(Ficção)
Branca Dias busca na noite
preencher o vazio
Nas noites chuvosas passa
chuva e passa frio
Procura um estado que voou
no espaço vácuo
Às vezes cava e procura o
seu próprio buraco.
Pelas noites, cais do porto,
a ilha de ninguém
Senta-se no Scotch Bar esperando
alguém
Que está no píer, do outro
lado do porto
No braço antigo do nosso
rio agora morto.
Pontais privatizados e
praias particulares
Impedem a passagem do
cortejo de iemanjá
Aterro e motoserra em
todos os lugares
Piche para lacrar a terra
e nunca mais voltar.
Pedras por cima de pedras,
cordilheiras
Dentro de um prédio
desabado na poeira
Resgatada sã pelas tropas
holandesas
Condenada pela alta corte
portuguesa.
Antes de ir para Porto
queimar na fogueira
Considerada judaica com a
sua prataria
Jogou-se num açude de mata
atlântica
As águas agora são cor de
prata cristalina.
(Cristiano Jerônimo – 24112023)
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