A solidão dos poetas no metaverso
É infinitamente maior do que aqui
Embora a capilaridade tenha nexo
E eu possa estar aqui com você aí,
Bem longe dos carnavais de saudade
Recitar um soneto azul como Carlos.
O metaverso não comporta a poesia
Declamada, desafiadora e popular.
Brinquedos de literatura de cordel
Rodas de cantos para cirandarmos
Tribos de índios policrômicos vão
A paleta de cores do maracatu rural.
A batida rítmica do baque virando
Um samba de coco de roda girando
Uma avenida de barro no canavial
Um desfile sagrado de evoluções
As lanças furando o mal da cidade
Afoxés sagrados e as religiosidades.
Tambores que silenciam aos orixás
Pátio de São Pedro, Pátio do Terço
Largo de Santa Cruz e Imbiribeira
Bloco em Casa forte, na Tamarineira
Olinda junta tudo isso com bonecos
A imaginação sem limites e gigante.
Troças, blocos, clubes e mamulengos
Flabelos, estandartes e o saudosismo
O samba é de enredo, canção e coco
Pode pegar para ver se é mesmo oco
No éter do carnaval ninguém reclama
Todo mundo pensa no maravilhoso
Solto para virar os três dias de momo.
Oxalá!
(Cristiano Jerônimo – 05062022)