sábado, 19 de fevereiro de 2022

Ardendo em chamas



Sonego fogo para não me queimar

Eu rego d’água as maravilhas

Que passam pelos trilhos

Que alimentam os nossos filhos

E que dá para parar e realinhar.

 

As estradas não são em linha reta

As aves, o ovo, o primeiro vôo

Não têm passagens secretas

Depois de voar, os passarinhos

Voam sozinhos para sempre;

Podem ser enganados pela serpente.

 

Podem morar numa gaiola fechada

Sem saber que a sua estrada é o ar

Podem ser tratados com carinho

Mas sabem o que é para libertar;

O sabiá e o assum preto sofrem

O casaca de couro é puro ouro

Animais que não sabem se defender

Nunca vi ninguém pegar um tigre

Feroz pela serra para levar para casa.

Porque, aí, ninguém quer, né?...

 

 

(Cristiano Jerônimo – 19022022)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Esses salvadores da pátria



Essas ruas sem saídas

São ruas onde pisaram

A liquidez das índias

Das brancas ocidentais.

 

Esses seios sem leite

Essa cara só de nada

A dureza da estrada

Toda a sua situação.

 

Esses becos estreitos

Tem gente sobrando

Tem carros andando

Rios tristes nos leitos.

 

Esse medo de espelho

Esta aversão ao outro

Esse sangue vermelho

Essas latas de biscoito.

 

Essa ânsia no cerne

Não dá para relaxar,

As penas do ninho

Não são para voar.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 16022022)

 

 

 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

A era do plástico


O que mata circula

Ali no meio da rua

Como a vida indica

Sobreviver na lua.

 

Marés e rios, os tapumes

Óleo bruto nos arrecifes;

Tem pano, plástico, papelão

Tampas de garrafa pet rios.

 

No organismo vivo do mar

No céu que se expande

A cadeia alimentícia de lá

Está dando adeus às algas.

 

Deu na TV, tubarão na praia

Agora, ela não entra de saia

Na roda de samba do violão

Cantando até o sol sair, raiar.

 

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Um bando de ignóbeis

brincando de plásticos

Animais terrestres

Que são cáusticos.

 

Na aldeia, as partes

Da própria vida vã

De quem não sabe

Parar pra entender.

 

Na mortífera

Matança aquática

No mar, nos aquários

Refletem-se sanguinários

Estes tais seres humanos

Pensam que somos otários.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 14022022)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...