sexta-feira, 24 de novembro de 2023

As pratas do açude - Séculos XVI e XXI


(Ficção)

Branca Dias busca na noite preencher o vazio

Nas noites chuvosas passa chuva e passa frio

Procura um estado que voou no espaço vácuo

Às vezes cava e procura o seu próprio buraco.

 

Pelas noites, cais do porto, a ilha de ninguém

Senta-se no Scotch Bar esperando alguém

Que está no píer, do outro lado do porto

No braço antigo do nosso rio agora morto.

 

Pontais privatizados e praias particulares

Impedem a passagem do cortejo de iemanjá

Aterro e motoserra em todos os lugares

Piche para lacrar a terra e nunca mais voltar.

 

Pedras por cima de pedras, cordilheiras

Dentro de um prédio desabado na poeira

Resgatada sã pelas tropas holandesas

Condenada pela alta corte portuguesa.

 

Antes de ir para Porto queimar na fogueira

Considerada judaica com a sua prataria

Jogou-se num açude de mata atlântica

As águas agora são cor de prata cristalina.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 24112023)

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