sábado, 25 de novembro de 2023

As fases de Heterius Simiuns


Ele era apenas um garoto querendo saber

Dos auspícios e do sentido em seu viver...

A sua precisa latitude, longitude no cosmo

O macro e o microscópico coração humano.

 

Um rapaz trilhando os primeiros passos

A vida crescendo com toda maturidade

Olha a vida do alto com os altos e baixos

Leva para a casa o ouro do seu sustento.

 

Já homem, teve que aprender de novo

Eram duas estradas e um trajeto apenas

Apostou no mais justo para o povo

Escreveu como se escreve em Atenas.

 

Uma figura idosa com o cérebro bom

Mapeado em ressonância recente

Arrisca estar num paraíso secreto

Mantando as ideias firmes na mente.

 

Já findo, traz várias vagas lembranças

Dizeres, saberes, eternas esperanças

Como os homens vestidos de crianças;

Aquelas que estão dentro de cada um.

 

 

(Cristiano Jerônimo Valeriano – 25/11/2023)

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

As pratas do açude - Séculos XVI e XXI


(Ficção)

Branca Dias busca na noite preencher o vazio

Nas noites chuvosas passa chuva e passa frio

Procura um estado que voou no espaço vácuo

Às vezes cava e procura o seu próprio buraco.

 

Pelas noites, cais do porto, a ilha de ninguém

Senta-se no Scotch Bar esperando alguém

Que está no píer, do outro lado do porto

No braço antigo do nosso rio agora morto.

 

Pontais privatizados e praias particulares

Impedem a passagem do cortejo de iemanjá

Aterro e motoserra em todos os lugares

Piche para lacrar a terra e nunca mais voltar.

 

Pedras por cima de pedras, cordilheiras

Dentro de um prédio desabado na poeira

Resgatada sã pelas tropas holandesas

Condenada pela alta corte portuguesa.

 

Antes de ir para Porto queimar na fogueira

Considerada judaica com a sua prataria

Jogou-se num açude de mata atlântica

As águas agora são cor de prata cristalina.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 24112023)

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Das diferenças iguais



TOMO I

 

Ela gosta de rock

E eu de pagode

Eu fico na minha

Ela vai e sacode

Acorda cedinho

Acordo de bode

Será que pode?

Ela gosta da sombra

Eu fico no sol

Ela se cobre de frio

Eu descubro o lençol.

 

TOMO II

 

Anda de botina em Irajá

Abala a Frei Caneca

Gosta de sempre desfilar

De arrumar-se uma boneca

Desfilar o curativo escondido

O rock correndo na avenida

O xote e chão de barro batido

Todas se misturam em profusão

Mexem tudo dentro do caldeirão

Cozinham sopa de letrinhas azuis

Escutando o melhor do blues

Vivendo no fundo do mar turbilhão.

 

TOMO III

 

Ele fala de uma vasta mitologia

Ensinamentos mais antigos

Trata de amigos e inimigos

Das qualidades e cruezas do ser

Da confiança e da traição

Do poder da mente e do coração

Nas fileiras, um a um no sol

As asas de cera que derreteram

Afrodite e a paternidade de Zeus

Onde os caídos se meteram

E terminaram juntos e sós.

 

TOMO IV

 

Chiclete de melão e de banana

Refrigerante sem suco natural

O sabor da doce futa pinha

Cuscuz com cozido de galinha

Uma mesa de dois lados

Uns comendo calados

Outros falando mal

De um canto para o outro

Nada parece tão normal

Quando canta o bacurau

Que assusta na estrada

Olha-se para o céu estrelado

Acha-se o astro do amor guardado.

 

 

(Cristiano Jerônimo Valeriano -23112023)

 

 

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...