quinta-feira, 20 de abril de 2017

Um cangaço de afeto


Sede na subida da serra,
Água de cabaça pra beber.
E a capemba do caldeirão
Vem do pé de coco catolé.

Esses brejos de altitudes...
Deviam descer pra caatinga.
Esses brejos de altitudes...
Frios, mata densa no sertão.

Olhos d’agua na estrada
Grota com água corrente
Mentira que era rachado
E seco que só televisão.

É tão curta essa distância
Que a gente anda calado.
Aprendemos na infância
a nunca ficar de dois lados.

Esses brejos de altitude...
Deviam descer pra caatinga.
Esses brejos de altitude...
Frios, a riqueza do sertão.



(Cristiano Jerônimo)

terça-feira, 18 de abril de 2017

Não sobra nada

Para o crime, usam balas
Para o jogo, vivem blefes
E toda vez que a gente cala,
O baú é assaltado pelos chefes.

Para a revolta, cassetetes e gás.
Sem saber que somos todos iguais;
E, para ser bem quisto lá em cima,
Só precisa mudar o enredo da rima.

Mas são versos caticocos demais
Para serem reais e dizerem o real.
As palavras bombardeiam ao lado,
No escrito, no que é visto e falado.

A manipulação das boas notícias velhas;
As novas ainda virão. Estão guardadas.
Para o dia em que Comissão da Verdade
Resolva descobrir porque não sobra nada.




(Cristiano Jerônimo)

No Brasil

  A palavra que nos deram foi silenciosa O vento soprou na saia do pensamento A lua da noite e do dia surgiu e encantou A engrenagem...