sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Aguerridas e bélicas



Venha entrar
Na minha música.
Venha provar
Da minha poesia,
Para ver o novo dia.

Vamos dar as mãos
Como crianças
Rodar e dançar ciranda
Aterrando energia pelo chão.
Fazendo circular nossa paixão.

Vem entrar bem devagarzinho,
Sem muito barulho pra não assustar.
Sou a fera mais aguerrida e bélica;
Sou também bela pintura de aquarela;
Às vezes até uma joia feita de pedra...

Vamos correr juntos na Jaqueira,
Caminhar no calçadão de Boa Viagem,
Explorar o Recife Antigo, e deixar...
Deixar para se dedicar na outra semana
A Olinda. Ela merece a nossa reverência.
Berço da cultura, luta e efervescência.



(Cristiano Jerônimo – 24.11.2017)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

O meio é produto do homem e a essência muda a existência

O meio é produto do homem e a essência muda a existência

Cristiano Jerônimo*

O ser humano não teria sobrevivido a milhões de situações caóticas e devastadoras que assolaram e ainda acometem a terra de forma funesta, se não soubesse que não poderia mesmo ser um produto do meio. Foi preciso reagir a inúmeros predadores, acidentes geográficos, intempéries e uma gama de situações caracterizadoras de risco de morte iminente. Com uma expectativa de vida na média de menos de 20 anos, naquela época, perceberam que juntos era melhor do que separados. O instinto de sobrevivência humana é um dos maiores do reino animal e quando se vê acuado, busca forças onde não tem, ou para fugir ou para enfrentar. Andando em bandos, os hominídeos começaram a se agrupar e a história todos conhecemos: passamos a viver cada vez mais em sociedade, tendentes a homogeneizar o pensamento, mas cada criatura sendo uma peça da engrenagem que gira o papel do dinheiro do capitalismo, expresso na Constituição Federal de 1988: “O Brasil é um país capitalista”. Agora está consolidada a ditadura da escravidão do consumo e das aparências. Do poder ter e não puder. Assim, o homem conseguiu e consegue comprovar que, ao invés de ser produto do meio, na verdade é ele quem o transforma o ambiente para se adaptar às suas circunstâncias e necessidades.

Isso talvez explique a resignação e, ao mesmo tempo a indignação, do homem do campo do Nordeste, que sofre a seca que castiga, mas não está parado nem em depressão. E explique, ainda, que as crianças há 30 anos vendam pipocas baratas nos sinais do calabouço citadino. E dê sentido ao instinto de sobrevivência aguçada, assim para se “prevenir” com grandes barragens, as hidroelétricas e até corridas espaciais inimagináveis. Entendendo também que o tal humano modifica seu meio, por exemplo, devastando a Amazônia, pintando e bordando com o planeta.

O filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre afirma que “é fato que nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, construído a partir de suas
relações sociais” e completa: “O homem é historicamente determinado pelas condições, responsável por todos os seus atos por ser livre para escolher”. Contudo, sob a ótica existencialista de que “a existência precede a essência”, podemos perceber um pequeno equívoco, porque, depois de existir, e formar uma essência, os fatos mostram que o ser humano é capaz de construir uma ponte Rio-Niterói, no mar, para facilitar o tráfego dos veículos; destruir milhares de árvores para fazer dormentes, que – Segundo o Aurélio –, “é uma peça, em geral de madeira, em que se assentam e fixam os trilhos das estradas de ferro para por os trilhos para o trem passar”. Já concordei por muito tempo e agora, de forma pessoal, discordo de Sartre, porque por mais que “a existência preceda a essência”, esta mesma essência poderá modificar a existência, íntima e geograficamente falando.

* Cristiano Jerônimo é poeta e jornalista


No Brasil

  A palavra que nos deram foi silenciosa O vento soprou na saia do pensamento A lua da noite e do dia surgiu e encantou A engrenagem...