quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Sais de sinos



Os sinos badalaram na ilha

Os meninos como eu

começaram a cantar

As pedras deitaram no som

As baleias e as sereias

não quiseram ficar

Em terra, as corujas

escureceram os céus

e a areia seca da praia

guardou as pessoas de lá

Os sinos de sais na beira mar

eram os sinais de mágoa a se afogar

O tempo sempre inventava o perdão

O coração matava o ódio com amor

A dor não alimentava a vingança

Nada contaminava nossas crianças

Que, adultas, iriam curar a sua dor.

 

(Cristiano Jerônimo – 24.092025)

Aguardente de rum



Dos anjos mórbidos, dos querubins e dos aléns

Dos fantasmas que habitavam os velhos trens

Eu me desiludi e busquei a quebra dos trilhos

Eu vi a morte vestida de vermelhos espartilhos

Senti a espada da iniquidade chamando pra dançar

Com cadáveres falidos numa procissão de mortos

Com seu fúnebre navio ancorado em outros portos

Nadando nas negras escrituras dos piratas medievais

Eles não ocupavam os cemitérios contidos no planeta

Não deixavam rastros nem depois de sangrarem a sós

Porque as embarcações sombrias navegam à noite

E se camuflavam de aguardente de rum durante o dia.

 


(Cristiano Jerônimo) – 24.09.2025

Sais de sinos

Os sinos badalaram na ilha Os meninos como eu começaram a cantar As pedras deitaram no som As baleias e as sereias não quiseram fi...