sábado, 8 de novembro de 2025

Garota triste



Mas ainda deu pra ver a lua laranja subindo ao céu

Deu para ficar agitada na ilusão daquele mero papel

A euforia escondia o tédio da menina fria e as ilusões

Ressacas calculadas de uma moça mimada dormidas.

Tudo o que Cíntia não queria era mexer no coração

Sua pulsão de morte flertava com a sorte que se tinha

Agora sabia que, depois de livro, viraria roteiro e filme

De cinema eloquente, pela autenticidade com a qual ria.

E já não sabia da importância e da cor que nela havia

Ela gozava de alegria ilusória quando o ziplock se abria

Nos copos dos bares onde a noite gritava e se esvaía

Para depois sentar nos sofás das salas de psiquiatria

Onde aprendia que, antes das fugas, algo lhe prendia

O problema não era a droga, mas aquilo o que sentia

Dos seus 25 anos, já havia vivido mais que cinquenta

Os dias se arrastavam e só passavam lá ao fim do dia

Com a dose de qualquer coisa com sua louca rebeldia;

Ela agora anda de mãos dadas e feliz consigo mesma

Transformando toda sua angústia em refinada poesia

Dando passos na medida em que seu mundo aguenta

Vivendo de uma vez, dia a cada dia, ela se reinventa

Ontem mesmo, à noite, eu a vi e até sorrir, ela sorria.

 

 (Cristiano Jerônimo – 07.11.2025)

domingo, 2 de novembro de 2025

Beijá-la em paz

Intérpretre da Imperatriz Maria Lelpoldina, esposa de D. Pedro I, pricipe regente

Eu sempre insisto em beijá-la gelada

No passo calçado e de cor laranjada

Como um banco estivesse corroendo

Poucas pessoas podem ser limonada.

 

Ser refrigerante. Gelar no peito e tal

Preciso mesmo é comemorar o mais

Amenizar o menos, o controle social

Um estado de alerta e uma tal de paz.

 

Canhões varando o dia sem progresso

Madrugadas revividas em complexos

Vítimas da falta ou do excesso do mal

Mortes comemoradas como o sucesso.

 

Eu sempre insistia em sentar na água

Molhar o meu cabelo e depois dormir

A rede batizada com o cheiro do vento

Do mar oceânico a jangada já ia partir.

 

A crença de Thomas More em Utopia

“Dos magistrados, da arte e de ofícios”

Quase nunca sonhamos com os ideais

Cada vez menos nos mobilizamos a “fins”.

 

Não sou chegado aos expertos; só longe

Em pegar o teu sexo que lambe e lambe

Hora em que qualquer sino possa tocar

Se um dia acontecer de beijá-la em paz.

 

 (Cristiano Jerônimo – 02.11.2025 – Recife, PE)

Coma a existência sem farinha

É da necessidade que prosperam as pessoas; Se não buscam saídas, nem clima nem nada, Criaturas ficam atrás porque ficam paradas Outr...