Coloca o beiju na massa,
Que nós
vamos subir a serra
São quatro
dias de farinhada
Rapando e
moendo mandioca
Rochedos
laranjas ao redor
Enquanto a
goma decanta fina
A farinha
queimada e mexida
Com gosto
de goma e nata
O coco que
minha avó me deu
Colocando
a lenha no forno
A bolandeira
e a maniçoba
Os homens
cantam samba de coco
As
mulheres rezam suas ladainhas
Todas as redes
para dormirem
Eu que era
apenas uma criança
Vi o
moinho do vento girar no ar
A farinhada
também tinha cantoria
Enquanto
todos trabalhavam
Coloquei
muita lenha para queimar
Farinha,
na chapada de uma serra
Fria, de
uma vegetação mais densa
Verde vivo
sobre o bioma caatinga
Os brejos
de altitude estão em nós
Quando acabaram
com a farinhada
Junto com
isso uma grande tradição
Sambada de
preto e coco do sertão
Desafio de
viola travado em versos
Sob os
motes mais tensos e adversos
Sempre lembrando
do fim de coisas
Prensa de
sacos de farinha molhados
Pra não
falar do engenho de cana
Onde a
cooperação humana
Fazia todo
mundo ganhar.
Eu era
apenas um menino
Germinado naquele
sertão de sol.
(Cristiano Jerônimo –
02072021 – Taubaté – SP)
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