Das caçadas longas

O alimento da alma é a oração e o amor

O que nutre uniões é lubrificar o motor

Bomba amada que pulsa para sempre

Não perece que fomos mesmo a gente

Não haveria nem como explicar a dor

De ir se perdendo no infinito do caos

Sempre colocando o bem ante o mal

A aliança já foi quebrada no varal

Junto com jóias polidas de metal

Mas, eu sei que isso faz parte da vida

O fato improvável é o fato previsível

Das caçadas longas, muitos arranhões

Hoje, o nosso ataque pode ser amor

Daqueles que sublimam o passado

Nos levam a voar alto como o condor.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 22.04.2023)

Tantas linhas...

Quando penso num lado ruim

Lembro logo do que foi bom...

Das lições que tirei na estrada

A voz que se calou o seu som

Não tinha nada e tinha muito

Tratava de todos os assuntos

Que lhe movessem o coração

Era rispidamente uma paixão

Tão amena, mansa, turbulenta

O sufocamento de uma união

Abala todo um pilar futuro

Resta-nos a distância do muro

Estradas e vôos recorrentes

Para tentar plantar sementes

Um dia nunca mais se afobar

Nadar a favor da correnteza

Contra também num desafio

Rio seca quando a maré baixa

No refluxo volta a ficar cheia

Os galhos quebram por rigidez

Quando a neve cai insistente

A folha se livra do peso do gelo

Quando, flexível, deixa-o cair

Volta para o seu mesmo lugar

A distância de se decidir partir

É a mesma de seguir ou chegar

Não sejamos mais os mesmos

Amadureçamos dos conselhos

Coloquemos em prática a teoria

Busquemos segurança no Pai

Desarmemos nossos espíritos

Peçamos por nossos inimigos

Brinquemos de ser contínuos

Talvez mude tantos destinos

Talvez tudo possa se realizar

Fé de verdade, certeza do dia

Confiança nos anos desta vida

Para onde quer que a gente vá.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 20042023)

As Mulheres de Tejucupapo

Na W3 BSB, Copacabana

Atravessa a Paulista e anda

O amor e o desengano

Em Feira de Santana...

 

Na Barata Ribeiro, Leblon

Escutando o mesmo som

Da serra da Diamantina

Aumento de voz e de tom.

 

Na Avenida Boa Viagem

Alto da Sé, Mantiqueira

Queira ou não queira ser

Estarás sempre a reviver.

 

Na Conde da Boa Vista

Guararapes do Bar Savoy

O elevador do Mercado

Modelo, a Praia do Forte.

 

Lá estarás com teu conteúdo

Com teus sentimentos e emoções

O que se leva da vida é o amor a dar

Ponta Verde colorida toda a noite.

 

Avenida Carlos Schenneider

O Beco, Mercado do Cordeiro

Quando se fazia o todo inteiro

A curva começava a declinar.

 

Quanto mais se declarava

Mais a outra pessoa inflava

E quando falava ignorava

Como que se não acreditasse.

 

Diante de uma informação

Não focasse em aspectos negativos

Nossas próprias questões subjetivas

Não podem queimar o nosso coração.

 

Avenida Doutor Carneiro Vilela

Gilberto Freyte, Joaquim Nabuco

Frei Caneca e as Heroínas de Goiana

Desde quando a banana foi banana

Banana de dinamite explodiu os céus

Num espetáculo de luzes e de cores.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 19042023 – 30° graus)

Cataclismo da transformação

Vive sem ver uma esquina

Bebe seu perfume tropical

Dança de dia na central

Uma pessoa, uma menina

Toma cana e passaa mal

Pendurada pelo prumo

Uma hora vai se nivelar

Acorda sem hora do dia

Acredita em Jesus e Maria

Não se aguenta a gritaria

Desviada da vida e da morte

Jogada à sua própria sorte

Quando uma chuva arrasou

Ela não ficou para contar

Cataclismo Divino na terra

No céu, luzes coloridas

Pictóricas, pirotécnicas

Mostrando a vida bonita

Que está escondida

dentro de nós mesmos.

                                                              (Cristiano Jerônimo – 17042023 - Recife/PE)

Perfeição

Juntar lata d’água no barreiro

Feito sedento um carneiro

Sem medo de acabar

Lavar e estender a alma no varal

Adormecer na proa do barco

Sem sentir o céu mudar de cor

Sem sentir mesmo o seu amor

Ir em pensamento

Até a última partícula

Onde, para a luz primordial,

Viver bastaria por si só

Se aqui houvesse a perfeição.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 16042023)

Água que torna lama é lama que abriga a água

Tentando entender o que sinto

Sinto uma anestesia no amor...

 

Buscando visualizar a melhora

Lá onde é incerto e sem hora...

 

Procurando entender o motivo

Porque isso acontece, por quê?

 

O melhor lugar do mundo traz

Sua alma não lhe larga jamais...

 

Aonde você for, você vai atrás

Não há como partir, desatrelar.

 

Eu tenho sonho e pago promessa

Que nesta festa tudo vai melhorar.

 

El Niño está pronto para secar

Chupar até a água dos lençóis...

A força que vem do sertanejo

Faz da vida alegria se secar.

É tempo de apartar todo o gado

Vender barato o que custou caro.

 

Até o próximo inverno e pasto

O sertão é muito rico e é vasto.

 

Gotas d’água fazem brotar vida

Mesmo onde estava adormecida.

 

Água é o elemento que se necessita

O restante fica na mão do homem

E na fé no trabalho que vem de Deus.

 

 

 

                                      (Cristiano Jerônimo – 16.04.2023 – Mauritsstad)