente

Entra pela janela

De vidro transparente

Dá para ouvir o gelo

Sentir nas mãos e pés

A quebra das placas de água

Nadando no lago das sensações.

 

O vento de repente

Sopra ininterrupto

Constante e glacial

Sem exageros

Sobe e desce neblinas

Para brejos e colinas

Para todos os lados

Da rosa dos ventos.

 

A bússola invisível

Dos dias escuros

É a mesma guia

Das noites mais claras

Até deitar na proa

Olhar para estrelas

Que são tão raras

Na cidade do porto

Daquele rio morto

E dos rios vivos

Que ainda temos

Para contemplar.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 01072021)

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Chega a não crer



Nas condições

Nas quais

Encontrávamos-nos,

Encontramo-nos.

Sem ter nada de mais

Nem desencantos

No coração

O ar da lembrança

E a sensação.

 

Só saber retomar

Do ponto onde parou

Em todos os novos dias

O frio desce a serra

Bate no chão

E sopra no ar

Mensageiro

Vai lhe avisar.

 

O tempo

Corre a nosso favor

Mostra-se encantado

E é porque o amor

Tem esse poder

De tempo emancipado

Da palavra e da ação

Que temos no coração.

 

Deitamos

Dividimos

A mesma cama

Quem ama

Quem ama

Está tudo bacana

Quem chama

Evolui o enredo

Daquele que anda.


No belo bosque

Nas avenidas;

Onde tu estavas

Eu não podia

Ver..............

Nem adiantava

No tempo certo

É que realmente

A gente ia se ver

Custa até para crer.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 29062021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...